Existe uma diferença sutil entre ser freelancer e ser especialista em um assunto. Mas não a seus olhos, ou aos da própria engrenagem do mercado, que entendem que um bom profissional é sempre bom, independente de trabalhar para uma grande empresa ou para si próprio.
Contudo, é o público que ainda resiste um pouco ao trabalho freelancer, especialmente se ele não vier com o rótulo de “mais barato”: se a pessoa for freela e cobrar um preço justo, e se esse preço não for 1/3 do que uma empresa de seu segmento cobra, emerge das profundezas do mundo dos negócios a tal sutil diferença entre ser freelancer e empregado: para alguns clientes, o freelancer não parece “algo real”.
Muita gente ainda não confia no trabalho de freela por achar que a pessoa não vai entregar com qualidade, ou não vai entregar dentro do prazo, ou não vai emitir nota fiscal (como um MEI, por exemplo)… alguns ainda acreditam que o freela está fazendo um trabalho só para “juntar um dinheirinho”, sem se dar conta de que o freela, muitas vezes, está dedicando todo seu tempo de trabalho a ser freela.
Se você vive essa vida de freelancer e vê essas dificuldades surgindo a cada prospecção que faz, temos uma boa e uma má notícia. A má é que parte desse problema é nossa culpa, já que por muitos anos muitos freelas faziam serviços à parte sem estabelecer prioridades reais, o que acabou moldando a fama de que o trabalho freelancer não é tão sério.
A boa notícia é que isso não está gravado em pedra, o que significa que a imagem que o público tem do freela pode mudar a qualquer momento – e isso só depende do nosso esforço individual para provar o valor do nosso trabalho. Se cada um fizer sua parte, logo, logo o freela será visto como merece: um profissional real, com demandas reais e entregas que valem o investimento do cliente.
Marketing pessoal para freelancers
Para começar a mudar essa percepção, precisamos fazer alguns ajustes no quesito “marketing pessoal”.
Por isso nós separamos as dicas abaixo para que você possa assumir de vez sua condição de profissional freelancer e, com ela, conquistar a fatia de mercado que poderá te garantir a realização dos seus sonhos pessoais e de carreira.
São só 10, bem simples, para começar ainda hoje. Garantimos que todas elas vem com o selo de “mudança de vida”…
#01 Tenha um cartão de visitas
Muitos clientes ainda querem ver uma empresa por trás de um profissional, ainda que seja a empresa de uma pessoa só. Ter um nome, uma marca e um cartão de visitas é uma boa forma de começar seu marketing pessoal como freelancer.
Isso não quer dizer, no entanto, que você é obrigado a gastar tempo e dinheiro pensando no nome de uma empresa que é só sua: você pode ser sua própria marca, desde que se apresente de forma clara e objetiva a seus clientes.
Pode acreditar: o cartão de visitas ainda é uma das melhores formas de causar boa impressão, principalmente em reuniões presenciais. A melhor parte é que o custo para sua produção é bem baixo: com mais ou menos duzentos reais você consegue fazer, pelo menos, mil cartões.
#02 Participe de eventos
E não é só nas reuniões presenciais que você pode distribuir esses cartões, não: a participação do freelancer em eventos de sua área ajuda muito na construção da sua carreira.
Isso porque, como dizia a nossa avó, “quem não é visto não é lembrado”. O simples fato de circular por outros profissionais da sua área já vai fazer com que seu nome esteja na cabeça de uma pessoa que, ao te ver em eventos, pode se lembrar dos seus serviços e te indicar.
Não vamos nem falar sobre a possibilidade de fazer bons contatos em eventos, justamente através da troca de cartões, pois isso é a síntese de porque os eventos existem. Estar por aí pode te render novos parceiros de trabalho, novos clientes e, por que não, novas amizades.
#03 Faça um “detox” nas suas redes sociais
Se você quer ser visto como um profissional de respeito, tem que começar por si mesmo. Não adianta ter um bom cartão de visitas e participar de todos os eventos se, nas redes sociais, você se apresenta como uma pessoa intolerante, polêmica a qualquer custo ou propensa a desentendimentos chulos – como discussões sobre futebol, por exemplo.
Não custa lembrar que postagens racistas, machistas ou homofóbicas podem jogar sua carreira no fundo do poço – quando não te levarem para a cadeia. Por isso, deixe de lado a ideia de que seu Facebook, Twitter e Instagram são um repositório para tudo quanto é coisa que passa pela sua cabeça, porque algumas delas podem te prejudicar bastante.
Lembre-se que seu LinkedIn deve estar sempre atualizado e não deve ser usado para postagens que não sejam profissionais. Seu novo gato, o sobrinho fofo ou a comida predileta são conteúdos que podem ser facilmente remanejados para outras redes.
#04 Seja ativo em fóruns de discussão
Use as redes sociais por suas inúmeras possibilidades de alavancar a criação de uma boa imagem pessoal, e não só para mostrar coisas triviais. Os grupos de discussão de temas relacionados à sua área no Facebook e no LinkedIn são bons lugares para participar de discussões e conseguir firmar seu nome no mercado.
Mas, aqui, vale um adendo: quando estiver discutindo coisas profissionais, lembre-se de ser sempre muito cordial e fiel a seus argumentos. Se discordar de outra pessoa, ataque seu ponto de vista, e não o argumentador. Se notar, por algum instante, que a discussão vai descambar para as ofensas pessoais, resista à vontade de alimentar seu próprio ego e saia da conversa sem render assunto.
