É possível que, durante um processo seletivo, o entrevistador pense que uma determinada pessoa não tem perfil para a vaga por ser mulher, ou negra, ou ter mais de 50 anos e por aí vai.
Ou seja, faz julgamentos antes mesmo de conhecer as potencialidades do candidato, suas habilidades e a experiência no assunto.
Fato é que criamos pressupostos para determinados cargos que, se olharmos de perto, não têm o menor cabimento. Por exemplo: “uma pessoa trans não pode estar no topo da liderança” ou “uma mulher ocupar cargos que culturalmente são destinados a homens”.
Esses são vieses inconscientes, funcionando como repetições errôneas de anos de cultura retrógrada. Você já ouviu falar?
O que são vieses inconscientes?
Viés inconsciente é um pressuposto, crença ou atitude aprendida e que faz parte do subconsciente. Ou seja, de tanto ouvir falar, você acaba tendo a informação como verdade. A clássica frase machista “mulher no volante, perigo constante” é um bom exemplo.
E bem inacurado, aliás, já que as estatísticas mostram que mulheres são bem mais cautelosas e se envolvem menos em acidentes…
Em outras palavras, o viés inconsciente é um preconceito implícito que toma a forma de opinião. Ele pode se basear em estereótipos de gênero, classe, orientação sexual, religião, idade e outros motivos, tendo em vista julgamentos e pensamentos relacionados a experiências passadas e armazenadas no cérebro.
De maneira geral, são convicções incorporadas ao nosso dia a dia que ditam comportamentos como se fossem “naturais”, mas que impactam diretamente as inter relações que nutrimos.
Que é ridículo, tá na cara; mas o problema é que todos nós, mesmo nos informando e progredindo, temos vieses inconscientes em algum local do nosso cérebro. É difícil fugir disso – mesmo porque não é comum que nos demos conta quando um viés inconsciente vem à tona.
Mas, se alguém chamar a sua atenção, reflita e repense. Os preconceitos podem formar uma barreira invisível nas relações, dificultando o avanço da diversidade e da inclusão no ambiente corporativo.
Os impactos dos vieses inconscientes nas relações de trabalho
O que te faz pensar que pessoas com determinadas características físicas, espirituais ou de orientação íntima são impossibilitadas de exercer certas posições profissionais?
Vem cá, vamos ser beeeem honestos: cor da pele, com quem a pessoa dorme ou a que tipo de mono ou politeísmo segue nunca foram ditames que comprovam a capacidade da figura. Por que, então, considerar esses itens de foro íntimo e pessoal na hora de preencher uma vaga?
Os vieses inconscientes são responsáveis por diversos desequilíbrios na equipe e podem trazer consequências graves, como conflitos, clima organizacional pesado, competições nada saudáveis, falta de motivação e baixa na produtividade, impactando diretamente no resultado de todo o time.
Além disso, outras consequências mais sérias podem surgir, como assédio moral, misoginia e atitudes preconceituosas que prejudicam não só o ambiente de trabalho como, também, a imagem corporativa.
A coisa funciona mais ou menos assim, como já disse algumas vezes aqui nos artigos da Profissas: a pessoa pode ser uma tremenda idiota em sua forma de pensar e ver a vida – dela e dos outros – e está no seu direito; mas não pense ela que expor opiniões chulas sobre isso não vão causar impacto na sua ficha profissional ou na da sua empresa, porque vai sim.
E tem que causar! Só assim algumas coisas mudam…
O investimento em diversidade e inclusão nas empresas não é mero marketing, mas uma forma inteligente e responsável de potencializar o negócio, extraindo das equipes o que elas têm de melhor.
Vantagens da aplicar diversidade e inclusão no trabalho
Já ouviu falar que o micro impulsiona o macro? Talvez não, porque acabei de criar isso aqui na minha cabeça. ;p Mas, pensando seriamente no assunto, faz todo sentido.
Veja: criar políticas organizacionais que combatam os vieses inconscientes favorece o desenvolvimento organizacional, trazendo novas perspectivas e vantagem competitiva para a organização. Por outro lado, um profissional que é “educado” no serviço sobre como destruir as piores visões sociais que nos foram incutidas ao longo da vida também pode reproduzir isso em suas relações pessoais.
Se cada pessoa impactada por essa, da sua equipe, tiver atitudes cada vez mais inclusivas, teremos uma sociedade bem mais tolerante e justa – que é exatamente onde queremos chegar.
Portanto, mais que um atendimento às exigências do mercado, programas voltados para diversidade e inclusão trazem inúmeros benefícios para o ambiente de trabalho.
Os principais são:
Aumenta a criatividade do time
Proporcionar um ambiente inclusivo e diverso é garantir espaço para o debate das diferenças, valorizando a liberdade de expressão, a genuinidade e a autenticidade dos membros da equipe.
ATENÇÃO: liberdade de expressão não é a mesma coisa de poder falar tudo o que você pensa se tudo o que você pensa estiver envolto em preconceitos e opiniões erradas e maléficas a outras pessoas. Lembre-se: seu direito termina onde começa o do outro.
Favorece a inovação
Com o aumento da criatividade dentro das organizações, é natural o surgimento da inovação no meio corporativo.
O fato é que manter uma força de trabalho diversificada e inclusiva estimula a consideração de inúmeras experiências pessoais e pontos de vista, o que é essencial tanto para o crescimento da empresa quanto para atrair e reter talentos.
Reduz conflitos
Empresas que combatem os vieses inconscientes reduzem muito as situações de conflito. Acontece que a implantação de uma política de conduta saudável favorece a boa convivência ao dar vazão a ambientes amigáveis, colaborativos e estimulantes.
Melhora os resultados
Em um ambiente criativo e inovador, a consequência é a obtenção de melhores resultados de maneira geral, seja em termos financeiros, de produtividade ou operacionais. Afinal, onde há saúde no diálogo existem, também, profissionais mais motivados e envolvidos na realização das tarefas.
Tá bom, mas como combater os vieses inconscientes?
Já te adianto que não é fácil, principalmente se você ainda não se livrou de nenhum até agora. Mas faça um esforço, pois ele compensa demais. Eliminar as crenças limitantes é um passo importante para pessoas que querem se destacar no mercado e, por conseguinte, fazer o mesmo com a empresa onde trabalham.
O primeiro passo é aceitar que não existe mudança do dia para a noite.
O segundo é falar com verdade. A integração da diversidade dentro das empresas deve ser autêntica, não somente baseada em números. É preciso considerar a maneira como as pessoas são acolhidas e, assim, buscar promover respeito e aceitação no mundo corporativo.
Por fim, não tem outro jeito senão a abertura ao diálogo e ao aprendizado. A melhor forma de combater o preconceito é através do conhecimento. Libertar-se de ideias pré concebidas, padrões engessados e julgamentos em relação ao outro abre portas para o compartilhamento de experiências e a valorização do capital humano.
Não é sobre o espaço que você acha que as pessoas têm ou não o direito de ocupar, mas sobre o direito de clamar pela ocupação dos espaços que é de todos que se sentirem aptos a tal.
Se sua empresa não sabe por onde começar, aqui vai uma dica: os treinamentos da Profissas são excelentes ferramentas para te ajudar nessa transição de foco. Criamos experiências educativas e empoderadas para as empresas que entendem que diversidade, equidade e inclusão fazem parte da sua estratégia de crescimento, inovação e responsabilidade social.
Venha conhecer nossos programas de treinamento!