A tecnologia é uma área extremamente necessária, ainda mais em tempos como esses, em que estamos todos conectados. Porém, existe uma peculiaridade nesse mercado que não pode passar batida aos olhos dos desavisados: existem menos pessoas negras do que brancas atuando nesse setor.
Na teoria, tudo é muito bonito! A empresa anuncia uma oportunidade na área de TI e solicita os pré-requisitos necessários para o preenchimento da vaga, como formação acadêmica, experiência na área, cursos de qualificação, certificação e fluência em inglês, entre outros.
Mas, no momento da entrevista e da escolha do candidato, a opção, na maioria das vezes, é por um profissional branco.
Os números não mentem
A população negra sofre uma realidade difícil de exclusão no mercado profissional. A história mostra que o trabalho árduo e braçal sempre foi exclusivo para esse público, sendo motivo de espanto quando, no início do século XX, um negro conseguia um diploma de médico ou advogado, por exemplo.
Contudo, é preciso parar, pensar e questionar: se cerca de 54% da população do Brasil é formada por negros, por que esse grupo sofre com tanta disigualdade e falta de oportunidades?
Não restam dúvidas: o preconceito é o grande motivador dessa desigualdade, dificultando o acesso da população preta ao estudo de qualidade, saúde, segurança, lazer e, principalmente, ao mercado de trabalho.
Embora haja muitos movimentos e ações para que os negros ocupem posições no mercado, condizentes com sua formação, os números mostram que ainda existem barreiras que dificultam a entrada das pessoas no mercado tecnológico.
Uma pesquisa realizada pela PretaLab, em parceria com a ThoughtWorks, demonstra que embora o mercado digital siga em alta, ele é pouco diverso, visto que cerca de 58,3% dos profissionais do setor são brancos e 68,3% são homens.
Quando se trata de contratação de mão de obra especializada, em 32,7% dos casos não há nenhuma pessoa negra nas equipes de trabalho em tecnologia. Em 68,5% das situações, as pessoas negras representam 10% dos colaboradores do setor.
Em outras palavras, a área de tecnologia é composta, em sua maioria, por homens brancos de classe socioeconômica média alta.
É possível mudar essa realidade?
A tecnologia é uma das áreas que mais emprega no Brasil e no mundo, demonstrando não só a sua evolução, mas o quanto ela ainda tem a crescer nos próximos anos. Qualquer pessoa pode fazer parte deste universo, independentemente da raça, gênero e posição social.
O que o mercado precisa é de gente criativa, com ideias novas e muita energia para contribuir com um setor em constante movimento.
Deixar de absorver profissionais negros no mercado tecnológico é um grande desperdício e, para mudar essa realidade, existem dois aspectos que precisam ser trabalhados: o primeiro é o incentivo à educação tecnológica e o segundo está relacionado à diversidade nas empresas.
Veja:
Incentivo à educação
A tecnologia é a profissão do presente e do futuro. É praticamente impossível realizar qualquer coisa sem o auxílio dos recursos digitais. Muitos jovens compreendem, na prática, a sua importância, mas se vêem distantes da realidade de ser um programador, administrador de sistemas, desenvolvedor de softwares ou cientista de dados, por exemplo.
Devido à situação econômica, muitos acabam optando por outras áreas, cujos cursos são mais viáveis financeiramente e com maior probabilidade de adentrar o mercado de trabalho.
No entanto, essa realidade pode ser transformada quando a sociedade como um todo passa incentivar jovens negros a entrarem nessa carreira tão promissora.
Um exemplo é o Programadores do Amanhã, um programa destinado a jovens negros da escola pública que estejam cursando o 2º ou 3º ano do ensino médio, oferecendo formação técnica que vai da teoria à prática.
Programas como esse são patrocinados por grandes empresas que tem como objetivo fazer o seu papel social, desenvolver qualificação profissional e contratar os alunos para o seu ambiente de negócios.
Representatividade nas empresas
Empresas diversas apostam na representatividade e inclusão das pessoas no ambiente de trabalho. Por isso, é necessário puxar os profissionais negros do mercado e trazê-lo para as áreas de TI da organização.
A gente sabe que nem todas as empresas ainda praticam a pluralidade étnica no momento da contratação. E, quando isso acontece, não há uma preocupação real do RH de tornar o espaço de trabalho um lugar de acolhimento, respeito e capacitação.
Infelizmente, os erros em processos seletivos e na ambientação de funcionários negros ainda acontecem com frequência, em decorrência do racismo estrutural e institucional que existe no país.
O ideal é desenvolver os processos de mudanças dentro da organização, de forma a favorecer candidatos, equipes e lideranças. Dessa forma, abrir caminhos para que grupos sub representados se sintam à vontade na área tecnológica.
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