A primeira coisa a se dizer é que a ideia de incorporarmos o mindfulness ou prática de meditação no dia a dia, não é de nos tornarmos monges – e se por acaso essa for a escolha, nada contra.
Prefiro a abordagem do Gandhi que diz para praticarmos a espiritualidade no dia-a-dia. Trocando em miúdos, estando presente em cada uma das nossas várias atividades. E aí que vem justamente a essência da palavra mindfulness, que significa atenção ou consciência plena.
Mindfulness em algumas palavras
Mindfulness é a habilidade humana básica de estar 100% presente e, consciente de onde estamos e do que estamos fazendo. O mindfulness se popularizou no ocidente pelo trabalho de Jon Kabat-Zinn, que demonstrou cientificamente que a prática de atenção plena pode restabelecer o nosso equilíbrio mental e corporal, estimular a cura e o bem estar e reduzir o stress.
Ao praticarmos meditação da consciência plena, prestamos atenção de maneira ativa no momento presente e sem julgar. Com isso, desenvolvemos a capacidade de aceitar a realidade das coisas. Essa habilidade, conforme demonstram pesquisas neurológicas, é curativa e transformadora pois modifica nosso cérebro. A técnica de mindfulness não está inserida num contexto religioso e é recomendada a qualquer pessoa. Nas palavras de Kabat-Zinn, se aumentamos a atenção, as mudanças na nossa vida vem sozinhas. A prática requer disciplina e sua proposta não é que mude sua vida, mas que se apaixone por ela.
Que tal experimentar?
Estar presente em cada uma das nossas atividades é um grande desafio nas nossas vidas hoje. Estamos sempre conectados e temos muitas distrações. Justamente por isso às vezes nos desconectamos do aqui e agora, como se quiséssemos estar em outro lugar. E para isso, segue um convite, em seis passos, para incorporar uma rotina de mindfulness no nosso corre-corre de século XXI:
1. Encontre o seu significado de conforto
Seu significado de conforto é só seu. Então, encontre a posição que você se sinta confortável: pode ser sentado no chão, na cadeira, no sofá. Normalmente não se recomenda deitar pois há uma grande chance de entrar em estado de relaxamento e dormir. A ideia da meditação é estar presente.
2. Determine um ritual
Pense no ato de escovar os dentes: é sempre após as refeições no banheiro. Faça o mesmo com a meditação: escolha um horário e local pré-determinado para praticar. A ideia é que esse local seja aquele no qual você não vai ser interrompido e que seja igualmente confortável. Locais muito frios ou muito quentes vão te distrair. O horário é para te ajudar a ter disciplina. Se um alarme no celular for útil, vale também. Se o dia está corrido, porque não começar com 1 minuto por dia e ir subindo semana a semana até chegar em 10 minutos por dia?
3. Experimente colocar uma intenção positiva
Que tal iniciar a sua meditação com um pedido? É como se a meditação fosse uma oração na qual você pede coisas boas do universo para você, para as pessoas. O mundo está precisando da nossa vibração de amorosidade para poder combater o ‘desamor’ que tem por aí.
4. Escolha um foco
Defina um foco para colocar sua atenção. Um foco bastante comum é nos atentarmos a nossa respiração: observar o ar entrando e saindo. Com isso, colocamos toda a nossa presença em apenas uma coisa e aos poucos vamos acalmando as nossas ondas cerebrais. Outra opção é uma música ou um som: pode ser um som da natureza ou uma música como por exemplo um mantra ou música religiosa. Mais uma vez, a minha sugestão é definir o seu próprio foco. Eu com o tempo fui mesclando técnicas – nenhuma delas muito complexa, muitas vezes rezo durante a meditação, intenciono várias coisas e tenho conversas em silêncio comigo.
5. Resista e insista
Nenhum maratonista começou correndo a distância de 42 quilômetros. Eles precisaram ir desenvolvendo músculos e ir gradualmente aumentando a intensidade dos treinos. A mesma metáfora vale para nós, a diferença é que estamos falando de outros tipos de músculos: de ativar redes internas nossas que às vezes estão meio adormecidas. Então, vamos precisar treinar. Uma estratégia bastante poderosa aqui pode ser escrever: colocar em palavras como estamos nos sentindo após a meditação diariamente pode nos dar muitas respostas sobre nós mesmos.
6. Se jogue por inteiro
A próxima coisa importante que gostaria de mencionar é que existem algumas coisas que só podem ser compreendidas pela experiência. Então por mais que eu goste de escrever e você de ler, só experimentando para saber. Mas, a experiência tem que ser por inteiro: é como qualquer cerimônia (seja ela social, religiosa, acadêmica, etc): elas parecem ser ridículas a não ser que você decida experiência-las em seus próprios termos. Ou seja se abrindo para elas.
E aí?
Depois disso, meu próximo convite é que você dê continuidade a sua experiência de mindfulness, em todas atividades da sua vida, vendo em quais delas você está 100% presente. Se você dirige, experimente ver quanto você está presente e atento ao ato de dirigir, estenda isso ao seu trabalho ou estudo, a sua prática de atividades físicas e a todos os momentos que você se relaciona com alguém. No início parece difícil, mas com o tempo é muito transformador e adiciona muito mais significado às nossas vidas. Eu sigo constantemente treinando e já contei como começou a minha experiência nesse texto aqui. Eu tenho muito interesse em saber como é a sua experiência, fica o convite para contar para nós como isso tem ressoado para você!