Nos dias de hoje o acesso à informação está a distância de um clique. Não interessa se você quer o resumo da novela ou uma atualização sobre a guerra da Rússia e Ucrânia. Você quer, você tem.
Contudo, além de ser necessário um filtro para conseguir diferenciar informações importantes e verdadeiras das já conhecidas fake news, é importante também saber o que buscar.
Sempre que nos preocupamos com o mundo, o ambiente e as pessoas ao nosso redor, com as relações que estabelecemos com estes, nós nos abrimos para aprender. Além disso, torna- se mais fácil reconhecer as falhas e os pontos em que são necessárias melhorias.
Ainda que tudo isso entre no parâmetro pessoal da nossa vida, a verdade é que hoje, ser um profissional antenado, vai muito além de saber novidades do seu setor. O profissional que o mercado quer é ciente e está em constante processo de aprendizado, com temas atuais e relevantes sempre na sua pauta.
Um desses temas é o racismo e a Consciência Negra. Temas que precisam de debates e ações durante todo o ano, e que ganham maior ênfase no mês de novembro, graças ao Dia da Consciência Negra.
Qual o significado do Dia da Consciência Negra?
Celebrado em 20 de novembro, o Dia da Consciência Negra foi criado em 2003, no âmbito dos calendários escolares. Apenas em 2011, com a Lei nº 12.519, é que a data ganhou amplitude nacional, tornando-se, inclusive, feriado em alguns estados.
O nome oficial da data é Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra. Foi escolhida em referência à data de morte de Zumbi dos Palmares, um dos maiores líderes negros do Brasil.
Assim, sua importância passa pelo reconhecimento dos descendentes africanos e da construção da sociedade brasileira. E, por isso, suscita debates sobre racismo, discriminação, igualdade social, inclusão dos negros na sociedade e também a cultura afro-brasileira.
Durante todo novembro, também conhecido como o Mês da Consciência Negra, esses temas entram em pauta através de palestras, debates e demais espaços de discussão.
Uma boa forma de aprender é procurar participar dos eventos da sua região e mesmo os que algumas empresas oferecem aos colaboradores.
10 filmes e livros para refletir sobre racismo e Consciência Negra
Ainda assim, sabemos que nem todas as empresas proporcionam esse tipo de espaço aos seus colaboradores, tanto quanto nem todos os lugares dispõem de calendários de eventos acessíveis.
Como dissemos, informar-se é necessário para sua construção enquanto pessoa-cidadão e também como profissional.
Aqui entra a importância do cinema e da literatura para levar conhecimento de maneira mais acessível a um público cada vez mais amplo. O que queremos dizer é, não existem desculpas para que você não encontre meios de aprender, refletir e colocar em prática ações antirracistas.
Inclusive, um tema dentro disso que precisa de atenção é o racismo reverso. Mas já adianto o rolê: ele não existe! E você pode entender melhor sobre ele lendo esse artigo do Profissas.
Trouxemos aqui uma lista com 5 filmes e 5 livros capazes de promover a reflexão sobre os temas do racismo e da Consciência Negra, confira a seguir:
5 filmes para refletir sobre racismo e Consciência Negra
Veja agora os 5 filmes que trazem histórias que abordam o racismo e a Consciência Negra:
12 anos de escravidão
O longa que nasceu clássico e garantiu a estatueta de Melhor Filme, é de 2013 e conta com direção de Steve McQueen.
Em 1841 Solomon Northuo é um negro livre, que vive com sua esposa e filhos. Mas, após aceitar um trabalho que o leva para outra cidade, ele é sequestrado e acorrentado para ser vendido como um escravo.
Assim, Solomon precisa superar humilhações físicas e emocionais e situações degradantes e desumanas para sobreviver.
O filme narra sua história a partir do sequestro, mostrando o que aconteceu durante os 12 anos nos quais ele foi escravizado. É bom preparar os lencinhos e o coração, essa é uma história forte, que retrata a realidade do povo negro que foi escravizado.
