Vivemos falando aqui, no blog da Profissas, sobre diversidade nas empresas.
Isso tem uma razão óbvia: a pauta não é uma coisa passageira que está na moda, mas algo que veio para ficar.
Geralmente, montar uma equipe diversa se alinha aos critérios de ESG de cada organização, mas o fundamento vai além de uma gestão social e culturalmente sustentável: pessoas com backgrounds e ideias diferentes trazem resultados cada vez melhores à organização.
A conversa é estratégica e vai além da necessidade de contratar pessoas que se encaixam em grupos minoritários.
O sentido de abrir espaço para o diverso está, também, na oportunidade de crescimento profissional de cada membro do time. Afinal, se a empresa consegue se destacar é porque os colaboradores estão se destacando.
A engrenagem só funciona se todos tiverem seu momento de aprender e crescer com as diferenças.
Por mais que a preocupação com o tema tenha ganhado cada vez mais espaço no mundo corporativo, ainda há muito a ser feito. Queremos mais a diversidade do que a colocamos em prática.
Para se ter uma ideia, a população negra, que é a maioria no país, ocupa apenas 35% do quadro de funcionários das organizações, de acordo com o Instituto Ethos.
E, quando se trata de liderança, esse percentual cai significativamente, o que é uma pena.
Segundo relatório da consultoria Talenses, das 532 empresas pesquisadas, apenas 5% afirmam ter presidentes da cor preta em seus quadros de funcionários.
Se você parar pra pensar, essa é apenas a ponta do iceberg.
Além de sermos uma nação de miscelânea racial, também compartilhamos o espaço de trabalho com mulheres, mães, pessoas com deficiência, integrantes do grupo LGBTQIAP+ e com o pessoal acima dos 50 anos, que ainda é mega produtivo mas encontra inúmeras dificuldades para adentrar em mercados com perfis cada vez mais jovens.
Se ter uma equipe diversa ajuda sua empresa a ganhar presença no nicho em que se insere, por que a organização ainda não adota a política da diversidade?
A resposta pode ser tão simples quanto preocupante: por desconhecimento.
Uma equipe diversa muda o ambiente corporativo para melhor
Antes de falarmos sobre isso, vamos fazer uma reflexão sobre o que é diversidade no sentido profissional.
Estamos falando da variação das características pessoais, físicas e sociais dos colaboradores, incluindo suas idades, etnia, classes sociais, religião, capacidade intelectual, deficiências, gêneros e orientação sexual.
“Ora, Laís, mas a diversidade no ambiente corporativo me parece muito com a diversidade na vida, como um todo. Qual é a diferença?”
A diferença, jovem padawan, é que aprendemos na vida, como um todo, a respeitar e motivar a diversidade – e espero de verdade que você já tenha adotado essa postura de aceitação e acolhimento para qualquer perfil diferente.
Só que, no ambiente corporativo, muita gente ainda tem receio de dar esse passo, ainda que entenda e qualifique positivamente as pessoas pelo que são.
Quer um exemplo? Na “vida real” você pode ser atuante na comunidade LGBTQIAP+, seja como membro ou entusiasta da causa, e se encher de orgulho por você, seus amigos e familiares que estão no processo de fazer do mundo um lugar melhor e mais colorido.
Mas, na hora de contratar uma pessoa trans para um cargo de chefia, pensa: “melhor não, senão o cliente tal, que é super conservador, vai querer finalizar o projeto”.
Eu sei que, em um mundo capitalista e cheio de inconsistências econômicas, falar em demitir o cliente é mais fácil do que realmente fazê-lo.
Porém, é indispensável ter em mente que o pensamento quadrado e conservador das pessoas em relação a qualquer causa ou minoria não pode e nem deve guiar decisões empresariais.
Quem está nas trincheiras da força de trabalho é que sabe o quanto uma equipe diversa motiva, aumenta a produtividade e conduz a organização a um propósito cada vez mais inclusivo e includente.
O que precisamos fazer, no caso do exemplo acima, é educar os “tradicionais” para a força do novo, falando de – mas não se limitando a – benefícios que a diversidade traz ao resultado final.
Veja o que você, sua empresa e os clientes da sua empresa podem testemunhar a partir da construção gradativa de um time diversificado:
Aumento da criatividade
Valorizar e incentivar um ambiente plural é também uma forma de deixar as pessoas mais à vontade e livres para expressar suas ideias, opiniões e contribuir para soluções genuínas, criativas e inovadoras.
Redução de conflitos
Equipes convencionais, de maneira geral, travam batalhas diárias na busca pelo reconhecimento e por fazer valer suas ideias individuais.
Isso acontece porque não conseguem lidar com quem pensa diferente, priorizando a opinião da maioria.
Em empresas onde existe respeito pela diversidade, a geração de conflitos é substancialmente menor.
Afinal, quando temos facilidade em lidar com as diferenças, elas serão um estímulo, e não um obstáculo, para a criação de propostas.
Pessoas incluídas em cenários diversos acreditam (e com razão) que a ocorrência de opiniões contrárias não é motivo para atritos.
Ao contrário: ideias diferentes podem auxiliar toda a equipe na busca pelas melhores soluções a determinado problema.
Diminuição da rotatividade
Empresas que valorizam a força de trabalho diversificada geralmente propõem uma política mais saudável de convivência, o que é bastante positivo em relação às características e perspectivas de cada um que atua na organização.
Dessa forma, os colaboradores, quando se sentem aceitos e respeitados no local de trabalho, podem estimar um tempo maior de empresa, diminuindo gradativamente a taxa de rotatividade.
Bons gestores sabem que, quanto maior a saída de talentos, mais custosa é a aquisição de novas pessoas. Uma equipe diversa se compromete a ficar por mais tempo simplesmente por ser mais feliz em seu contexto laboral.
Lucro também é bom, né?
Equipes diversas são mais harmoniosas, felizes, motivadas e lidam melhor com os problemas à sua volta. Com isso, produzem mais e elevam a lucratividade da empresa. Quem não gosta?
Uma das principais características de um time plural é a capacidade de tomar as melhores decisões, de forma mais rápida, inclusive, que uma equipe tradicional. Isso aumenta a vantagem competitiva sobre os concorrentes, já que a empresa obtém os melhores resultados para o negócio.
Como a sua organização pode ser mais atrativa para a diversidade?
Formar uma equipe diversa e obter os benefícios dessa mudança não acontece da noite para o dia.
Para isso, é preciso investir em ações que conscientizem os colaboradores e atraiam as pessoas certas, que possam contribuir para o negócio.
Nossas dicas para tornar sua equipe diversa a partir da atratividade da empresa são:
- Realize pesquisa de clima organizacional para entender o sentimento de alguns grupos no ambiente corporativo;
- Trabalhe o clima organizacional de forma a incentivar a diversidade;
- Diversifique o processo seletivo, buscando contratações mais justas e inclusivas;
- Desenvolva comunicação interna que valorize o respeito às diferenças, a conscientização e o acolhimento entre os colaboradores;
- Crie políticas internas e comitê da diversidade.
Formar uma equipe diversa é um processo desafiador. Afinal, é preciso quebrar barreiras, preconceitos e padrões que acompanham o mercado há séculos.
Contudo, a situação é reversível e o resultado desse esforço compensa cada centavo investido em qualificações, treinamentos e trocas de experiências que possibilitam uma compreensão melhor sobre a diversidade.
Para saber mais sobre assuntos voltados ao desenvolvimento organizacional, gestão de pessoas e autoconhecimento, acompanhe o blog profissas e fique por dentro das novidades!