Onze de fevereiro traz consigo o Dia Nacional das Mulheres e Meninas na Ciência, como o lembrete de que ainda temos um longo caminho a trilhar na igualdade de gênero em todas as esferas da sociedade.
A data busca a reflexão sobre o panorama mundial da desproporção entre homens e mulheres na ciência, assim como propõe mudanças.
Ainda assim, vale o adendo de que ela foi criada há pouco tempo, em 2015, através de uma resolução da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU).
Seu intuito caminha junto com os diversos debates acerca da igualdade de gênero, prevista na agenda 2030 da ONU. Assim, ele se relaciona intimamente à redução das demais desigualdades na sociedade e com os objetivos para um desenvolvimento mais sustentável.
Segundo a UNESCO – agência da ONU para Educação, Ciência e Cultura -, a data traz o lembrete para a criação de oportunidades de promoção do acesso à ciência, assim como para o tratamento igualitário de mulheres e meninas na área.
Nesse sentido, é importante entender os vieses que destacam a relevância da data para além de uma celebração: afinal estamos falando de uma construção relativamente recente, e que precisa alterar um panorama social, cultural, econômico e educativo que vem de uma construção de muitas centenas de anos.
Importância do Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência: em números
Quais cientistas de destaque na história do mundo você conhece? Quantos desses nomes que você pensou são de mulheres?
Dificilmente ao ouvir a palavra cientista a ideia que nos surgirá será a de uma mulher segurando tubos de ensaio.
Há muitas centenas de anos que a área da Ciência é monopolizada pelo sexo masculino e isso se refletiu não apenas na abertura de portas apenas para eles, como também no apagamento das mulheres que trabalharam nessas áreas ao longo dos anos.
E se palavrear do tema não é suficiente para você ou parece só mais um motivo de reclamação das mulheres, segundo dados divulgados pela UNESCO, apenas 30% dos pesquisadores em todo o mundo são mulheres.
Quando colocamos uma lupa nesse número, não é novidade descobrir que a porcentagem diminui ainda mais quando se fala em cargos de gestão.
E, falando em Brasil, os números são verdadeiramente assustadores: apenas 14% das posições da Academia Brasileira de Ciência são compostas por mulheres.
Troque de lupas e amplie um pouco mais o tema: ainda segundo a UNESCO, quando analisamos as pessoas inscritas em cursos de Ciência, Tecnologia, Engenharias e Matemática, apenas 35% são mulheres.
Um número que tende a cair mais quando eleva-se o nível de especialização ou se avalia o número de publicações realizadas.
Quando comparado o desempenho nas carreiras, as mulheres também são deixadas para trás: recebem menos por suas pesquisas e progridem de maneira bem mais lenta em suas carreiras do que em relação aos homens.
O próprio Prêmio Nobel, criado em 1901, já foi concedido a mais de 622 pessoas nas áreas de Ciências, mas adivinhe quantos desses nomes pertencem a mulheres? 22.
O que os números falam por si só, mas que ainda podemos destacar é que a dificuldade de ingresso na Ciência para as mulheres não se dá apenas no mercado de trabalho, com as dificuldades de investimento.
Essa é uma problemática que surge desde a infância, com o preconceito, o machismo e a misoginia, a falta de estudo e incentivo às meninas a desenvolverem seu interesse pela área.
Dessa forma, a relevância do dia 11 de fevereiro se mostra através da necessidade de lembrar mulheres como Marie Curie, Rosalind Franklin, Nettie Stevens e Ada Lovelace como inspiração, mas também de promover cada vez mais o acesso igualitário para meninas e mulheres nas Ciências.
Importância do Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência: o que os números não nos contam
A realidade que os números nem sempre nos contam é que não faltam apenas incentivos e que não é apenas o fato da Ciência ser reconhecida como uma área masculina pela sociedade que alimenta a disparidade.
A verdade é que a dificuldade se infiltra por arestas mais afuniladas da sociedade, que envolvem até mesmo as desigualdades de gênero que encontramos no cotidiano das mulheres.
