Às vezes os recrutadores de empresas nos perguntam, nas entrevistas, onde nos vemos daqui a cinco anos. Nunca foi tão difícil responder a essa pergunta. E não é por falta de foco, é por dificuldade em ler cenários… ou aceitar que eles estão chegando.
A verdade é que algumas linhas de trabalho podem nem mais existir daqui a cinco anos.
A Singularity University, instituição de ensino para notáveis gênios que tem como objetivo “preparar líderes do futuro” através de estudos sobre ciência, tecnologia, inovação e administração de recursos, lançou esse ano um documento com previsões para a sociedade até 2038, ou seja, para os próximos 20 anos.
E não são previsões baseadas no chutômetro e nem na bola de cristal: todos os itens que a instituição acredita que vão acontecer estão na lista por um motivo que, qualquer que seja ele, foi estudado à exaustão por seus mentores. É de se levar a sério.
Para 2018, por exemplo, a Singularity acreditava que veríamos surgir as primeiras inteligências artificiais com emoção, demonstrando alegrias e frustrações em interfaces de conversa, como os chatbots que dizem ao consumidor mais exaltado que ele está “ferindo seus sentimentos” – coincidência ou não, esse é o ano em quem a inteligência artificial do Google conseguiu agendar uma consulta sem o atendente nem perceber que estava falando com um robô! O estudo também dizia que drones e equipamentos de realidade virtual estariam mais acessíveis no dia a dia de pessoas comuns.
É só ver como isso já está incorporado no nosso dia a dia pra ver que o caderno de previsões da instituição deve ser levado a sério.
Veja algumas outras possibilidades para os anos a seguir – e decida se vai se encantar ou se assombrar com elas.
Principais previsões da Singularity – 2020 a 2038
Ficou assustado com a greve dos caminhoneiros em maio de 2018? Quer comprar um carro e se especializar na carreira de “motorista da rodada”? Acha que limpar a casa é uma tarefa eterna da vida de adulto?
Eis abaixo alguns motivos para repensar tudo isso.
2020: internet 5g chega ao mundo para dispositivos móveis, centros de saúde americanos utilizam inteligência artificial para dar diagnósticos e carros voadores já entram em circulação em alguns países.
2022: impressoras 3D começam a ser utilizadas para a impressão de materiais de construção, carros autônomos são liberados para circulação civil nos Estados Unidos e famílias “adotam” robôs domésticos para as tarefas mais triviais da casa. Rose dos Jetsons, aqui vamos nós!
2024: primeiras missões privadas para Marte lançadas, voos diários de drones passam dos dez milhões, já que eles passam a ser um veículo de transporte de mercadorias. Contratos de energia solar e eólica fechados para os lares e veículos elétricos compõem metade das vendas totais dos automóveis (#adeusgasolina). Para conseguir um emprego bacana, saber lidar com inteligência artificial é requisito básico. Você está preparado?
2026: é o ano dos transportes alternativos, com veículos autônomos rodando estradas e pessoas transitando em Los Angeles, Tóquio, São Paulo e Londres em veículo de decolagem e aterrisagem vertical. Vertical também será a agricultura, que dependerá desse meio para abastecer as grandes cidades. Aproveite para ver a realidade virtual se tornar onipresente – e o turismo cair pois as pessoas já têm experiências boas sem sair de seu próprio lar.
2028: energia solar e eólica são 100% do consumo mundial (#adeuscontadeluz), enquanto decresce a demanda mundial por petróleo. Se você ainda não viu o filme Her, que já te recomendamos nessa listinha aqui, não deixe para assistir só em 2028, quando relacionamentos entre robôs e humanos já serão reais. (Ok, talvez não em termos românticos propriamente ditos, mas nos cuidados básicos de idosos, como alimentação e higiene pessoal, eles já estarão presentes.)
2030: inteligência artificial passa no teste de Turing e prova que pode alcançar e/ou superar a inteligência humana em todas as áreas. Viu como é preciso se preparar agora para tudo isso? Os avanços tecnológicos vão alcançar a velocidade de escape da longevidade, aumentando a vida humana e as emissões de carbono começam a decair mais rápido. O plano é ter emissão zero até 2050.
2032: robôs avatares ganham popularidade – e Avatar se torna um filme urgente para entender como isso vai funcionar. Além disso, robôs comuns serão vistos de maneira igualmente comum em todos os locais de trabalho, principalmente em postos manuais e repetitivos. Guias turísticos, recepcionistas, motoristas e pilotos, serventes e construtores já podem pensar em tirar férias ou mudar de emprego (e esperamos que todos tenham um plano B antes de 2020).
2034: córtex humano já pode ser conectado à nuvem em alguns níveis e problemas mundiais, como câncer e pobreza, encontram sua solução, uma vez que a inteligência artificial atinge sua máxima capacidade para solucionar problemas científicos complexos.
2036: a vida de pessoas saudáveis já pode ser estendida entre 30 e 40 anos através de tratamentos para longevidade e quem ainda fizer turismo vai encontrar cidades inteligentes ao redor do mundo. Elas serão totalmente capazes de utilizar energia solar, distribuir alimentos e oferecer boa segurança e transporte através das inovações obtidas nos últimos anos.
2038: nada mais é como antes. Com o avanço da realidade virtual e inteligência artificial, a vida humana não tem nada a ver com isso que vemos hoje. A aposta Profissas é que estaremos todos de férias em um mundo hiper-eficiente… ou será que o mundo vai ser dos robôs?
Uma pergunta a se fazer a Will Smith (não sei por que, mas acho que ele sempre tem a resposta certa para esse tipo de dúvida…).
Enquanto isso…
Não fique dependente só das coisas que você conhece hoje. Pesquise e aprenda novas habilidades e filosofias para ter espaço no que vem por aí, principalmente se você for muito jovem. Afinal, 2038 está a um espirro de distância, e não ter serventia nesse mundo novo pintado pela Singularity University vai ser muito chato.
Algumas dicas nossas são:
- entenda suas limitações pessoais para conseguir superá-las;
- procure por postos de trabalho mais estratégicos, e com mais propósito, se tiver a oportunidade;
- guarde dinheiro;
- não desista do ser humano.
Por mais que a inovação nos alcance, nós ainda estamos à frente das grandes mudanças. Afinal, só a raça humana é capaz de criar e produzir insumos para que essas e tantas outras previsões sejam realmente possíveis.
Desistir do que nos cerca é assinar o atestado de que não somos mais capazes de imaginar, liderar e conquistar novos caminhos. E, se fizer isso, vou falar contigo igual alguns chatbots já falam com os consumidores das marcas para as quais trabalham: você está ferindo meus sentimentos.
Só uma correção: o filme chama “Her”, não “She”
Obrigado pelo toque, João. Já corrigimos 🙂