Hoje, 25 de julho, celebramos o Dia Internacional da Mulher Negra, Latino Americana e Caribenha.
A data é um marco na luta contra o racismo e é uma oportunidade para trazer o tema à tona, pois os levantamentos sobre violência e desigualdade demonstram a realidade que atinge massivamente a população negra, principalmente mulheres, incluindo as transsexuais.
Em pesquisa recente, nos meses de março e abril, a comunidade Potências Negras® e a Shopper Experience realizaram um estudo inédito com 812 mulheres negras (acima de 18 anos, classes A, B, C, D e E), revelando dados que reforçam as disparidades existentes no ambiente corporativo e também em outros espaços sociais.
Na pesquisa, quando perguntaram sobre os desafios no mercado de trabalho, 89% das entrevistadas disseram ter encontrado entraves em suas profissões e carreiras. No ranking, elas destacam as principais dificuldades: poucas vagas, preconceito racial, falta de experiência, condições econômicas e familiares e falta de capacitação.
Infelizmente, sabe-se que a luta pela equidade não é de hoje e está longe de acabar. Além dos problemas que encontram na sociedade por serem mulheres negras, quando conseguem a tão sonhada oportunidade, o racismo se mostra evidente mais uma vez.
Na pesquisa, 62% delas disseram ter sofrido discriminação no mercado de trabalho. E não para por aí: 40% das mulheres foram discriminadas mais de uma vez.
Os dados listados acima reforçam uma urgência: é necessário unir esforços da sociedade para discutir esses problemas e traçar estratégias em médio e longo prazo, com medidas que vão resolver, de fato, o abismo da desigualdade de gênero, principalmente entre as mulheres negras.
Aspectos socioeconômicos
A crise causada pela COVID-19 reforçou as desigualdades no país. O vírus não faz distinção de gênero ou raça, mas as desigualdades sim, e elas agravam a situação para algumas pessoas, em especial, mulheres negras.
De acordo com a pesquisa Potências Negras Mulheres, a pandemia afetou a renda de 80% das mulheres. Para se ter uma ideia, 68% (classe C) precisou de algum auxílio (governo/família). Na classe D/E, esse número sobe para 87%. Além disso, cerca de 50% perdeu ou mudou de trabalho nesse período.
Paralelamente, mais da metade das mulheres (57%) são as principais responsáveis pela renda da casa. Sete em cada 10 mulheres da classe D/E declaram que têm pessoas desempregadas na família.
Sônia Lesse, diretora de experiências na Profissas, empresa cocriadora do projeto Potências Negras, fala da data e sua importância para a construção de um país mais igualitário e justo.
“As mulheres negras sempre tiveram um papel primordial na luta pela igualdade e justiça no Brasil. Entretanto, por vivermos em uma sociedade patriarcal, racista e excludente, esta presença e este reconhecimento sempre foram invisibilizados. É importante reafirmar que nossos passos vêm de longa data. Tivemos muitas conquistas históricas, mas ainda há uma grande jornada pela frente”, afirma.
Tereza de Benguela – a grande homenageada do Dia da Mulher Negra
No Brasil, além do Dia da Mulher Negra, Latina e Caribenha, a data também homenageia a líder quilombola Tereza de Benguela, símbolo de luta e resistência do povo negro. Ela foi uma líder quilombola que ajudou comunidades negras e indígenas na resistência à escravidão no século XVIII.
Após a morte do marido, José Piolho, Tereza assumiu o comando do Quilombo Quariterê e o liderou por décadas. Ficou conhecida por sua visão vanguardista e estratégica. Sua liderança se destacou com a criação de uma espécie de Parlamento e de um sistema de defesa. Ela comandou a estrutura política, econômica e administrativa do quilombo, mantendo um sistema de defesa estruturado e estratégico.
Não se tem registros de como Tereza morreu. Há estudiosos que dizem que ela se suicidou depois de ser capturada por bandeirantes a mando da capitania do Mato Grosso, por volta de 1770. Há também quem afirme que Tereza foi assassinada e teve a cabeça exposta no centro do Quilombo.
“Temos muitos exemplos de mulheres, como Tereza de Benguela, que fizeram de suas vidas exemplo de luta e de resistência e que pavimentaram os caminhos para o movimento de mulheres negras na atualidade. Mas é primordial que essa luta seja de todas as pessoas, pois nós, mulheres negras, já conhecemos os desafios que nos são impostos e impedem nossa ascensão profissional. O que nos falta é o apoio de outros grupos como, por exemplo, lideranças de empresas e Estado. Nós estamos cansadas de lutar para cessar com problemas que não criamos. O racismo e machismo que nos violenta diariamente não foi criado por nós, mas conduz e retro alimenta mecanismos que nos excluem e aflige todos os dias.”, finaliza Sônia.
Profissas na Imprensa
No dia 25 de julho, data em que celebramos o Dia Internacional da Mulher Negra, Latino Americana e Caribenha, nossa diretora de experiências Sônia Lesse participou de entrevista no jornal O Tempo e também na Rádio Super.
Na reportagem, Lesse afirma que o ponto de partida de oportunidades de acesso para mulheres negras no Brasil sempre foi diferente:
“Desde o Brasil Colônia, enquanto as mulheres não negras se dedicavam a lutar pelo direito à vida, pelo direito a fazer parte da política, da educação, e do mercado de trabalho, as mulheres negras lutavam pela liberdade e contra a escravização,” enfatizou.
A pesquisa Potências Negras Mulheres também foi mencionada nas duas mídias!
Saiba mais sobre a participação da Profissas na rádio Super:
Sobre a comunidade Potências Negras ®
Potências Negras é o movimento para enegrecer o mercado de trabalho, impulsionando pessoas pretas e pardas e educando a sociedade para combater o racismo. A comunidade é cocriada pela Minuto Consultoria e Profissas – Escola da Diversidade e Habilidades Humanas.
A iniciativa, que hoje é uma das principais com esse foco no país, começou em março de 2021 desenvolvendo o maior evento feito exclusivamente para pessoas negras no Brasil. Atualmente, segue com outros grandes eventos, conteúdos semanais e experiências constantes, criadas especialmente por e para pessoas negras.
As ativações do Potências Negras já impactaram mais de 5 milhões de pessoas no último ano e somaram um número superior a 50 mil pessoas inscritas nas iniciativas.
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