Infelizmente, a comunidade LGBT+ ainda sofre com a discriminação por orientação sexual e identidade de gênero, inclusive no mercado de trabalho.
Mesmo com o aumento da conscientização social, muitas pessoas ainda enfrentam desafios no mundo corporativo.
Para se ter uma ideia, uma pesquisa de 2021 realizada pela empresa de consultoria Santo Caos, afirma que 61% das pessoas LGBT+ no Brasil escolhem esconder de colegas e lideranças a sua orientação sexual por receio de represálias e possíveis demissões.
Na maioria dos casos, a exclusão da comunidade LGBT+ começa na infância.
Isso, muitas vezes, impede que essas pessoas trilhem uma jornada com educação de qualidade, resultando em situações de má formação profissional e, por consequência, falta de oportunidade de emprego formal.
A discriminação é ainda maior entre pessoas trans e gays denominadas como “afeminadas”, mesmo possuindo as qualificações necessárias.
Quando elas são contratadas, é comum que sejam orientadas a seguir normas sociais, ou seja, são instruídas a ocultar sua identidade de gênero e sexualidade, provocando um desconforto tão grande, que na maioria dos casos não aguentam e desistem da vaga.
A luta pelos direitos da comunidade LGBT+ continua
É fato que já avançamos vários passos em relação à questão da diversidade e inclusão nos últimos tempos.
Mas, ainda existe muita estrada pela frente quando o assunto é mercado de trabalho, para todos os grupos de diversidade.
Segundo levantamento realizado pela plataforma LinkedIn, 35% das pessoas que foram entrevistadas já sofreram algum tipo de discriminação velada ou direta em alguma empresa.
O estudo revela ainda que comentários homofóbicos ou piadas foram os mais citados entre as formas de discriminação atual.
Como reflexo desta situação, muitas pessoas evitam expressar sua sexualidade e identidade de gênero no trabalho, pois sentem que isso pode impactar negativamente em sua posição atual.
Principais obstáculos da comunidade LGBT+ no mercado de trabalho
A inclusão de pessoas LGBT+ nas empresas ainda é um grande desafio.
Ao serem inseridos no mercado de trabalho, é importante que todos os grupos de pessoas recebam acolhimento por meio de uma política de cuidado.
São práticas inclusivas que vão desde a divulgação de uma vaga até a contratação, período de permanência e desligamento da pessoa na companhia.
Se você chegou até aqui, certamente concorda que as empresas deveriam tornar as ações de D&I uma realidade o quanto antes, não é mesmo?
Todavia, mesmo que as companhias reconheçam esta necessidade, sabemos que ainda existem muitos obstáculos, a começar pela resistência da liderança em investir na área de D&I.
É comum, por exemplo, pessoas gestoras acharem que é caro fazer a Diversidade e Inclusão acontecer nos negócios.
Na prática, isso não é verdade!
Ações e estratégias em diversidade e inclusão, se bem planejadas, fazem toda diferença para os resultados que a empresa deseja ter.
É uma otimização de recursos, por mais que muitas companhias digam o contrário.
O custo de uma estratégia errada é muito maior que o custo para ter uma pessoa especialista em Diversidade e Inclusão.
E o que acontece quando as pessoas não se sentem acolhidas?
Por receio de uma má impressão, elas se escondem, adquirindo com o passar do tempo diagnósticos como: ansiedade, depressão e estresse.
Por não saberem lidar com as pressões de uma sociedade heteronormativa, acabam aceitando essa imposição do que é “certo e normal” não falar sobre suas orientações sexuais e identificação de gênero.
Hoje, alguns dos principais problemas nas empresas e que só agrava a situação das pessoas colaboradoras (tanto no bem-estar, quanto na saúde mental e produtividade):
- achar que D&I é ação de marketing para a empresa;
- pensar que as coisas se resolvem com ações pontuais;
- afirmar que fazer D&I sai caro;
- não realizar um diagnóstico na empresa antes de planejar as ações de D&I;
- se preocupar com D&I somente em uma fase da pessoa dentro da empresa.
Lideranças, entendam de uma vez por todas: não é fácil ser uma pessoa da comunidade LGBT+ no mercado de trabalho.
Tenha em mente que fazer a D&I acontecer é o início de uma jornada que não tem data para acabar! A Diversidade e Inclusão é o futuro dos negócios.
Não existe uma receita pronta para garantir um ambiente seguro e saudável a todos grupos da diversidade, existe a possibilidade de maior comunicação e empatia ao próximo.
Para isso, é preciso extinguir preconceitos e dar abertura para maiores diálogos sobre o assunto nas companhias, visando a melhor compreensão das diferenças, e entendimento de que somos o que somos.
