A gente sempre acha que o desligamento, na sua forma mais comum, vem somente por parte da empresa. Só que o contrário também é legítimo, embora menos frequente. Afinal, nossa legislação meio que “pune” cidadãos que tomam a atitude de pedir contas, retirando do seu acerto final alguns direitos trabalhistas – como o saque do fundo de garantia.
O que temos diante disso? Muitas pessoas que, simplesmente por não poder abrir mão de tais direitos, acabam se submetendo a cargos e empresas onde não gostariam de estar, esperando pelo dia em que serão mandadas embora.
Por parte da empresa, a solicitação de dispensa vinda do próprio colaborador não é nada alarmante, desde que aconteça de maneira pontual. O problema é quando dezenas de pessoas começam a pedir para sair de seus empregos em uma única organização (ou várias).
O alarme soou. E agora?
Entenda o que é demissão voluntária
Conhecida como “A Grande Renúncia”, a demissão voluntária foi observada de perto pela nossa geração nos Estados Unidos, logo no início da pandemia, em 2020. Por lá, um número recorde de profissionais deixou voluntariamente seu emprego.
Pode parecer contraditório, já que o mundo vive uma uma recessão – e “largar” o trabalho nesse momento pode não ser a melhor alternativa, mas, diante de uma nova situação mundial – uma crise sanitária que jamais pensaríamos viver no século 21 -, a demanda por viver bem falou mais alto do que o dinheiro, para muita gente.
Aqui no Brasil não foi muito diferente, não. Para se ter uma ideia, em março de 2022, mais de 603 mil brasileiros pediram contas nos seus trabalhos. Trata-se de um número alto em relação ao cenário de inflação e alta taxa de desemprego.
Abrir mão de salário, FGTS, vale-refeição e outros benefícios pode parecer uma alternativa improvável em um período de crise, mas o fenômeno é real! Prova disso é um levantamento feito pela empresa Robert Half que mostra que, de todos os desligamentos ocorridos em 2021, a maioria foi a pedido do próprio funcionário.
Quais as principais motivações para as demissões voluntárias?
A demissão voluntária não deve ser vista como um caso que acontece isoladamente, mas um movimento que ganha proporções substanciais – daquelas que deixam o RH das empresas em estado de alerta.
No passado, os colaboradores aguentavam muita pressão para se manter no emprego. Após dois anos de pandemia e muito esgotamento mental, as pessoas estão reformulando seus valores e optando pelo que é realmente importante para elas.
Dentre os motivos para os pedidos de desligamentos voluntários podemos citar:
Outras alternativas no mercado de trabalho
A pandemia trouxe muitas reflexões sobre o modelo de trabalho. Literalmente da noite para o dia, inúmeras empresas tiveram que se reinventar a fim de evitar a falência. Eis que surge o trabalho remoto, uma forma prática de manter o negócio funcionando sem precisar deslocar o funcionário para uma sede específica.
A experiência remota trouxe uma nova perspectiva para o mercado de trabalho, fazendo com que profissionais passassem a buscar vagas de emprego em qualquer lugar do mundo. Isso não só amplia o leque de oportunidades como gera mais confiança na hora de pedir demissão.
Funcionários desmotivados
A desmotivação relacionada ao ambiente de trabalho é motivo mais que suficiente para pedir demissão, né? De acordo com uma pesquisa realizada pela McKinsey, nesse cenário os motivos mais comumente citados são experiências com líderes indiferentes, falta de plano de carreira e expectativas insustentáveis de desempenho.
Além disso, outra razão comum para a demissão voluntária focada em desmotivação é ver a dispensa de alguns colegas, que faz o colaborador ter mais responsabilidade, acúmulo de funções e nenhum tipo de reconhecimento financeiro.
Esgotamento mental
O cansaço físico é normal para quem se dedica ao trabalho. Após o término do expediente, a pessoa vai para casa, descansa e se recupera para o dia seguinte. O problema é quando o excesso de atividades afeta a saúde mental, provocando síndrome de burnout, estresse e depressão.
A exaustão no trabalho é um agravante! Portanto, muita atenção a jornadas mais extensas, expedientes nos fins de semana, falta de estrutura e ferramentas adequadas para a realização das demandas. Tudo isso (e outras coisas mais) podem levar o profissional a pedir demissão.
O que as empresas podem fazer para reter profissionais?
A onda de demissões voluntárias deve levar as empresas a tomar atitudes mais sólidas visando a atração e retenção de talentos.
Eis algumas práticas que podem ser consideradas nesse processo:
- Abraçar a diversidade;
- Desenvolver o capital humano;
- Praticar escuta ativa;
- Oferecer metas alcançáveis ao colaborador;
- Estabelecer jornada de trabalho flexível;
- Oferecer treinamentos e capacitações para melhorar o desempenho do funcionário;
- Permitir autonomia aos colaboradores, abrindo espaço para o seu crescimento;
- Oferecer programas de benefícios alinhados às necessidades dos colaboradores.
O aumento das demissões voluntárias têm servido de alerta para as empresas, fazendo com que repensem a forma como lidam com os seus colaboradores. Construir uma rotina de boas práticas e repensar nas dores do seu capital humano é o caminho para reduzir as taxas de turnover.
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