Carreira

O que são modelos mentais e como eles podes te ajudar

Os modelos mentais são como entendemos o mundo.

Eles não apenas moldam o que pensamos e como entendemos, mas também moldam as conexões e oportunidades que vemos.

Os modelos mentais são a maneira como simplificamos a complexidade, porque consideramos algumas coisas mais relevantes do que outras.

Isso pode tanto nos ajudar como atrapalhar.

Um modelo mental é simplesmente uma representação de como algo funciona.

Não podemos manter todos os detalhes do mundo em nossos cérebros, então usamos modelos para simplificar o complexo em pedaços compreensíveis e organizáveis.

“Você é proporcionalmente pago pela sua capacidade avaliar cenários e tomar decisões” – Naval Ravikant

Modelos mentais te ajudam a pensar melhor

A qualidade do nosso pensamento é proporcional aos modelos em nossa cabeça e sua utilidade na situação em questão.

Quanto mais modelos você tiver – quanto maior for sua caixa de ferramentas – mais provável será que você tenha os modelos certos para ver a realidade.

Acontece que, quando se trata de melhorar sua capacidade de tomar decisões, a variedade é importante.

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A maioria de nós, entretanto, é especialista.

Em vez de uma rede de modelos mentais, temos apenas alguns daqueles que mais convivemos. Cada especialista vê algo diferente.

Por padrão, um engenheiro típico pensará em sistemas. Um psicólogo pensará nos traumas e incentivos recebidos na vida. Um biólogo pensará em termos de evolução.

Colocando essas disciplinas juntas em nossa cabeça, podemos contornar um problema de uma forma mais completa.

Se estivermos olhando para o problema apenas de uma maneira, temos vários pontos cegos.

Para ficar ainda mais claro: quando um botânico olha para uma floresta, ele pode se concentrar no ecossistema, um ambientalista vê o impacto das mudanças climáticas, um engenheiro florestal o estado do crescimento da árvore, um empresário o valor da terra.

Nenhum está errado, mas nenhum deles é capaz de descrever toda a extensão da floresta. 

A capacidade do nosso cérebro de compreender a complexidade é limitada.

Porém, aprender o básico de outras disciplinas, ou simplesmente aceitar que existem várias maneiras de abordar uma mesma permite melhores tomadas de decisão.

Uma floresta, uma empresa, uma cidade ou uma carreira são melhores manejada quando avaliadas de vários pontos de vista.

Em um famoso discurso na década de 1990, Charlie Munger resumiu a abordagem da sabedoria prática por meio da compreensão de modelos mentais dizendo: 

“Bem, a primeira regra é que você não pode realmente saber de nada se apenas lembrar de fatos isolados. Se os fatos não se encaixam em uma estrutura teórica, você não os tem em uma forma utilizável. Você tem que ter modelos em sua cabeça. E você tem que organizar sua experiência indireta e direta nesta rede de modelos. Você pode ter notado alunos que apenas tentam se lembrar e reviver o que é lembrado. Bem, eles falham na escola e na vida. Você tem que pendurar experiência em uma rede de modelos em sua cabeça.”

Uma rede de modelos mentais

Muitos estudiosos já perceberam e compartilharam vários de seus modelos mentais.

Entre eles estão Ray Dalio, Nassim Taleb, Naval Ravikant, Max Gunther, Dale Carnegie e vários outros.

Para ajudá-lo a construir sua rede de modelos mentais para que possa tomar melhores decisões, reunimos e resumimos aqueles que consideramos mais úteis.

E lembre-se: construir sua treliça é um projeto para toda a vida.

Permaneça firme e você descobrirá que sua capacidade de entender a realidade, tomar boas decisões consistentemente e ajudar aqueles que você ama estará sempre melhorando.

1. O mapa não é o território

O mapa da realidade não é realidade. Mesmo os melhores mapas são imperfeitos.

Isso porque eles são reduções do que realmente representam.

Se um mapa representasse o território com perfeita fidelidade, não seria mais uma redução e, portanto, não seria mais útil para nós.

Um mapa também pode ser um instantâneo de um ponto no tempo, representando algo que não existe mais. 

É importante ter isso em mente quando pensamos nos problemas e tomamos decisões.

Sempre que aprendemos uma fórmula, lemos um livro ou ouvimos algo da boca de alguém estamos fazendo um julgamento a partir do mapa recebido, não do território.

2. Círculo de Competência

Quando o ego, e não a competência, dirige o que empreendemos, temos pontos cegos. 

Se você sabe o que entende, sabe onde tem vantagem sobre os outros.

Quando você é honesto sobre onde seu conhecimento está faltando, você sabe onde está vulnerável e onde pode melhorar.

