Geralmente a gente não fala em público sobre os fracassos, um cliente que não conseguiu prospectar, a dificuldade de lidar com um funcionário ou sobre como os amigos reclamam que a gente não tem mais tempo – meu problema pessoal de eles acharem que os estou abandonando é constante quando, na verdade, mal tenho tempo pra cuidar de mim.
A gestão de tempo do empreendedor, aliás, pra mim é o maior gargalo. Durante esses anos empreendendo abdiquei de muitos momentos com a minha família e com meus amigos para atender clientes ou estudar. Não posso dizer que me arrependo, acho que são escolhas. Acho que as pessoas também têm que reconhecer que a gente passa por fases e algumas delas demandam mais empenho que outras.
O engraçado é que as pessoas sempre me veem dando palestras sobre isso e acham que estou ficando rica com elas quando, na grande maioria, eu nem recebo pra falar. Só que as pessoas sempre olham pra grama do outro com olhos ávidos e otimistas.
Veja a grama do vizinho dessa forma: não existe construção de reputação em qualquer mercado se não houver esforço e estudo – e ele não vai ter muita paciência para o empreendedor que acha que, por ser dono, só precisa fazer cada vez mais networking, deixando de lado a reciclagem de seus próprios conhecimentos. Ou seja, a gente tem que liderar, ter visão de negócios, motivar a equipe, fazer networking e ainda estudar.
Dá pra achar que existe vida mole pra quem empreende? Jamais.
Outra coisa complicada é você separar o que o mercado espera de você e o que você deseja e dá conta de fazer naquele momento. Muita gente fica nervosa porque coloquei um limite de clientes a serem atendidos pela agência e acham que estou esnobando a prospecção de novos clientes quando, na verdade, estou é cuidando da minha saúde física e emocional ao fazer isso.
Não tenho a meta de ter uma equipe gigantesca e nem ter tantos clientes a ponto de eu não conseguir acompanhá-los de perto, eu mesma, mas sinto que o mercado espera que eu vá absorvendo cada vez mais clientes e contrate mais gente e faça a roda girar sem parar.
O empreendedor precisa saber que ele está dentro de uma área de atuação, mas que isso não é tudo na vida. Cuidar de si mesmo e gerir bem seu tempo são as principais formas de fazer com que o sucesso venha – e seja uma constante, não uma variável.
Ayala Melgaço, microempreendedora e fundadora da Mafalda Comunica
Além da Ayala, Rafael Damasceno, Victor Soares, Lédio Carmona, Raquel Vilela e Felipe Schepers já falaram sobre o assunto aqui no blog. Na semana que vem, a pró-reitora Maria Tereza Lima mostra seu caminho da graduação ao reconhecimento no setor educacional.