Se essa é a pergunta que está atrapalhando seu sono, vou te tirar do sofrimento: sim, você é uma pessoa criativa, sem sombra de dúvidas.
Fala sério: já leu algum texto que fosse tão direto assim na resposta quanto esse? ;p
Se a grande dúvida é essa, ela já está respondida, então até mais e tenha um bom dia! Mas, se você quer entender mais sobre seu nível de criatividade, continue aqui.
E por que ser criativo, afinal? Por que seu nível de criatividade deve ser algo do seu interesse, mesmo que você não seja, sei lá, a Lady Gaga ou o Paulo Coelho? A resposta não é simplista, mas pode ser simples: a criatividade é uma habilidade inestimável para o desenvolvimento do que quer que te interesse, seja destacar-se profissionalmente, chamar atenção nas redes sociais, escrever um livro ou pedir alguém em casamento.
Paul Anka adaptou uma canção francesa que ficou famosa na voz de Frank Sinatra, chamada My Way, que diz o seguinte:
Pois o que é um homem, o que ele tem?
Se não é ele mesmo, então ele não tem nada
Para dizer as coisas que ele realmente sente
E não as palavras de alguém que se ajoelha
O registro mostra que levei os golpes
E fiz do meu jeito
Esse trecho traduz o que penso sobre o assunto da vez.
Criatividade não é inventar ou reinventar a roda, não é fazer surgir do zero algo que mudará a vida de todos ou ganhará discos de platina. Tudo isso, claro, conta com processos criativos, mas a essência da criatividade é fazer as coisas do seu jeito, utilizando as ferramentas que estão na sua imaginação para ir além do que você considera trivial.
Por isso, criatividade não é só “coisa de artista que tem o dom”; os artistas “apenas” produzem com base na criatividade – e você também pode. Não é questão de dom, talento nato; é questão de técnica.
Se, pra você, exercitar a criatividade não é importante, tudo bem. Ainda assim, se você tem poder de raciocínio, é uma figura criativa.
Será que sou uma pessoa mais, menos ou mais ou menos criativa?
A pulga está aí, atrás da sua orelha esquerda? Então, você já começou a pontuar; como você verá abaixo, o questionamento é primo de primeiro grau da criatividade.
Medir seu potencial criativo é muito simples e não leva muito tempo. Um “termômetro” tá aqui embaixo. Coloque um V (verdadeiro) ou F (falso) nas assertivas abaixo:
Quando era criança, eu curtia desenhar.
( ) V
( ) F
E, quando desenhava, não me importava com cores ou formas. Meu céu podia ser roxo e meu cachorro tinha asas (pra dizer o mínimo).
( ) V
( ) F
É bem comum que grandes ideias venham à tona quando estou no banho ou cozinhando.
( ) V
( ) F
Um dos motivos que separam minhas boas ideias da execução delas é o medo que tenho de me expor ao julgo dos meus pares.
( ) V
( ) F
Com frequência abro equipamentos e/ou faço pesquisas “nada a ver” no Google só para saber como uma coisa funciona ou o que ela significa.
( ) V
( ) F
As assertivas acima têm como objetivo fundamentar o óbvio, falado na primeira frase desse texto: você é criativo. Mas ele também pode servir para modular o quanto você realmente dá asas à imaginação, pois é justamente o uso da ferramenta que a torna um diferencial.
Bora:
Quando você era criança, gostava de desenhar.
É quase impossível encontrar uma criança que não desenha, já que elas se expressam por meio de desenhos com desenvoltura, principalmente antes de desenvolver a linguagem verbal. Se o seu “eu” criança desenhava nas paredes, móveis e outras superfícies reprovadas por adultos, como o rosto do seu irmão mais novo, ganha uma estrelinha a mais.
Quando você desenhava, não se importava com cores e formas. Seu céu podia ser roxo e seu cachorro tinha asas, para dizer o mínimo.
Nossa criatividade nasce ilimitada; quem coloca os primeiros limites nela (“o céu só pode ser azul, deixa de ser ridículo, cachorro não tem asa”) são os adultos quadradões que não aproveitaram a época deles e querem meter o pé na janta da criançada.
É por isso que muitos de nós vivem caindo na armadilha da busca pela perfeição: o “deixa de ser ridículo” fica aqui em algum lugar da gente esperando para vir à superfície na primeira oportunidade, minando nosso potencial criativo.
É comum que grandes ideias venham à mente quando você está no banho ou cozinhando.
Nenhuma novidade aí. Quando estamos lotados de trabalho e preocupações por todos os lados, a criatividade se aconchega ali, no segundo plano. De repente, quando distraímos um pouquinho, ela aparece.
Pessoas essencialmente criativas têm seus momentos eureca! nos mais variados ambientes. É comum que, no chuveiro, elas recebam o Oscar, sejam campeãs no The Voice ou tenham a grande ideia da vida enquanto ensaboam a parte de trás do pescoço.
Um dos motivos que separam as boas ideias da execução delas é o medo que você tem de se expor ao julgo dos seus pares.
Se o seu grande medo é se expor, isso pode ser resolvido. Como? Expondo-se.
A crítica alheia é um problema do outro frente ao que você faz, e não um problema seu. Acredite: nem todo mundo acha a Monalisa a última bolacha do pacote, nem hoje e nem em 1503, e isso não fez com que nosso amigo Leonardo deixasse de fazê-la.
Agora, se o que separa a ideia da execução não é o medo de se expor, mas a preguiça… isso também é resolvível. Procrastinar é o mal de todo criativo e demanda um certo esforço para ser combatido. Mas esse é outro papo.
Você já abriu um equipamento ou fez uma pesquisa nada a ver na internet só pra ver como determinada coisa funciona/o que ela significa.
A criatividade nasce da curiosidade e do questionamento.
Mesmo você sendo potencialmente criativo, no sentido de “você raciocina, logo pode criar”, a habilidade aflora a partir do momento em que você se sente impelido a conhecer o que move/alimenta/significa aquilo que te interessa – e até o que não interessa.
Nesse processo, desenvolver o hábito da leitura é muito importante, porque todo livro é um portal para um mundo novo. Livros, de qualquer gênero, devem fazer parte das suas planilhas de investimento, e não de gasto.
Concluindo…
… na próxima vez que eu te pegar dizendo que criatividade é coisa de artista ou de quem “tem dom pra tal coisa”, orelhas serão puxadas! Você é a prova viva de que a criatividade existe e pode se orgulhar disso! Não deixe que a síndrome do impostor te faça visitinhas constantes – ela pode até te dar aquele frio na espinha, mas não permita que ela congele sua imaginação.
Ah, antes de sair, se você quiser aplicar mais criatividade na sua escrita, dá uma olhada aqui!