Compreender seu círculo de competência melhora a tomada de decisões e os resultados.

Quem descreve (e usa!) esse conceito absurdamente bem é ninguém mesmo que o maior investidor de todos os tempos, Warren Buffett:

3. First Principle Thinking

O first principle thinking (ou, pensamento por princípios fundamentais) é uma das melhores maneiras de fazer a engenharia reversa de situações complicadas e liberar possibilidades criativas.

É uma ferramenta para ajudar a esclarecer problemas complicados, separando as ideias ou fatos subjacentes de quaisquer suposições baseadas neles. O que resta são os essenciais.

Se você conhece os primeiros princípios de algo, pode construir o resto de seu conhecimento em torno deles para produzir algo novo.

Em sua conversa com Chris Andersen, fundador do TED Talks, Elon Musk nos proporciona uma aula sobre pensar por princípios fundamentais.

“Bem, acho que existe uma boa estrutura para pensar. É física. Você sabe, o tipo de raciocínio de primeiros princípios. Geralmente eu acho que existem – o que quero dizer com isso é, reduzir as coisas às suas verdades fundamentais e raciocinar a partir daí, em oposição ao raciocínio por analogia. Ao longo da maior parte de nossa vida, passamos pela vida raciocinando por analogia, o que significa essencialmente copiar o que outras pessoas fazem com pequenas variações.”

E ainda completa:

“É importante ver o conhecimento como uma espécie de árvore semântica. Certifique-se de compreender os princípios fundamentais, ou seja, o tronco e os galhos grandes, antes de entrar nas folhas / detalhes ou não há nada para se agarrar.”

Quando pensamos no problema raiz, entendemos que muitas das soluções propostas realmente não tem conexão com o que estamos tentando resolver – geralmente as soluções nos fascinam mais do que o problema real.

4. Experimento Mental

Os experimentos mentais podem ser definidos como “dispositivos da imaginação usados ​​para investigar a natureza das coisas.” 

Muitas disciplinas, como filosofia e física, fazem uso de experimentos mentais para examinar o que pode ser conhecido.

Ao fazer isso, eles podem abrir novos caminhos para investigação e exploração.

Os experimentos mentais são poderosos porque nos ajudam a aprender com nossos erros e evitar erros futuros.

Eles nos permitem assumir o impossível, avaliar as consequências potenciais de nossas ações e reexaminar a história para tomar melhores decisões.

Eles podem nos ajudar a descobrir o que realmente queremos e a melhor maneira de chegar lá.

Permita-se divagar e navegar por suas ideias e problemas, levando-os para extremos e às vezes criando possibilidades impossíveis. Isso pode te ajudar a descrever melhor a realidade.

5. Pensamento de segunda ordem (Second Order Effect)

Quase todas as pessoas podem antecipar os resultados imediatos de suas ações.

Esse tipo de pensamento de primeira ordem é fácil e seguro, mas também é uma maneira de garantir que você obtenha os mesmos resultados que todos os outros obtêm.

O pensamento de segunda ordem é pensar mais à frente e pensar holisticamente.

A pandemia do COVID-19, por exemplo, exigiu que gestores e governantes tomassem decisões pensando em todas as suas possíveis consequências.

Exigir o isolamento social fez com que mudássemos nossos hábitos de consumo, que chacoalhou a economia, que fez com que empresas mudassem suas rotinas, que exigiu inovações e também demissões, e assim por diante.

Cada tomada de decisão exige que não consideremos apenas nossas ações e suas consequências imediatas, mas também os efeitos subsequentes dessas ações.

Deixar de considerar os efeitos de segunda e terceira ordem pode desencadear o desastre.

6. Inversão

A inversão é uma ferramenta poderosa para melhorar seu raciocínio porque o ajuda a identificar e remover obstáculos para o sucesso.

A raiz da inversão é “inverter”, que significa virar de cabeça para baixo. 

Como ferramenta de raciocínio, significa abordar uma situação do lado oposto do ponto de partida natural.

A maioria de nós tende a pensar de uma maneira sobre um problema: para a frente. A inversão nos permite inverter o problema e pensar para trás.

Às vezes, é bom começar do início, mas pode ser mais útil começar do final.

Tim Ferriss conta em seu podcast que costuma abordar problemas complexos pensando “Como isso seria, se fosse fácil”, começando a pensar a partir do ponto de sucesso e traçando rotas dos caminhos mais fáceis até lá.

O resultado é que geralmente complicamos nossos problemas, colocando muitos obstáculos até onde queremos chegar. 

7. Navalha de Ockham (Princípio da Economia)

As explicações mais simples são mais prováveis ​​de serem verdadeiras do que as complicadas.

Esta é a essência da Navalha de Ockham, um princípio clássico de lógica e resolução de problemas.