Disponível para assistir em: Star+
Eu não sou seu negro
O documentário de 2016 é narrado por Samuel L. Jackson e constrói uma reflexão sobre como é ser negro nos Estados Unidos.
Em 1979, James Baldwin iniciou seu último livro, “Remember This House”, relatando as vidas e assassinatos dos líderes ativistas que marcaram a história social e política americana: Medgar Evers, Malcolm X e Martin Luther King Jr.
Baldwin não foi capaz de completar o livro antes de sua morte, e o manuscrito inacabado foi confiado ao diretor Raoul Peck, que combinou esse material com um rico arquivo de imagens dos movimentos Direitos Civis e Black Power. Tudo isso conectando as lutas históricas por justiça e igualdade com os movimentos atuais que ainda clamam os mesmos direitos.
Disponível para assistir em: Globoplay e Prime Video
Selma: uma luta pela liberdade
O longa é de 2014, com direção de Ava DuVernay e narra a história da luta de Martin Luther King Jr para garantir o direito de voto dos afrodescendentes.
Essa é a campanha perigosa e aterrorizante que culminou na marcha épica de Selma a Montgomery, Alabama. Ela foi a responsável por estimular a opinião pública norte-americana e convencer o presidente Johnson a implementar a Lei dos Direitos de Voto em 1965.
Disponível para assistir em: Prime Video
A 13ª Emenda
O documentário de 2016 também é de direção de Ana DuVerney, como Selma: uma luta pela liberdade e ganhou o Oscar de Melhor Documentário de Longa-Metragem.
O documentário discute a décima terceira emenda à Constituição dos Estados Unidos, que dispõe:
“Não haverá, nos Estados Unidos ou em qualquer lugar sujeito a sua jurisdição, nem escravidão, nem trabalhos forçados, salvo como punição de um crime pelo qual o réu tenha sido devidamente condenado”.
A partir dessa ressalva, o longa aborda a brecha da lei acerca da manutenção dos trabalhos braçais após a abolição, por meio do encarceramento em massa. E, diante disso, as consequências existentes até hoje para a comunidade negra, tanto quanto na política de encarceramento dos EUA.
Disponível para assistir em: Netflix
Green Book: o Guia
De 2019, o longa ganhador do Oscar de Melhor Filme tem direção de Peter Farrely e foi baseado em uma história real.
Dr. Don Shirley é um pianista afro-americano de renome mundial, prestes a embarcar em uma turnê pelo sul dos Estados Unidos, em 1962.
Como precisa de um motorista e guarda-costas, Shirley recruta Tony Lip, um ítalo-americano fanfarrão do Bronx.
Apesar de suas diferenças, os dois homens desenvolvem uma ligação inesperada ao enfrentar o racismo e os perigos de uma era de segregação racial.
Disponível para assistir em: HBO Max
5 livros para refletir sobre racismo e Consciência Negra
Confira agora uma lista com 5 livros indispensáveis para reflexão e aprendizado acerca do racismo e da Consciência Negra:
Pequeno Manual Antirracista de Djamila Ribeiro
[Companhia das Letras | 2019]
Um manual prático e conciso, indispensável para qualquer pessoa, traz um ensaio da filósofa, professora e militante feminista e antirracista brasileira Djamila Ribeiro.
Na obra, a autora aborda temas como atualidade do racismo, negritude, branquitude, violência racial, cultura, desejos e afetos.
Em onze capítulos curtos e contundentes, a autora apresenta caminhos de reflexão para aqueles que queiram aprofundar sua percepção sobre discriminações racistas estruturais e assumir a responsabilidade pela transformação do estado das coisas.
Já há muitos anos se solidifica a percepção de que o racismo está arraigado em nossa sociedade, criando desigualdades e abismos sociais. Afinal, trata-se de um sistema de opressão que nega direitos, e não um simples ato de vontade de um sujeito.
