Por muitas vezes, quando fui questionada qual seria o meu sonho, respondi: ser independente.
Analise minha situação: sou filha caçula com diferença de 10 e 15 anos dos meus irmãos; aos 20 tive minha primeira empresa com 30 funcionárias; por meus pais viajarem demais a trabalho, desde os 15 anos eu passava alguns meses sozinha em casa; consecutivamente a casa era cheeeeia de câmeras externas (para segurança, claro, mas acaba rolando uma fiscalização à distância).
Enfim, sempre sonhei com a minha independência.
E eu senti ela a primeira vez quando tirei carteira de motorista. Que sensação boa, né? Poder pegar as chaves em cima da mesa, ligar o carro e ir aonde bem entender sem precisar de ninguém: independência.
Acredito que desde pequena entendi que precisava ser independente, afinal se houvesse possibilidade, sempre optava em fazer trabalho sozinha. Eu sofria em pensar nas atividades em dupla ou grupo, pois sabia que teria que depender de alguém para fazer a apresentação ou a pesquisa pro trabalho. Acabava centralizando todas atividades e no fim, sobrecarregava mas entregava um trabalho com excelência.
Acontece que eu sou um pouco fora da curva no sentido de aprendizagem.
Acredito muito no mindset de crescimento e que todos nós temos a capacidade de aprender tudo o que queremos. Claro, existem pessoas que possuem facilidade e outras não, mas que o aprendizado pode acontecer, isso não tenho dúvidas!
E por ser assim, toda vez que eu queria entender algo novo, eu pesquisava, estudava, testava, arriscava e fazia. Recentemente eu comprei o meu domínio e queria fazer um site. Comentei com um amigo que manja muito, com a intenção de que ele pudesse se oferecer para dar umas dicas e tal. Nada. Comentei com outra amiga, que também já arriscou algumas criações, e nada.
O que eu fiz? Abri o Hostgator, abri o Youtube e pensei: alguma coisa tem que sair daqui e eu quero que tenha seção de blog. Claro que não é o melhor site e ainda preciso arrumar todo esse negócio de SEO.
Mas eu fiz. Sozinha. Independente.
Pois bem, essa semana vi o vídeo da JoutJout (que apesar de estar morrendo de saudades dos vídeos longos, eu já tô super feliz com a volta no GNT) que me fez questionar e muito essa independência.
Acredito que essa supervalorização da independência seja maior entre as mulheres. Crescemos ouvindo que precisávamos ser boas estudantes, boas cozinheiras, boas profissionais, boas esposas, boas companhias… que apesar da independência financeiras estivesse atrelada a um homem, todo o resto dependia somente de nós. Que loucura, né?
Talvez por ter crescido nas situações que comentei lá no começo, eu mesma criei um senso de independência do tipo: eu não preciso de ninguém; vou me virar sozinha; eu brinco sozinha mesmo; não faz mal pois eu não dependo de ninguém… Essa supervalorização de independência me deixa.. sozinha.
Eu acabo perdendo uma coisa muito legal que é poder contar com o outro.
Afinal, quando você vive em grupo, não tem porquê você ter que saber tudo. Se você não sabe fazer um site simples, o fulano sabe. Se ele não sabe cozinhar feijão, você sabe! E como a própria JoutJout disse: “Quando todo mundo foca no que é fácil para si, todo mundo faz coisas facilmente que são boas para o todo”.
Agora fica zanzando na minha cabeça como vou ressignificar o termo independência. Eu amo ser independente mas não quero sacrificar minhas facilidades ao ocupar meu tempo com dificuldades por medo de depender da facilidade dos outros. Você me entendeu?
Minha nova definição de independência: não depender de alguém mas poder contar com este alguém.
Assim eu conheci o termo interdependência.
Para contextualizar, nós possuímos 3 fases na vida:
- Dependência: Quando crianças crescemos dependentes, ou seja, necessitamos dos outros para aprender tudo e seguir nossa vida, e ainda quando jovens o nível de dependência de nossos pais é alto (em todos os quesitos).
- Independência (que eu tanto almejava): Depois de experiências, estudos, trabalho, relacionamentos e aprendizados, geralmente nos tornamos independentes, onde você se torna o responsável pelas suas escolhas e consequências.
- Interdependência: O interdependente é, então, aquela pessoa, que não apenas não depende de outros para conseguir o que deseja mas que além disso sabe aproveitar ao máximo o valor que a colaboração pode trazer, alcançando resultados ainda maiores.
Assim, a interdependência é perceber que juntos somos melhores, é unir as forças com as outras pessoas e alcançar resultados incríveis.
Tenho orgulho de tudo que conquistei, de toda essa independência e autonomia que me cerca hoje. Mas agora quero aprender a poder contar com o outro, sem esse medo excessivo ou culpa grotesca que a “superindependência” já me trouxe. Quero ser interdependente!