Uma pesquisa da Geração Ilimitada®️ feita no #LinkedIn realizou uma enquete que foi dividida em duas partes.
Na primeira, a pergunta era: “Com que idade você acha que as empresas passam a considerar um(a) profissional velho (a)?”
Quase 40 mil pessoas responderam.
A maioria dos votos (34%) foi para a faixa dos 41 aos 49 anos. Um pouco atrás (31%) veio a faixa dos 50 aos 59.
Foi surpreendente ver que para os mesmos 18% o conceito de velhice para o trabalho, do ponto de vista das empresas, está tanto na faixa entre os 36 e os 40, quanto na faixa acima dos 60 anos.
Abaixo, ao condensar algumas das declarações, percebemos que as queixas são praticamente as mesmas quando se fala em idade no mundo corporativo.
Não importa se 30+, 40+, 50+ ou 60+…
São cada vez mais comuns as suspeitas de preconceito etário no mercado de trabalho. Digo “suspeitas” porque a discriminação aberta é ilegal.
Observamos também que a “fita métrica” da idade, em processos de recrutamento e seleção, tem encolhido progressivamente na última década.
“Eu hoje com 60 realizo trabalhos no setor de usinagem com os pés nas costas…”
“Eu tenho 60 anos cheio de energia. Estabeleci minha empresa de geração de negócios e representação por pura falta de oportunidade no corporativo.”
“Tenho 56 anos e muita experiência, mas a idade está pesando para conseguir uma vaga. Me sinto com 20 anos.”
“Tenho 53 anos e sou claramente descartado por várias empresas do segmento em que trabalho há anos.”
“Hoje somos penalizados por ter mais de 50. A experiência passa a ser irrelevante”.
“Tenho 48 anos, 2 faculdades, 1 MBA, 17 anos na área administrativa, porém não consigo recolocação.”
“Aos 44 anos, estou tentando entrar numa empresa, mas meu conhecimento não basta, porque estou velha demais?”
“A experiência não conta?! A pessoa passa dos 40 e emburrece?!”
“Aos 37 já está dificílimo o retorno ao mercado.”
“Quando tinha 32, numa vaga de vendedora, ouvi do recrutador: ‘Vc não é mais novinha.”
“Com 30 anos, para shopping center, estou velha…”
Num levantamento parecido, feito em 2013 pela FGV em parceria com a Pwc, junto a 108 empresas, a faixa abaixo dos 45 anos sequer aparecia (conforme quadro ao lado).
A maioria dos respondentes escolheu a opção acima dos 60 anos. E apenas 11% declararam que caracterizavam um profissional mais velho a partir dos 45 anos.
Mulheres
Se por um lado, homens e mulheres sentem na pele o idadismo, mesmo sendo de gerações diferentes, por outro, a enquete da Geração Ilimitada ®️ revelou que para elas esse preconceito chega ainda mais cedo.
O tal suposto envelhecimento pode ser “decretado” uma década antes deles. Foram vários os comentários nesse sentido.
Área e nível de atuação
Será que a régua muda também de acordo com o tipo de trabalho, a área de atuação e o nível hierárquico nas organizações?
Para muitos, sim.
Grande parte dos respondentes associou cargos de liderança, diretoria e gerência a pessoas mais velhas.
O que faz sentido, já que em geral até aqui levava-se tempo para ganhar experiência, conquistar posições e subir na carreira.
Setores financeiro, jurídico e administrativo também aparecem como mais favoráveis aos sêniores.
Se a tarefa exige mais vigor físico, vira argumento para alguns olhar a idade – mesmo que hoje vejamos profissionais de mais de 60 ou 70 anos em plena forma.
Já em startups e empresas ligadas à tecnologia, onde a juventude costuma imperar, a linha de corte é bem mais embaixo.
De acordo com os comentários no LinkedIn: “35 anos e olhe lá!”, “Tem mais de 45?! Xiiiii…”
Jovens para se aposentar e velhos para trabalhar?
A questão da Previdência também apareceu na pesquisa.
“Para o INSS, um homem com 60 e uma mulher com 55, ambos, são novos para se aposentar, porém o mercado de trabalho já te descartou antes dos 40 anos. Aposentar como?” perguntou o @Reginaldo Cipriano.