Estamos falando do fato de que as mulheres ainda estão sob o estigma de que são as donas e responsáveis pelo lar, família e filhos, e, consequentemente, as que têm maior dificuldade em balancear carreira e vida pessoal.
Esse desequilíbrio afeta, por exemplo, o tempo de dedicação às carreiras e também às pesquisas e estudos.
Do mesmo modo, o referencial feminino que incentiva meninos a terem kits de ciência e se aventurarem em esportes, incentiva as meninas apenas a papéis maternos e de cuidados, que – infelizmente – ainda são características marcantes da divisão de gênero no país.
A verdade é que o apagamento do potencial, capacidade e trabalho das mulheres não acontece apenas ao omitir seus nomes nos trabalhos pelos quais foram responsáveis, mas ele vem sendo construído no imaginário e estrutura social desde o berço.
Cientistas Contemporâneas para se inspirar
Apesar do apagamento que a história impôs às mulheres, atualmente temos referências femininas que atuam nas mais diversas áreas das ciências e que são modelos de inspiração para muitas meninas e outras mulheres.
Listamos algumas delas a seguir:
Jaqueline Goes de Jesus
Um dos nomes de destaque que você provavelmente já ouviu falar é o de Jaqueline Goes de Jesus.
A cientista brasileira faz parte da equipe que mapeou os primeiros genomas do novo coronavírus (SARS-CoV-2) no Brasil em apenas 48 horas após a confirmação do primeiro caso no país.
Com um currículo amplo, Jaqueline é doutora, professora e coordenadora em projetos de pesquisa, já tendo atuado em diversas frentes e instituições. Em sua homenagem ganhou uma versão sua da boneca Barbie no projeto Barbie Role Model pela Mattel na categoria de Cientistas Heroínas como símbolo de representatividade para crianças e, em especial, às crianças negras.
A cientista também recebeu diversas homenagens em razão de seu trabalho em prol da saúde e do Sistema Único de Saúde brasileiro como a Comenda Maria Quitéria, a Comenda Zilda Arns e o Prêmio Maria Império Hamburguer.
Em 2022, Jaqueline também foi nomeada pela Forbes como uma das 20 mulheres de sucesso do ano no Brasil.
Ester Cerdeira Sabino
Outra brasileira associada ao sequenciamento do genoma do SARS-CoV-2 no Brasil é Ester Cerdeira Sabino, que é também professora da Faculdade de Medicina da USP e membro da Academia Brasileira de Ciência.
Ester já atuou em várias frentes e suas principais linhas de pesquisa envolvem a segurança transfusional, HIV, doença de Chagas, vírus emergentes e anemia falciforme.
Em 2022, foi criado em sua homenagem e às suas contribuições o Prêmio Ester Sabino pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado de São Paulo e a Academia de Ciências do Estado de São Paulo.
Vivian Miranda
A única brasileira a integrar um projeto com a Nasa para o desenvolvimento de um satélite é Vivian Miranda.
O projeto que tem custo estimado de 3,5 bilhões de dólares tem previsão de lançamento em 2025 e o planejamento é de que ele fique em órbita por 5 anos.
Vivian também é a primeira transexual a cursar pós-doutorado em astrofísica na Universidade do Arizona, nos Estados Unidos, onde ela também é pesquisadora.
Além de diversos nomes de destaque no cenário brasileiro e mundial de mulheres referência nas ciências, é preciso incluir a promoção da diversidade e o incentivo no cotidiano de todas as esferas da sociedade.
Aqui, é claro, vai entrar também a necessidade de que ambientes corporativos e de trabalho de pequenos, médios e grandes negócios abram as oportunidades de forma igualitária e inclusiva.
Na Profissas, uma Escola de Diversidade e Inclusão voltada para conscientizar, instruir e caminhar lado a lado com as empresas nessa jornada, existem projetos voltados com ênfase no papel da mulher nesses setores, como o Lidera Mulheres.
Para colocar seu negócio em destaque nos processos de diversidade e inclusão e garantir uma equipe proativa, dinâmica e que melhor atende aos objetivos do empreendimento, entre em contato com a Profissas e conheça nossos projetos!