Em vez de perder seu tempo tentando criar ou refutar cenários complexos, você pode tomar decisões com mais segurança, baseando-as na explicação que tem o menor número de variáveis ou suposições.

Uma abordagem moderna e muito usada em desenvolvimento de software e design é o princípio KISS (Keep it Stupidly Simple ou mantenha isto estupidamente simples). 

8. Navalha de Hanlon

Difícil de rastrear em sua origem, a Navalha de Hanlon afirma que não devemos atribuir à malícia o que é mais facilmente explicado pela estupidez.

Talvez a sua experiência com mídias sociais te ajude a entender esse princípio!

Em um mundo complexo, usar esse modelo nos ajuda a evitar a paranoia e a ideologia.

Por não presumir que os maus resultados são culpa de alguém com más intenções, procuramos opções distintas e mais simples de descrever algo. Este modelo nos lembra que as pessoas cometem erros.

Exige que perguntemos se há outra explicação razoável para os eventos que ocorreram. 

A explicação com mais probabilidade de estar certa é aquela que contém a menor quantidade de intenção.

9. Relatividade

A relatividade tem sido usada em vários contextos no mundo da física, mas o aspecto importante a estudar é a ideia de que uma pessoa observadora não pode compreender verdadeiramente um sistema do qual ele mesmo faz parte.

Por exemplo, um homem dentro de um avião não sente que está experimentando movimento, mas alguém do lado externo pode ver que o movimento está ocorrendo.

Essa forma de relatividade tende a afetar os sistemas sociais de maneira semelhante.

Quando você está mergulhado em um problema de trabalho, por exemplo, envolto por emoções, intenções e atitudes suas e de seus colegas, não consegue visualizar o cenário macro (que muitas vezes contém a resposta que tanto procura).

É sempre mais difícil avaliar um problema quando você é parte dele.

10. Inércia

Um objeto em movimento com um determinado vetor deseja continuar se movendo nessa direção, a menos que haja uma ação.

Este é um princípio físico fundamental do movimento; no entanto, indivíduos, sistemas e organizações exibem o mesmo efeito. Isso permite que eles minimizem o uso de energia.

Se você tem um padrão de movimento em relação ao sucesso, em um momento mais avançado de sua carreira, por exemplo, talvez tenha dificuldade para entender como já foi tão difícil conquistar coisas que hoje são relativamente fáceis.

Isso significa que você adquiriu momentum, se manter em movimento exige menos energia do que entrar em movimento.

Isso serve para todos os aspectos da sua vida, inclusive os que podem te levar a falência. 

Saber avaliar para onde as coisas estão indo, por inércia, é essencial para tomada de decisão.

11. The Content Trap (A armadilha do conteúdo)

Existe um conjunto gigantesco de fatores que conduzem alguém ou uma empresa a uma determinada posição – tentar replicar seus passos olhando apenas para o conteúdo apresentado pode ser uma grande armadilha.

Julgar o sucesso da Coca-Cola julgando apenas o sabor causado pelo refrigerante negro de caramelo dentro de uma lata vermelha é no mínimo inocente.

A fórmula da Coca-Cola pode ser facilmente copiada e replicada por qualquer laboratório do mundo.

Até mesmo algumas estratégias de logística e branding podem ser estudadas e copiadas.

Então por que nenhum outro ou outra concorrente consegue derrubar o maior refrigerante do mundo?

Simplesmente porque construir um império do tamanho da Coca-Cola é resultado de décadas de testes de mercado, criação de cultura, aprimoramento de logística, implantação de tecnologia, reinvestimentos, parcerias comerciais, pioneirismo e milhões de outros fatores que mal conseguimos vislumbrar.

Quando formos tomar decisões avaliando o sucesso ou fracasso de terceiros, precisamos trazer a mesa muito mais fatores do que os possíveis de visualizar.

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Modelos para a vida

Ser um ser-humano que chegou onde quis chegar, exige que você mude sua forma de avaliar e navegar no mundo.

Esses e vários outros modelos mentais podem te ajudar a chegar muito mais longe.

Não posso finalizar sem agradecer a principal referência para construção deste texto: a Farnam Street, que produz conteúdos sensacionais que te ajudam a entender melhor a si mesmo e o mundo.

E você, tem algum modelo mental que te ajuda a viver melhor?

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Comentários (2)
  1. Fran Freitas disse:

    Uau Lucas, que texto maravilhoso. Só reforçou ainda mais minha ideia de continuar “pensando” sobre o que tem ocupado minhas ideias, também no momento de tomar de decisões. Irei compartilhar esse conteúdo, valeu demais!!!

  2. Hen disse:

    I cannot believe that there are people that think alike me. So good that I found this website.

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