Recentemente fizemos um vídeo e um texto sobre filmes que inspiram quem quer escrever de maneira criativa. Mas por que não beber a mesma água de outra fonte, uma que tenha ainda mais a ver com o ofício de escrever?
Os livros são, por definição, instrumentos que inspiram e transportam a gente para outros universos, outras vidas, gerando conhecimento e senso de imaginação. Na caminhada de quem quer escrever pra ganhar a vida, são indispensáveis. Afinal, ninguém escreve bem se não é, antes de tudo, um bom leitor.
Um dos motivos pelos quais as coisas que a gente lê por aí são tão chatas, inclusive, é porque a média anual de leitura do brasileiro não é lá muito alta. Os últimos censos dão conta de que esse número gira em torno de cinco livros por ano – e 30% da população do nosso país sequer comprou um livro na vida.
Acredito que quem queira viver da escrita deva, obrigatoriamente, deixar esses números mais altos. Ler muitos livros, estocar vários, emprestar dezenas e disseminar o conhecimento através também de outros autores, e não só de suas próprias palavras.
É por isso que, hoje, estou aqui pra te contar sobre cinco livros que me inspiram a escrever mais, e melhor, esperando que eles também façam sentido pra você na sua caminhada de escritor ou escritora. De alguma coisa, tenho certeza, eles vão servir: se não de inspiração, pelo menos serão uma boa viagem a outras realidades, incríveis e reveladoras, que não sairão tão cedo da sua cabeça.
Ah, e já vou avisando que nenhum deles é sobre a ciência da escrita. Todos falam diretamente com o coração. Pra mim, isso é bem mais importante que qualquer fórmula mágica.
Meus cinco livros pra quem quer escrever melhor
Se eu pudesse citar 100, seriam 100. Mas como seu tempo é importante para sua leitura, vou ficar só em cinco mesmo. Se quiser mais dicas, pode me chamar nos comentários!
#1 Paris é uma Festa (Ernest Hemingway)
Quando li esse livro pela primeira vez eu tive certeza absoluta de que ele foi escrito pra mim. Nada modesta. 😉
Mas a realidade é que estava em um momento difícil da vida, tentando entender se escrever realmente era uma saída economicamente viável, quando peguei esse livro e vi Hemingway narrar todas as alegrias e agruras de ser um escritor em uma das mais criativas cidades do mundo.
Percebi que ele, um dos maiores escritores de todos os tempos, começou como qualquer um de nós: fodido de grana, com bloqueios criativos, sem muito foco. E foi assim por anos, provando que a maioria dos bons escritores da primeira metade do século passado teve, mesmo, reconhecimento tardio do seu trabalho.
Deixe que Hemingway fale pra você também. Certeza que você vai achar que ele escreveu pensando em você. E tudo bem. 🙂
#2 O Desatino da Rapaziada (Humberto Werneck)
Sabe aquele professor de faculdade inesquecível? Todo mundo tem um desses. Eu tive vários, e um dos era o JJ, que, dentre muitas coisas legais, pediu que a gente lesse esse livro.
Ele narra a história do jornalismo e da literatura em Minas Gerais através de encontros e desencontros dos maiores nomes do estado, tanto nas academias de letras quanto nos botecos da vida. Carlos Drummond de Andrade, Rubem Braga, Fernando Sabino e Otto Lara Resende são alguns dos protagonistas das aventuras dos homens mineiros das letras que vão dar um gás nos seus projetos de escrita.
Um deles, inclusive, é pessoalmente meu: ser uma mulher escritora e fazer história em um estado cuja história foi escrita até hoje, majoritariamente, por homens. Será que consigo?
#3 O Mágico de Oz (L. Frank Baum)
Li tardiamente O Mágico de Oz, de 29 pra 30 anos, e ele virou instantaneamente um dos meus livros preferidos. Depois de devorá-lo em apenas dois dias, vi o filme e me encantei ainda mais. A literatura é perfeita e sua versão cinematográfica não faz nada além de encher os olhos.
Ele me inspira a escrever porque às vezes tenho essa coisa de achar que livro faz sucesso quando é rebuscado, tem uma trama complicada. Tudo balela. O Mágico de Oz é uma narrativa simples, leve, sem nenhum mistério. Apenas imaginação e aventura.
Depois de lê-lo concluí que serei feliz se um dia conseguir lançar um livro tão simples e cativante quanto esse – e leio sempre que preciso reaprender algo sobre a simplicidade da vida.
#4 It – A Coisa (Stephen King)
Ganhei esse livro em inglês e levei mais de seis meses para lê-lo em 2016, e não porque estava enrolando: cheio de personagens e tramas, ele é o contrário da simplicidade de O Mágico de Oz, mas prende a gente do mesmo jeito.
Stephen King é conhecido por seus contos de terror, mas eu o coloco no panteão dos mestres da literatura discricional. Ele consegue criar cenas tão profundas e interessantes que você não quer parar de ler nunca o que ele tem a dizer.
Já tinha lido À Espera de um Milagre e O Iluminado, que são livros tão bons quanto os filmes, mas It me pegou de jeito por ser longuíssimo (mais de mil páginas) e, apesar de talvez rumar para um lado um pouco confuso, não te deixa sem nenhuma resposta.
Para quem gosta de usar adjetivos demais e acaba se perdendo nas próprias linhas, esse livro é uma aula de como descrever sem enrolar.
#5 Éramos Seis (Maria José Dupré)
Esse é um daqueles livros que eu morro de vontade de ler de novo, de tão bom e intenso.
Eu li quando tinha de dez pra onze anos, alguns anos depois de ver sua versão para a TV, em novela do SBT, mas minha melhor lembrança dele é como livro da coleção Vaga-Lume. Toda a trama gira em torno de Dona Lola, uma dona de casa que, com Júlio, teve quatro filhos – os seis do título.
O que dói fundo no leitor dessa narrativa é que o título vem da velhice de Dona Lola, que passa seus últimos dias na casa de repouso, mostrando que de seis pessoas em sua família, só sobrou ela. É um destino tão comum e tão presente nas nossas próprias vidas que nos deixa sensíveis a essa realidade.
Se você não se inspirar nem um pouquinho depois desse livro, grandes são as chances de não ter coração. ;p
Bom, essas são minhas sugestões para te ajudar a escrever mais e melhor a partir de agora. Se tiver alguma para me dar, deixe nos comentários! Vamos fazer do mundo um lugar melhor a partir de indicações literárias. <3