Hoje queria propor uma reflexão sobre como nós nos relacionamos com o trabalho. Nosso trabalho é a maneira como nós manifestamos nossa energia no mundo. Nessa troca, pela nossa energia recebemos dinheiro. E eu acordei com uma pergunta que estou refletindo – desde algum tempo aliás – que gostaria de dividir. A pergunta é a seguinte: que impacto você quer criar no mundo?
Quando falamos de impacto, podemos entender várias coisas: que legado você quer deixar no mundo, qual é o mundo que você quer deixar para suas futuras gerações. Mas, quero falar do aqui e do agora.
Um olhar atento para o nosso sistema
Primeiro ponto, para falar do aqui e do agora, precisamos olhar para a realidade do nosso sistema como um todo. Se lançarmos um olhar atento, vamos chegar a conclusão que o nosso sistema está não é sustentável e pode estar a beira de um colapso. Claro que temos avanços em muitos campos: temos muita sofisticação tecnológica. Mas, precisamos avaliar a que custo chegamos nesse progresso.
Socialmente, milhões de pessoas são obrigadas a deixar suas casas e milhões passam fome enquanto um terço dos alimentos do mundo são desperdiçados. O nome disso é desigualdade.
Ambientalmente, a temperatura do planeta está aumentando desproporcionalmente. E nós somos co-responsáveis: nosso estilo de vida, o nosso consumo move a o mercado que visa crescer indefinidamente. Mas, dentro desse ecossistema, a conta chega para todos nós juntos: seja pelo gasto maior com ar condicionado pra falar algo bem próximo de nós ou com o desaparecimento de cidades como Amsterdam ou Tóquio que deixariam de existir com o aumento do nível do mar provocado pelo aquecimento global.
Pessoalmente, dizem que a felicidade de uma vida repousa nas relações. Quantas das relações não andam desbalanceadas: sejam com os outros e com nós mesmos – me assusta o crescimento do índice de depressão e suicídio em países e pessoas ricas. Me acende um grande sinal amarelo que precisamos colocar isso em pauta.
E agora?
Colocar tudo nisso na mesa para olhar com consciência é dolorido. Mas não olhar não vai diminuir a dor: pelo contrário vai doer mais, no curto e no médio prazo. Jung falava de tornar consciente o que estava inconsciente para poder curar o que tem que ser transformado. Então, se a gente foi capaz de construir isso tudo, é possível transformar. Trata-se de admitir que nós somos co-responsáveis e capazes para resolver juntos os problemas do nosso sistema.
Mãos a obra
Como eu comentei, o nosso trabalho é a maneira que manifestamos nossa energia no mundo. E há uma enorme força se juntarmos isso tudo para buscar um maior equilíbrio, diminuindo as desigualdades e olhando com cuidado para a natureza, que inclui o planeta e as pessoas. A proposta aqui é como usamos a força dos negócios para resolver os problemas sociais e ambientais no mundo.
Um dos possíveis mecanismos é chamado negócios de impacto. É pensar em novos negócios que além de gerarem lucro, também mudem a mentalidade relacionada ao uso de recursos e necessidades. Grandes fundos já estão direcionando recursos para apoiar esse tipo de negócio – e aí há uma grande oportunidade para rever a lógica do sistema.
Para quem faz já parte do sistema – aqui falo das empresas já estabelecidas, acho que não é uma questão de achar que tudo precisa recomeçar do zero, bem pelo contrário, a ideia aqui é partir do que já temos e ir repensando a cadeia de valor como um todo. Como a cadeia de valor lida com recursos naturais, como trata com pessoas, como transforma o mundo no qual participa. Ao fazer isso, há um enorme espaço para inovar, rever posicionamento e ter um diferencial ainda mais único.
Vamos juntos?
O futuro, que começa após terminar a leitura deste artigo, precisa de soluções novas. Eu tenho feito minhas reflexões e escolhas de que realidade que eu quero construir. Desde coisas pequenas como percorrer pequenas distâncias a pé ou de bicicleta – para reduzir emissão e consumo de combustíveis fósseis, olhar para como eu me relaciono com o trabalho, com o consumo, com o dinheiro. E compartilhando um pouco minhas reflexões através de textos como esse.
E eu imagino que nesse ponto você deve estar se questionando: mas eu sou pequeno, meu business sou eu, como assim transformar uma realidade? Ou ainda, sou funcionário de uma empresa… Independente do tamanho, há sempre espaço para transformar a sua realidade. Lembrando que os pequenos também são fonte de inspiração para muitos outros mostrando que é possível começar. E há uma grandiosidade em ser pequeno: é como tudo começa. Aliás, como diria Henry Thoreau no seu ensaio chamado Desobediência Civil: “não importa quão pequeno seja o começo parece ser: o que uma vez foi bem feito é feito para sempre”.
Então mais uma vez deixo o convite: unidos podemos criar um mundo com menos desigualdade, mais respeito e com mais propósito. Eu sugiro que seja a partir de um olhar amoroso mas engajado, um ativismo delicado. Vamos juntos?
Para concluir, convido você a compartilhar a sua visão de mundo sobre tudo isso? O quanto você compartilha desses pensamentos? Ou o quanto você acha simplesmente hipotética essa possibilidade de mudança no mundo? Me ajuda a construir esses pensamentos aqui nos comentários e vamos continuar esse debate! 🙂