Muitos questionam a importância das datas comemorativas que envolvem grupos sub-representados.
Por esse motivo, enquanto ainda houver essa “dúvida”, a Profissas estará aqui para explicar porque é necessário colocar luz a temas de minorias na sociedade.
Sabemos que junho é conhecido internacionalmente como o Mês do Orgulho LGBTQIAP+, não é mesmo?
Já em agosto, celebramos duas datas importantes para o movimento de mulheres lésbicas e bissexuais: nesta quinta-feira (19) é o Dia do Orgulho Lésbico e na próxima semana, em 29 de agosto, é o Dia da Visibilidade Lésbica.
Os dois momentos são marcos fundamentais para o avanço de direitos e representatividade para as mulheres da comunidade. Saiba que cada data teve um motivo específico para ser criada, bem diferentes uma do outra.
Hoje, vou explicar um pouco mais sobre elas e destacar as diferenças entre o Dia do Orgulho Lésbico e o Dia da Visibilidade Lésbica.
Leia o texto até o final!
Dia do Orgulho Lésbico: entenda porque foi criado
Na década de 80, no final da Ditadura Militar, havia um bar em São Paulo chamado Ferro’s Bar.
O ambiente era um ponto de encontro para membros da comunidade LGBTQIAP+ e ativistas, que ainda eram perseguidos pelo governo na época.
E, mesmo dentro do próprio cenário que acolhia grupos LGBTQIAP+, mulheres não eram totalmente aceitas.
Para se ter uma ideia, as lésbicas que frequentavam o bar foram impedidas de distribuir publicações sobre as suas realidades e muitas foram expulsas do estabelecimento.
Como forma de reivindicar seus direitos, um grupo de ativistas lésbicas, lideradas pela filósofa Rosely Roth, se reuniu para protestar contra a exclusão no Ferro’s Bar.
A manifestação, ocorrida em 19 de agosto de 1983, foi a primeira grande ação de mulheres lésbicas brasileiras por igualdade, dando assim origem ao dia comemorado hoje.
Esse momento também é conhecido como o “Stonewall brasileiro”, que faz referência ao 28 de junho de 1969, marcado pela perseguição policial e repressão aos LGBTQIAP+ em Nova York, mais precisamente no bar Stonewall Inn.
Sobre o Dia da Visibilidade Lésbica
Como citado anteriormente, outra data importante é o Dia da Visibilidade Lésbica. Ele foi escolhido para homenagear o 1ª Seminário Nacional de Lésbicas (SENALE), que ocorreu em 29 de agosto de 1996.
O grande propósito desta data é refletir sobre a exclusão e invisibilidade lésbica, além de influenciar governantes de vários cargos a pensarem em políticas públicas que auxiliem na inclusão dessas mulheres.
Estatísticas – Ainda temos um grande caminho pela frente quando falamos de respeito e igualdade
De acordo com dados do “Dossiê sobre Lesbocídio no Brasil”, divulgados pelo site do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, entre 2000 e 2017 o número de assassinatos de mulheres lésbicas aumentou cerca de 96%, passando de “apenas” 2 casos para 54 homicídios anuais.
O documento cita também que 57% dos lesbocídios ocorreram com lésbicas de até 24 anos, 65% foram registrados no interior do país e 83% das pessoas que cometeram os crimes são do sexo masculino.
Reflexo de um país que ainda tem uma ideia do corpo feminino como algo restrito aos padrões de gênero e performance estipulados por homens.
Quando pensamos nos interseccionismos, isso se agrava ainda mais.
O apagamento das mulheres lésbicas transexuais, por exemplo, também é de se chamar atenção, uma vez que não aparecem como critério para o levantamento de dados do documento.
A hiperssexualização de nossos corpos, o não cumprimento de regras estipuladas por uma sociedade extremamente machista, a anulação do desejo afetivo e social das mulheres e a misoginia são alguns dos padrões que quebramos diariamente.
Para muitas de nós da comunidade lésbica, o Dia do Orgulho Lésbico, infelizmente, é uma oportunidade de gritar por sobrevivência.
Profissas – Minha participação na CNN
Em junho, participei de uma entrevista na CNN sobre o Dia Internacional do Orgulho LGBTQIAP+.
Tive a oportunidade de contar um pouco sobre os desafios que já enfrentei no mercado de trabalho por ser uma mulher lésbica e também na minha família, que é muito religiosa.
Ao lado de colegas como Reinaldo Santos e Hermes Mendo, reforcei a importância que é falar sobre o orgulho de ser quem somos e, é claro, sem medo de ser feliz.
Veja, abaixo:
Saiba mais em: https://www.cnnbrasil.com.br/nacional/cnn-no-plural-apesar-de-preconceito-e-violencia-comunidade-lgbtqia-se-fortalece/
Hoje, no dia do Orgulho Lésbico, gostaria de falar sobre o amor e respeito.
”Devemos demonstrar que nós podemos existir e ser feliz exatamente do jeito que somos, que isso não fere a liberdade de ninguém. Ter orgulho é fazer a revolução por uma sociedade mais justa. Amar outra mulher é um ato revolucionário, só que precisamos de apoio, respeito e empatia para sermos livres”.
Profissas: um trabalho com propósito, respeito e desenvolvimento pessoal
Na Profissas, tive e tenho a oportunidade de vivenciar um processo de empoderamento pessoal. É um trabalho que é divisor de águas sobre o que eu quero em minha vida e como quero.
Pela primeira vez pude ser eu mesma, usar todas as minhas habilidades e, principalmente, aproveitar tudo o que eu sou, incluindo o fato de eu ser uma mulher lésbica que ama escrever e estar em contato as redes sociais.
Aqui, pude conectar tudo o que eu faço e sou com as minhas entregas na empresa e fora dela.
Por isso, estar na Profissas tem sido um privilégio.
É uma conquista por vivenciar minha rotina sendo quem eu sou, sabendo que posso crescer ao ter esse espaço para me desenvolver enquanto pessoa e profissional.
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*Referências: Purebreak e Simple Organic