Aqui na Profissas, por exemplo, quando oferecemos nossos serviços em Diversidade e Inclusão para as organizações, criamos experiências realmente transformadoras.
Nesse sentido, é preciso exercitar a escuta ativa.
Em nossos trabalhos, alinhamos o conhecimento especializado com o que investigamos, de forma estruturada, com representantes das empresas e com a comunidade, para chegar ao desenho final da entrega.
Assim, conseguimos criar experiências conectadas com as pessoas, com a cultura e com as metas do negócio.
Nesse cenário, o processo de letramento, capacitação e sensibilização de todas as pessoas da empresa é fundamental.
Sem o letramento, pode acontecer de uma pessoa ser violentada dentro da própria empresa por quem deveria ser seu par ou liderança.
O número de ocorrências de assédio, capacitismo, racismo, homofobia ou transfobia é grande nas empresas que não se preparam adequadamente para incluir a diversidade.
É o que conta Sônia Lesse, nossa diretora de experiências:
“Já vi pessoas candidatas que compartilharam depoimentos com casos de racismo, homofobia, transfobia, gordofobia, machismo, tudo isso em um processo seletivo que era de ação afirmativa”.
As empresas precisam de alguém que conduza esse processo de mudança desde o início da contratação.
Só assim grupos sub-representados se sentirão respeitados desde o primeiro contato, já no anúncio da vaga.
Então, o letramento é peça chave para que todas as pessoas estejam comprometidas com a inclusão da diversidade e a sua linguagem.
Compreenda: uma empresa não se torna pronta para acolher a diversidade de uma hora para outra.
É necessário planejamento e desenvolvimento constante da área em sua integralidade.
É um trabalho que pede urgência nas empresas, mas que requer tempo. O importante é começar e aperfeiçoar as ações a cada dia.
Conheça o #REPRESENTOU: o podcast da Profissas para falar sobre Diversidade e Inclusão
Para nós da Profissas, a pauta da Diversidade e Inclusão acontece todos os dias.
Então, sem sombra de dúvidas, no mês em que celebramos o Dia Internacional do Orgulho da Comunidade LGBTQIA+, isso não seria diferente!
Para marcar a data, lançamos recentemente o nosso podcast #REPRESENTOU.
Ele foi criado com o propósito de aprofundar nos temas Diversidade e Inclusão, além de refletir sobre ações inclusivas e assuntos pertinentes a todas as pessoas.
No primeiro episódio, o analista de negócios na Profissas Wagner Henrique aborda sobre os desafios para lésbicas, gays, trans e bissexuais no mercado de trabalho.
Entre as pessoas convidadas estavam a analista de conteúdos e comunidade da Profissas Fernanda Atayde, a estudante de veterinária Isadora Braimes e Arthur Bugre, que atua como palestrante e mentor em Diversidade e Inclusão.
Confira, abaixo, alguns trechos:
Fernanda Atayde conta que desde a sua graduação esteve ligada a projetos relacionados a comunidade LGBT+, como seu antigo podcast “Poccast” em que foi apresentadora.
“Em minha trajetória, atuei em diversas agências de publicidade e empresas oferecendo suporte para a criação de conteúdos sobre empoderamento feminino e sobre a comunidade LGBT+. Hoje, me sinto acolhida na empresa em que trabalho, mas já vivi situações difíceis, em que fui silenciada e não pude me posicionar ou ser quem eu sou,” explica.
Arthur Bugre é um homem negro retinto, transexual e neurodiverso. Ao longo de sua caminhada, Arthur Bugre aprendeu a ter orgulho de quem é e da sua essência.
“No momento em que me assumi, fui muito bem acolhido pelas pessoas mais próximas, mas isso não significou que tinha um espaço de acolhimento direcionado para mim ali dentro. Sempre rolava uma piada, um apelido. Então, de um jeito ou de outro isso me influenciou a não falar muito sobre o tema na época. Hoje, transformo minhas vivências em conhecimento e missão de vida. Como especialista em D&I e palestrante, meu propósito é colaborar na construção de ambientes mais plurais e inclusivos por meio das Ilhas de Acolhimento”, afirma.
Isadora Braimis é estudante de Medicina Veterinária e atualmente trabalha em um projeto autônomo com Pets.
“Me assumi recentemente e foi um processo bem difícil, pois tenho pais conservadores. Mas eu queria ser livre, ficar bem em casa e bem com a pessoa que amo. Por isso não pude continuar me escondendo. Tem dias mais fáceis, outros difíceis, mas sei que é um processo. No ambiente corporativo, já escutei que não tinha “cara” de quem namora mulheres, que pareço “patricinha” ou coisas do tipo. Nesse período, busquei acolhimento com um colega que também faz parte da comunidade LGBT+ e isso me fortaleceu”, conta.
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