Muito tem se falado atualmente em meditação, com os mais diversos diversos nomes: mindfulness, meditação transcendental, cultivo do silêncio, etc.
E mais do que nunca temos precisado nos conectar com isso.
Estamos 24 horas por dia ligados, mas às vezes sentimos um vazio. Nos sentimos sozinhos em uma mesa rodeados por pessoas. Temos o trabalho que sonhamos e um sentimento que falta alguma coisa. E ficamos constantemente em busca de algo que não sabemos bem o que é. Como eu ouvi uma vez numa palestra na Índia: mind is sick of seeking.
E com as mídias sociais ficamos ainda mais alertas, sempre tentando estar atualizados e com isso aumentando a nossa angústia por buscar algo. Em uma das entrevistas do Simon Sinek, autor britânico que fala de propósito e liderança que ficou conhecido pela sua teoria do círculo dourado, ele aborda a relação química que a tecnologia e as mídias sociais produzem no nosso corpo. A cada interação – likes, mensagens – que recebemos nos nossos telefones, o nosso cérebro libera uma substância chamada dopamina, que é o mesmo composto químico que é liberado quando fumamos, bebemos ou jogamos. E a dopamina é altamente viciante.
Talvez essa seja uma das razões por estarmos falando tanto da prática do silêncio. Precisamos desacelerar: do trabalho, da correria das nossas rotinas, da tecnologia.
Como eu mergulhei na meditação
Sempre fui muito mental e com o raciocínio acelerado. Há uns 7 anos a meditação entrou na minha rotina. Nessa época eu estava me perguntando o sentido da minha vida: queria entender o que eu estava buscando. Já praticava yoga por algum tempo e o relaxamento ao final da prática me fazia sentir bem.
Por sorte, fiz a pergunta em voz alta e me apresentaram a um grupo de estudos estava se formando na casa de uma família com reuniões semanais todas às terças-feiras.
Era um oásis: eu aguardava a terça-feira para me reunir e vibrar em silêncio. E ao final de cada uma das meditações havia espaço para trocar percepções – coisas que são especiais dos grupos. Aos poucos fui fazendo cursos, viagens, retiros, aprendi diversas técnicas, fui experimentando diferentes formatos. O termômetro para mim sempre foi o sentir: determinada prática era boa se ela me fazia bem.
Acho que encontrar sua prática de meditação é como ouvir música, alguns sintonizam uma música clássica e se encontram ali, outros preferem o jazz, outros o rock e há um – ou vários ritmos e meditações para cada pessoa. Como encontrar a sua? Experimentando.
No pain, no gain
Mas, demorou um pouco para que fechar os olhos e ficar em silêncio sozinha fizesse algum sentido. Acho que é igual a aprender qualquer coisa nova: um esporte, um instrumento musical. Você tenta, insiste, tenta mais um pouco, pega umas dicas com alguém que sabe mais que você, até que um dia alguma mágica acontece: você corre os primeiros 5 quilômetros, você tira uma música no piano… Então, algum dia, pela primeira vez você sente algo na meditação. Mas não tem linha de chegada: você sente algo sutil. E para nos conectarmos com o sutil, é preciso estar com nossos sentidos todos ligados. Pode ser um cheiro, uma sensação, uma voz, um sentimento, uma imagem e tantas outras coisas.
Hoje há muitos estudos que falam dos benefícios da meditação, muita pesquisa científica que comprova e quantifica o bem-estar e poder curativo e transformador da prática, há a física quântica que explica que somos muito mais que matéria, mas gosto muito dessa explicação do Satish Kumar:
As palavras meditação e medicina estão relacionadas. Elas vêm do latim mederi, que significa “prestar atenção” e “cuidar”. Quando prestamos atenção ao nosso corpo físico para dele cuidar, principalmente em um momento de doença ou desconforto, lançamos mão de um medicamento. Da mesma forma, quando prestamos atenção ao ser interior, nossa alma, nosso espírito e nossas emoções, adotamos a prática da meditação.
Solo, Alma e Sociedade – Uma trindade para o nosso tempo
E quando falamos em cuidar do corpo, nos referimos logo a prática de esportes e alimentação, mas esquecemos de prestar atenção nas nossas emoções, na nossa respiração, nos nossos sentimentos. O que também é extremamente importante.
Quando eu pratico o silêncio, fico sozinha os principais benefícios que eu sinto são:
- Sinto-me mais conectada com o meu interior e com quem eu sou de verdade
- Minhas ideias ficam mais claras, consigo organizá-las e ter outras ideias
- Sinto um estado de harmonia: uma paz comigo mesmo
Um balanço até agora
Alguns anos se passaram e muita coisa evoluiu. Não virei monja e sigo me desafiando para ter a disciplina para sentar e meditar diariamente – assim como escovamos os dentes.
Um tema que escolhi trabalhar na minha presença, ou seja, o auto-observar o quanto estou presente nas atividades. Esse estado me deixa muito mais alerta – e alerta de quando não estou alerta. Um exemplo cotidiano: esses dias fui cozinhar e me cortei. Voltei no tempo e percebi que não estava com 100% da minha atenção naquilo que estava fazendo.
Descobri que o importante não é uma técnica e sim a prática: hoje minha técnica de meditação é super simples e funciona para mim.
Aprendi também que estar ao ar livre na natureza em movimento é um grande estado meditativo para mim mesmo que eu esteja correndo a 165 batimentos por minuto. Esses dois elementos, natureza e movimento são parte da minha essência e me colocam em outro estado.
Das experiências que tive meditando em grupos, entendi que quando várias pessoas estão em uma mesma vibração, a energia se potencializa e coisas incríveis acontecem dentro da gente.
Nas épocas que me desconecto um pouco da meditação, logo sinto uma necessidade de voltar a se encontrar comigo mesma. Tem um escritor inglês chamado Richard Louv que cunhou o termo déficit de natureza, para falar das crianças que vivem longe da natureza. É o que sinto quando não medito: déficit de se conectar com a minha própria natureza.
Se você sente, vá em frente
Ninguém melhor que nós mesmo para avaliar o que é melhor para si próprio. Para saber se a meditação é o que você está procurando, uma boa maneira de começar é fazer uma auto-avaliação de como você está se sentindo ultimamente:
- Com que nível de energia você tem terminado seus dias?
- Como você tem se sentido nas interações com as outras pessoas?
- Quanto tempo a vida digital tem ocupado e quanto você tem vivido os momentos offline?
Caso você sinta que está precisando desacelerar ou que quer se conectar de uma maneira diferente com a sua vida, talvez seja o momento para começar a procurar uma técnica ou um método de meditação.
Se você buscar no seu círculo de amigos, familiares provavelmente alguém vai poder te ajudar, sugerindo alguns caminhos para você trilhar sua jornada. Como diria Rumi, escritor e mestre espiritual persa do século XII, não é o sedento que busca a água, mas a água que busca o sedento. Ou seja, a meditação vai te encontrar. Livros, cursos e até mesmo, aplicativos podem ser úteis nessa descoberta de qual é a técnica que funciona para você, seja ela sentado só de olhos fechados, meditando em grupos ou mesmo numa caminhada na natureza.
Na sequência, sugiro criar uma rotina e ter disciplina nas práticas. Aos poucos o caminho vai clareando, as práticas vão reconectando a dimensão de totalidade da vida humana – dimensão essa essencial e simples: a experiência da vida em sua profundidade.
Gostou do assunto? Quer saber mais? Deixe sua sugestão nos comentários:
A – DO – REi!!!!!
pRECISO MUITO ME ACHARNA MEDITAÇÃO. gRATA PELO ARTIGO