Nassim Taleb é filósofo e economista (sim, isso é possível numa mesma vida!). Dentre as muitas obras que ele já escreveu está o livro “Antifrágil: Coisas que se Beneficiam com o Caos”, obra que virou uma espécie de bíblia para os empreendedores mundo afora.
Para sermos diretos, o conceito é simples: antifrágil é o oposto de frágil. Mas para entender isso a fundo precisamos primeiro definir o que significa ser frágil:
Frágil é tudo o que se destrói quando exposto a uma adversidade.
E talvez, numa primeira impressão, você me diga que o oposto de frágil é o que não se destrói quando exposto a uma adversidade, algo robusto, forte, resistente. Mas, vejamos, isso seria o equivalente a neutralidade, e não a oposição do que é fragilidade. O verdadeiro oposto, que cunha a definição do termo antifrágil é:
Antifrágil é tudo o que se constrói quando exposto a uma adversidade.
E quando usamos a palavra adversidade aqui estamos nos referindo ao que ‘não foi feito para’, ou seja, quando exposto a algo o qual ele não foi projetado para, inicialmente.
Diferente de uma bola de futebol, uma taça de vidro não foi feito para quicar no chão. Quando esta taça é exposta a uma situação adversa, ou seja, que não foi feita para, como ser lançada ao chão, ela se destrói ou perde seu uso.
Para quem tem startups ou está se iniciando agora no mundo empresarial, esse conceito representa uma regra de ouro. Trata-se de entender que os impactos externos são necessários, para que você se construa, se torne melhor. O empreendedorismo é troca. Inclusive de coisas que não são as que mais gostamos na vida.
A antifragilidade é, basicamente, a arte de viver feliz ou realizado em um mundo que você não compreende, o que te exige uma boa dose de inteligência emocional. Se você tiver essa “arma secreta” estará apto a enfrentar o primeiro grande inimigo da fragilidade, que é a aleatoriedade.
Assim como não temos a menor chance de saber se uma mala mais pesada ficará em cima da nossa, cheia de vidros de perfume, no bagageiro do avião, também não temos a menor chance de saber o que nos espera na próxima esquina.
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Se essa realidade já é aplicável no âmbito pessoal, imagine no âmbito profissional! Ainda que os sinais econômicos nos rondem o tempo todo, não podemos prever ou criar cenários apenas favoráveis daqui pra frente, só porque entendemos o que está acontecendo.
A antifragilidade não diz respeito a quem quer tê-la, mas sim a quem a pratica.
Como criar uma carreira antifrágil: o que não mata fortalece
O Brasil enfrentou, recentemente, uma grave recessão – da qual todo o país ainda espera sair em breve. Para ver o quanto a nossa sociedade ainda se sente confortável em não ser antifrágil, basta dar uma olhada à sua volta e ver quantos colegas, familiares ou conhecidos sucumbiram, em suas carreiras e esperanças, à falta de perspectiva profissional.
Existem pessoas frágeis, assim como existem empregos frágeis, daqueles que serão os primeiros a ser cortados em uma possível crise. Mas, por outro lado, existem os cargos que resistem e as pessoas que se beneficiam das partes ruins do mundo, pois se preparam para tirar proveito disso através de sua forma de encarar a realidade.
Exemplos práticos de frágil e antifrágil são vistos com muita frequência no mundo das celebridades, sempre carregado de escândalos capazes de destruir vidas. Quando a carreira de um artista vai para o espaço após uma polêmica, não é preciso fazer muito esforço para entender sua fragilidade.
Quando a carreira se fortalece, é fruto de uma proposta antifrágil.
Veja o exemplo da cantora Taylor Swift, por exemplo: ela tem talento, tem repertório, mas seus principais saltos ao topo foram dados após grandes baques na sua carreira, como ser humilhada por um colega na entrega de um prêmio, ao vivo, ou ganhar o estigma de “louca” pela quantidade de relacionamentos que começam e terminam em sua vida.
Se fosse frágil, ela teria sucumbido às críticas. Se fosse robusta, ela teria se fechado dentro da sua realidade e, talvez, determinado um prazo para sua carreira. Sendo antifrágil, ela transformou todos os seus desapontamentos em arte – que vem a ser seu instrumento de trabalho. E ganhou ainda mais fama e dinheiro com isso.
Portanto, da próxima vez que quiser definir antifragilidade na sua carreira, lembre-se da história de Taylor. Ela tem mais a nos ensinar do que apenas jogar o jogo do amor.
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Formas de se tornar antifrágil
- Comece pelo começo – e se o começo não estiver bom, você reinventa. Ideias que são ruins podem se transformar em iniciativas muito boas se você puder se adaptar para repensá-las;
- Limite sua exposição. Ao invés de comemorar em público as grandes vitórias, tente compartilhar suas derrotas para criar um ambiente de lições aprendidas;
- Construa sua carreira, sua vida pessoal, seu negócio e tudo o que te cerca como se o seu orçamento fosse sempre extremamente limitado. Isso te impulsiona a ser criativo;
- Valide suas ideias rapidamente, antes que as más ideias sejam engolidas pelo mercado e você tenha sua cota de frustração;
- Lembre-se de ter algo maior pelo que trabalhar e planeje além do financeiro. No momento em que você se submete a um bom salário, para ficar rico, está se tornando frágil, pois se perder esse emprego suas metas estarão comprometidas;
- Por isso, tenha opções. Planos B, C e Z são muito bem vindos se você quiser ter sucesso e ser antifrágil ao mesmo tempo;
- Tente se engajar em projetos que permitam que você se construa como pessoa, e não apenas como funcionário ou dono. Quando você segue as guias que colocamos nesse texto dentro de sua carreira, se torna antifrágil e resiliente em qualquer lugar que empregue sua força de trabalho.
E agora? Antifragilidade para iniciantes
Se você chegou ao fim desse artigo sem entender ou acreditar na antifragilidade, você pode comprar a obra de Nassin Taleb e começar a leitura agora mesmo ou comentar por aqui que gostaria de saber mais. Será um prazer abordar este tema novamente.