Enquanto você consegue aprender novas coisas nesses fóruns, online ou off-line, e está dando boas contribuições à formação de ideias, seja ativo. As pessoas tendem a se lembrar mais do seu nome se você compartilhar boas ideias.
#05 Seja educado com os clientes
Só um freela sabe como tem horas em que a gente quer matar um cliente que torra a paciência, mas esse é um bom exemplo de pensamento que não deve ser externado nem com palavras e nem com ações.
Por mais que o cliente não entenda ou não queira entender seus argumentos, lembre-se de defendê-los com educação e cordialidade. É aquele caso do meme do Caetano Veloso: resista ao ímpeto de falar “você é burro, cara?!” e tente, ao invés disso, um discurso mais “entendo sua posição, mas ainda acho que deveríamos fazer da forma que sugeri por esse, esse e esse motivo”.
Os motivos, claro, devem ser justos. E se, mesmo assim, o cliente não quiser, faça do jeito que ele pede. Por mais que você não goste ou não aprove o resultado, se deixar isso claro, ele acabará percebendo que você não é um inimigo ou alguém de “má vontade”.
Por outro lado, se você for desequilibrado, mal educado, grosso, arrogante ou prepotente, as chances de o cliente continuar o trabalho – ou te indicar para alguém – vão beirar o inexistente.
#06 Seja pontual
Hoje em dia muitas pessoas indicam outras porque sabem que os freelas indicados entregam dentro do prazo. O que deveria ser uma obrigação de todos virou uma moeda de troca, então o mais certo – e ético – a se fazer é bater na tecla de que pontualidade não é opcional.
Seja um bom freela e respeite as horas marcadas das reuniões ou qualquer outro encontro ou solicitação que foi combinada e os prazos que você mesmo estipulou para entregar um serviço.
Assim, enquanto os outros profissionais da área não acordam para a realidade, você vai fazendo seu nome.
#07 Não tenha medo da sua personalidade
Falamos aqui sobre não ser polêmico, não ser mal educado, não comprar briga à toa nas redes sociais. Nesse ponto muita gente deve se perguntar: “mas eu sou essa pessoa que gosta de assuntos polêmicos, eu não sou necessariamente uma pessoa amável, mas sou bom profissional! Como fico nesse cenário?”
Uma coisa é certa: você não tem que mudar quem você é para agradar os outros. Contudo, é uma questão de adaptação de quem você é em seu foro íntimo para o profissional que você deseja ser aos olhos do mercado.
Vou dar um exemplo: vivemos tempos de inflamação política – o que acaba se tornando ainda mais presente em anos eleitorais – e você é uma pessoa que gosta do tema e está certo de sua posição à esquerda ou à direita no espectro do pensamento político.
Enquanto que no almoço de domingo ou no bar com os amigos você pode viver toda sua paixão por um partido ou outro, uma ideia ou outra, melhor deixar toda essa inflamação apenas para os momentos de lazer. Não precisa discutir com o cliente sobre isso, a menos que sua opinião seja perguntada, e nem postar nas redes sociais como é idiota a pessoa que vota em um outro candidato.
Lembre-se que, no mundo capitalista, você não vai só atender a quem pensa como você. Por isso, não tenha medo da sua personalidade, mas adapte-a de forma a tolerar o diferente e não bater boca em público por convicções pessoais que não valem toda a sua carreira.
#08 Faça cursos
Enquanto empresas são mais estáticas, os freelas são pessoas em movimento. E, por isso, precisam se reciclar.
Sempre que se interessar por um curso dentro da sua área de atuação, invista nele e aproveite ao máximo o momento para aprender novas técnicas e fazer mais conexões.
Afinal, todo mundo em um curso da sua área tem os mesmos propósitos e, possivelmente, compartilham contatos de potenciais clientes. A troca de indicações é muito comum no mercado freelancer e fazer cursos pode te deixar ainda mais qualificado para ser lembrado pelos clientes e colegas na hora do boca a boca.
#09 Promova cursos
Se você for um profissional pleno ou sênior da área em que atua, pense em promover cursos e fazer seu marketing pessoal ir ainda mais longe – dessa vez, como uma pessoa que é tão boa no que faz que até ensina outras pessoas a seguirem pelo mesmo caminho.
Quando compartilhamos o saber, além de nos lançarmos como profissionais que sabem o que estão fazendo, também temos a possibilidade de melhorar a visão dos colegas sobre determinados assuntos e deixar o mercado ainda mais especializado dentro de determinada área.
E você conhece a equação: quanto mais fera sua área for, e mais fera você for, mais receberá pelo serviço que se pretende a executar.
#10 Entregue resultados
Por fim, nada diz mais do marketing pessoal do freelancer do que entregar bons resultados, daqueles que deixam o cliente satisfeito e cumprem com o objetivo estratégico para o qual foram contratados.
Sempre que tiver um bom resultado, compartilhe nas redes; se possível, mostrando como aquele resultado foi alcançado e o esforço de trabalho envolvido. Ao mostrar o que fez anteriormente e deu certo, você estará fornecendo ao mercado uma chancela de que é a pessoa mais qualificada para determinado tipo de trabalho.
E se os seus clientes também mostrarem os resultados dando créditos a você, pronto: poucas coisas serão tão valiosas ao seu marketing pessoal do que uma “propaganda gratuita” vinda de quem mais investiu no seu trabalho.
Você tem alguma outra dica de como fazer marketing pessoal sendo freela? Deixe nos comentários e nos ajude a aumentar ainda mais essa lista!