Para José Augusto Vieira, a conta não fecha:
“Para as empresas estamos velhos a partir dos 40 e 45 e para o governo estamos jovens até os 65. Muitos aqui estão capacitados e com disposição para trabalhar mesmo depois dos 60, mas não há emprego para nós, nos consideram ultrapassados.”
Esse descompasso entre expectativa de vida produtiva e idadismo deixa uma geração inteira perdida, como definiu Chandall V K R Moura Ferreira:
” Quem tem mais de 40 e menos de 60 vive num limbo existencial ao mercado de trabalho.”
Data de Nascimento x Data de Validade
“Sabe que às vezes me sinto constrangida em enviar um currículo a uma vaga, mesmo tendo os requisitos. Nunca pensei que a idade seria um problema. Mas é nítido esse preconceito etário. Infelizmente não se trata de um número no seu RG e sim em achar que não se tem capacidade para exercer a função.” A fala é da auxiliar administrativa Adriana Biolcatti.
Ela é mais uma das profissionais que estão escrevendo este artigo comigo, assim como a Vânia Zaniboni:
“A pessoa do RH me disse com todas as letras, que minha experiência era incrível. Porém seria bom eu ter 10 anos menos! Oi?! Eu também queria, mas a vida não permite!!!”.
E a Carol Cazarin: “O curioso é que até meus 30 e poucos eu era nova demais… pisquei… com 43 sou velha!”
Desde quando a data de nascimento começou a significar uma data de validade no seu currículo?
Por que as atividades desenvolvidas, as competências demonstradas, as experiências vividas e as habilidades socioemocionais apresentadas não são, muitas vezes, efetivamente o que interessa na avaliação de um candidato?
O desempenho de uma função não está ligado à idade e o preparo para isso também não.
Aí entra a segunda parte da enquete no LinkedIn.
A Geração Ilimitada®️ procurou saber o que, afinal, poderia tornar um profissional “velho” na opinião dos próprios profissionais.
Foram mais de 12 mil respostas. Para 77%, o principal fator é a resistência a aprender e a mudar.
A falta de atualização tecnológica, que ainda assusta muita gente, é vista como potencial “envelhecedor” por apenas 13% dos respondentes.
A idade, por menos ainda (8%). Mas o preconceito puro e simples apareceu em quase todos os comentários na opção Outro(comente).
99% desvinculam, com muita razão, a capacidade produtiva de alguma relação com a idade e a maioria contesta – com diversos argumentos – o conceito de “velhice” no mercado de trabalho.
Eu posso terminar este artigo, escrito a centenas de mãos, de duas maneiras: com a dura constatação da Marisa Fonseca Diniz que disse que:
“No mercado de trabalho aqui no Brasil, o profissional tem apenas 10 anos para conseguir um bom emprego, ou seja dos 25 aos 35 anos. Fora dessa faixa ou é jovem demais sem experiência, ou é velho demais. Lamentável!”
Ou com a compreensão da Roselaine Rafael:
“A senioridade é vivência, bagagem e maturidade” e a sabedoria da Dirlene Silva “Na verdade, na minha opinião nunca ninguém deveria ser considerado velho por sua idade cronológica. Há velhos de 20 anos, assim como há jovens de 60. Nossa mentalidade – e não os anos vividos – é quem determina nossa verdadeira idade…”.
Nesses dois finais, a mesma reflexão: o combate ao etarismo deve começar também cada vez mais cedo.
É uma bandeira de todos, de todas as gerações.
Independentemente da idade, um dia você estará do lado de cá ou do lado de lá do balcão.
Parabéns pelo belo e reflexivo texto, Márcia Monteiro! De fato, trata-se de um assassunto super relevante e preocupante.
Ficamos muito felizes por você ter gostado do texto, João! Continue acompanhando a Profissas e as nossas dicas sobre mercado de trabalho, inclusão, diversidade, carreira, profissão, habilidades para o futuro, entre outros!
Estou vivendo isso na pele. Ingressei na faculdade em 2014 aos 53 anos e formei em Bacharel em Sistemas de Informação em 2019 aos 56 anos. Enviei muitos currículos e até hoje não fui chamado para uma entrevista, mas continuo enviando meus currículos.
Muito triste tudo isso, mas eu não desisto.
Deus é fiel.
Ei, Paulo! São muitos os desafios, mas é importante não desistir. Continue acompanhando a Profissas e as nossas dicas sobre mercado de trabalho, inclusão, diversidade, carreira, profissão, habilidades para o futuro, entre outros!