Reconhecer as raízes e o impacto do racismo pode ser paralisante. Afinal, como enfrentar um monstro desse tamanho?
Djamila Ribeiro argumenta que a prática antirracista é urgente e se dá nas atitudes mais cotidianas. E mais ainda: é uma luta de todas e todos.
Uma história feita por mãos negras de Beatriz Nascimento
[Zahar | 2019]
O livro reúne alguns dos principais artigos, ensaios e resenhas escritos entre 1974-94 por Beatriz Nascimento, que foi historiadora, professora, roteirista, poeta e ativista brasileira.
Pensadora insurgente à frente de seu tempo, Beatriz Nascimento dedicou-se a resgatar a história do negro no Brasil.
Uma história negra, feita por pessoas negras, com o intuito de romper com quatro séculos de invisibilização numa sociedade da qual elas participaram em todos os níveis.
Com organização do antropólogo Alex Ratts, os 24 textos selecionados reafirmam os aspectos centrais de sua obra: as relações raciais e de gênero e as formulações sobre a contribuição do negro na construção da sociedade brasileira.
Além disso, destaca a recusa do discurso que reduz a problemática racial a uma questão econômica e social, sem uma compreensão existencial do indivíduo.
Sobretudo, há destaque para as pesquisas sobre os quilombos no Brasil, suas relações com a África e como se reconfiguraram para ser não apenas espaço de resistência, mas um sistema social alternativo.
Racismo Estrutural de Silvio Almeida
[Editora Jandaíra | 2019]
Nos anos 1970, Kwame Turu e Charles Hamilton, no livro “Black Power”, apresentaram pela primeira vez o conceito de racismo institucional.
Muito mais do que a ação de indivíduos com motivações pessoais, o racismo está infiltrado nas instituições e na cultura, gerando condições deficitárias a priori para boa parte da população.
É a partir desse conceito que o autor Silvio Almeida apresenta dados estatísticos e discute como o racismo está na estrutura social, política e econômica da sociedade brasileira.
Quarto de Despejo de Carolina Maria de Jesus
[Editora Ática | 2021]
O diário de Carolina Maria de Jesus relata o cotidiano triste e cruel de uma mulher que sobrevive como catadora de papel e faz de tudo para espantar a fome e criar seus filhos na favela do Canindé, em São Paulo.
Em meio a um ambiente de extrema pobreza e desigualdade de classe, de gênero e de raça, nos deparamos com o duro dia a dia de quem não tem amanhã, mas que ainda sim resiste diante da miséria, da violência e da fome.
É possível perceber com tristeza que, mesmo tendo sido escrito na década de 1950, este livro jamais perdeu sua atualidade.
Americanah, de Chimamanda Ngozi Adichie
[Companhia das Letras | 2014]
O romance da premiada escritora e feminista nigeriana se passa em Lagos, nos anos 1990. Partindo de uma história de amor, ela debate questões prementes e universais como imigração, preconceito racial e desigualdade de gênero.
Enquanto Ifemelu e Obinze vivem o idílio do primeiro amor, a Nigéria enfrenta tempos sombrios sob um governo militar. Em busca de alternativas às universidades nacionais, paralisadas por sucessivas greves, a jovem Ifemelu muda-se para os Estados Unidos.
Ao mesmo tempo que se destaca no meio acadêmico, ela depara pela primeira vez com a questão racial e com as agruras da vida de imigrante, mulher e negra.
Quinze anos mais tarde, Ifemelu é uma blogueira aclamada nos Estados Unidos, mas o tempo e o sucesso não atenuaram o apego à sua terra natal, tampouco anularam sua ligação com Obinze.
Quando ela retorna para a Nigéria, terá de encontrar seu lugar num país muito diferente do que deixou e na vida de seu companheiro de adolescência.
Quer aprender mais sobre a luta antirracista e a Consciência Negra? Confira o Guia Antirracista da Profissas e acompanhe as postagens do nosso blog!