Vida

Consumo Consciente: 10 passos para consumir melhor (pra você para o mundo)

Por cinco anos da minha vida eu vivi o dia 15 de março, Dia do Consumidor, em êxtase.

Trabalhava em um órgão de defesa do consumidor e, por isso, esse era o dia mais movimentado do ano: muitas entrevistas, muitas dicas do que fazer – e do que não fazer – e muita gente disposta a mudar seus hábitos de consumo a partir das dicas que a associação dava.

O tempo passou e hoje, exatos cinco anos depois de eu sair desse emprego, ainda me vejo às voltas com a importância de falar sobre o consumo consciente. Primeiro, porque é absurdo o tanto de lixo que a gente gera – e não ver o aterro sanitário da cidade todos os dias não quer dizer que ele não exista, ou que não esteja abarrotado.

Os especialistas falam muito sobre o planeta não aguentar esse tanto de lixo, mas eu acho que o planeta vai aguentar muito bem – o que são umas garrafinhas plásticas pra quem já sofreu o impacto de um meteoro? Quem não vai aguentar por muito tempo é a gente, a raça humana, que criou seu próprio monstro do excesso.

Não satisfeitos em nos levarmos para o buraco, ainda queremos levar junto boa parte da fauna (principalmente marinha) com a gente.

Segundo porque – e essa é bem importante, ainda que você não ligue a mínima para a possibilidade de extinção da sua espécie –, ao consumir em demasia coisas que não vão nos trazer nenhum benefício, perdemos oportunidades incríveis de gastar nosso rico dinheirinho com coisas que nos trarão prazer no longo prazo:

  • boas experiências
  • viagens
  • cursos que queremos muito fazer
  • a compra de algo material que realmente represente um sonho (uma casa, um carro, um aparelho celular que não será deixado de lado no primeiro ano de uso…)

Aliás, vem cá, seja sincero: quando você diz que não tem dinheiro para realizar seus sonhos você quer dizer que não tem dinheiro mesmo ou que gastou o dinheiro que tinha comprando coisas das quais você nem precisava?

Se a segunda opção é a resposta mais plausível, mantenha a calma e esteja disposto a recomeçar. Aqui vão algumas dicas para que essa nunca mais seja a desculpa para você não fazer aquilo que realmente quer antes que seu tempo nesse mundo acabe.

(Mesmo porque, vale lembrar, é capaz de o seu lixo continuar nesse planeta por muito mais tempo que você… não é hora de se vingar dessa cruel realidade?)

10 dicas para um consumo consciente

Consumo consciente é exatamente isso que a expressão diz: consumir com consciência, com sabedoria e parcimônia, e não deixar de consumir para sempre. Afinal, querendo ou não, somos seres cheios de necessidades vivendo em um mundo capitalista. Uma hora uma comprinha deve ser feita.

Mas, se você seguir as dicas abaixo, vai todo mundo ganhar – você, o planeta e eu, que terei angariado mais pessoas para refletir comigo nesse 15 de março, ainda que eu não trabalhe mais (diretamente) com defesa do consumidor.

Vamos lá:

#01 Compre apenas o que for necessário.

Ponto.

#02 Por isso, não faça estoque, principalmente de comidas frescas.

Quanto menor for a vida útil do que você compra, maior sua chance de praticar o desperdício.

#03 Tente aproveitar ao máximo tudo o que você comprar.

Se vai comer uma banana e adora bolo de banana, sabia que a casca que você não vai comer pode se tornar um bom ingrediente para a sua receita?

Talos de hortaliças podem e devem ser utilizados, tanto para evitar o seu desperdício quanto para o aproveitamento de seu potencial nutritivo.

No mundo do “consumismo”, se você comprar um calçado, use-o até acabar. Você só tem dois pés, não precisa ter 16 pares de tênis.

#04 Não vá fazer compras no supermercado se estiver sentindo fome – e nem no shopping se estiver chateado ou eufórico demais.

Em ambos os casos você corre o risco de comprar o que não precisa, gerando mais lixo (nem que seja de embalagem) e jogando no lixo a única coisa que não deveria ir pra lá: seu dinheiro.

#05 Reutilize tanto quanto for possível.

Desde a garrafinha descartável de água – que pode ser descartada só depois de um longo tempo de uso – até suas roupas, seus móveis, seus aparatos tecnológicos…

#06 Recicle, se essa for uma opção viável.

Respeite os pedidos de descarte das latas coloridas (metal no metal, papel no papel) e, se seu bairro tiver coleta seletiva, lembre-se de começar a separar em casa cada tipo de lixo.

#07 Reduza o que não pode ser tirado da sua lista.

Se você não pode deixar de comprar o molho de tomate semanalmente, que tal já comprar uma embalagem tamanho família, ao invés de vários pacotinhos menores que vão todos para o lixo?

#08 Saiba de quem você compra.

Suas roupas, seus doces, suas hortaliças e tudo o mais que você consome tem uma origem, e conhecê-la também é uma forma de consumo consciente.

Afinal, não é só o planeta que sofre com o excesso de materialismo: quantas pessoas não trabalham em regime análogo à escravidão para você ter tudo o que acha que vai te fazer feliz em casa? As plantações de onde vem seu alimento se preocupam com a saúde de seus funcionários, principalmente se utilizam agrotóxicos na produção?

Quando as perguntas forem ficando complicadas ou você não gostar das respostas, uma dica é dar prioridade aos pequenos produtores da sua cidade, seja nos alimentos, no artesanato ou até na confecção. Uma mão lava a outra sem peso na consciência.

#09 Tenha uma sacola retornável quando for às compras.

Pelo amor de Thor, isso aqui é 2018, minha gente.

Gastar sete sacolas de supermercado para nove itens de compra já saiu de moda.

Ninguém nesse mundo viverá mais do que o saco plástico que você pegou na padaria só pra não ter que trazer o papel de pão nas mãos. Ninguém! Isso já é motivo suficiente para fazer com que esse material não caia, “por engano”, na praia em que você gostaria tanto de passar as próximas férias.

#10 Foque nas experiências.

É como dissemos ali em cima: tem gente que tem dinheiro, sim, mas vive gastando com o que não precisa e gerando uma imensidão de lixo e de peso na consciência planetária.

Ao invés de torrar cem reais na brusinha da vitrine ou no novo short de futebol do Barcelona, pense e repense se é exatamente essa a compra que você gostaria de fazer.

Além de jogar dinheiro pro alto, você corre o risco de adquirir um produto que não passará no teste das regras trabalhistas, que foi testado em animais sem a mínima necessidade ou que não vai durar até o próximo verão, mesmo que custe uma fortuna.

Pra que, né? Melhor focar nas viagens, nos aprendizados e nas coisas boas da vida, como uma refeição com os amigos ou um passeio no parque. A geração de lixo também acontece em boa parte desses acontecimentos, mas não é em excesso e também não é em vão.

Como dissemos, o consumo vai sempre existir. Mas se você começar a fazer mais bem do que mal através dele, pode deixar ao planeta um legado que você pode até não estar vivo pra ver – mas que será apreciado pelas gerações ainda por vir.

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