Produtividade

Como gerenciar seu tempo pode te deixar mais produtivo, mais rico e mais desejado no mercado

Estive refletindo sobre meu mês de novembro, em que me desdobrei em várias frentes de trabalho diferentes: toquei minha empresa, fiz minha parte aqui na Profissas, cobri férias em uma equipe de publicidade, orientei cinco alunos em artigos científicos para conclusão de pós-graduação e, nos domingos em que tive fôlego, ajudei uma amiga a vender picolés em um quiosque que ela tem no shopping.

Diante disso, um amigo me disse: “não sei como você consegue fazer isso tudo, parece que há um elástico de horas no seu dia”.

Bom, estou aqui hoje para falar sobre o elástico do tempo e o valor que ele tem na nossa vida – e como ele pode nos tornar mais produtivos, mais felizes e, porque não, mais ricos, sem acabar com a nossa saúde.

Aliás, sobre isso, preciso voltar duas casas no jogo da vida para explicar como é que eu aguentei sobreviver a novembro com “cinco empregos”, uma vez que até a gestão do tempo é uma questão de treino e de hábito.

Vamos passo a passo que você vai entender tudinho. Sem pressa. Te garanto que você tem tempo pra isso.

O segredo do gerenciamento: a prioridade

Ano passado eu fui pedida em matrimônio, o que trouxe uma nova meta na minha vida, que era pagar uma festa de casamento em dois anos. Até então eu tinha meu dinheiro, minhas prioridades momentâneas, mas nenhuma meta de médio ou longo prazo.

Quando comecei a fazer as contas de quanto eu precisaria ter para a festa dos sonhos – que, até então, jamais tinha sido um sonho – vi que o que eu ganhava não era o suficiente, a menos que eu fosse me casar só daqui a cinco anos.

Nascia, aí, uma prioridade.

Enquanto a gente não achar uma prioridade para o gasto do nosso tempo, não há como gerenciá-lo da forma correta. Tive sorte de ter uma prioridade que escolhi ter, que era bancar uma coisa minha. Muita gente precisa desenvolver essa prioridade a partir de uma doença, de um acidente ou da completa falta de perspectiva profissional.

Dando os exemplos, um por um:

  1.   A pessoa não tem tempo de ir na academia, até que descobre estar com um problema sério de saúde. Esse é o gatilho, a prioridade, para que ela “encontre” tempo para fazer atividades físicas.
  2.   Uma pessoa se envolve em um grave acidente de carro e sobrevive. Um filho, no hospital, pensa que antes disso não passava muito tempo com a pessoa, e agora “encontra” tempo para socializar mais com aquela pessoa.
  3.   Alguém estava na sua zona de conforto, fazendo as mesmas coisas de sempre, sem tempo para reciclar seus conhecimentos. Basta perder uma promoção que queria muito para “encontrar” tempo para fazer cursos profissionalizantes e se preparar para a próxima chance.

Nesses três cenários, “encontrar” está entre aspas porque, na realidade, o tempo para desempenhar essas atividades estava ali o tempo todo; a pessoa só não tinha transformado aquilo em prioridade.

Quando essa chave muda dentro do nosso cérebro, conseguimos gerenciar melhor nosso tempo de acordo com nossos objetivos e sonhos.

E, por incrível que pareça, paramos de viver uma vida apressada para organizar melhor nosso desempenho dentro das 24 horas diárias que temos.

O segredo da prioridade: a organização

Paulo Cintura, personagem da Escolinha do Professor Raimundo, já dizia: “saúde é o que interessa, o resto não tem pressa”. A ironia é que quem vive sempre apressado é o que mais entende a realidade desse bordão.

É aqui que volto duas casas para te explicar que a prioridade não significa nada no seu relógio diário se sua rotina não estiver organizada e preparada para que você tenha tempo. E, nesse caso, a saúde é um ativo mais importante do que o normal.

No primeiro semestre, dei uma surtada sobre como eu iria conseguir a grana para pagar pela festa de casamento e saí fazendo tudo-ao-mesmo-tempo-agora só porque as tarefas pareciam caber dentro do meu dia.

Acontece que não me preparei, nem física e nem emocionalmente, para o turbilhão de coisas que eu queria fazer. Nosso corpo é um sistema, e o meu falhou completamente: a vinte dias de entrar no bloco cirúrgico para tirar a vesícula eu descobri que estava com pneumonia e sinusite, resultados de uma imunidade extremamente baixa. E olha que eu ainda conseguia dedicar uma hora do dia à academia.

Curada desses probleminhas, dei um gás antes da cirurgia para poder tirar cinco dias pra mim, pra me recuperar. Dessa vez, disse não para algumas tarefas e listei tudo o que eu precisava fazer para merecer essa folguinha. Separei meu dia em blocos de atividades com metas específicas e não desligava enquanto não estivesse tudo pronto.

Percebi, nessa semana, que estava fazendo muito mais coisas do que antes – porém, não tinha mais a correria e o desgaste de achar que tudo estava em cima da hora. Eu tinha, então, duas prioridades: casar (longo prazo) e tirar folga depois da operação (curto prazo) e, de maneira organizada, me preparei para fazer as duas coisas, exatamente na ordem em que elas apareciam na minha agenda.

O segredo da organização: a contagem regressiva

Chegamos a novembro, quatro meses depois da minha cirurgia e a seis meses do meu casamento. Desempenhei, durante trinta dias, vários papéis diferentes. Fiquei cansada, sim, mas não exausta. Não doente. Não com pressa.

Aprendi a organizar meu tempo de acordo com minhas prioridades e acabei chegando à conclusão de que muita gente não consegue fazer o mesmo porque não leva em consideração a maior prioridade de todas: a vida.

Vivemos em contagem regressiva, em um paradoxo absurdo do mais e do menos. Hoje é mais um dia de vida, mas é também menos um. O que precisa ser feito agora não pode ser deixado para depois porque o depois pode nunca chegar. E, por mais trágico que isso pareça, é também uma verdade.

Dizem por aí que rico não é quem tem dinheiro, e sim quem tem tempo, e esse é um fato incontestável. Basta ouvir relatos de pessoas em seus leitos de morte que nunca desejavam ter mais dinheiro, o carro do ano ou uma casa na praia: a maior parte de nós vai desejar, momentos antes de partir, ter tido mais tempo pra ficar e viver o que era importante.

E o que é importante pra você?

O segredo desse texto: o tempo

Você só vai conseguir ser rico, ser produtivo, fazer as coisas que você quer fazer para conquistar seus objetivos pessoais se conseguir organizar seu tempo com base nas suas verdades pessoais.

Se conseguir enxergar que o tempo não volta e não para, então você tem que se adaptar em tempo real – e, muitas vezes, em tempo recorde.

Por isso, não esqueça de cuidar da saúde, da mente e do relógio de forma sustentável. Faça exercícios e coma bem, para ter mais energia – e, assim, sentir que tem mais tempo para fazer o que precisa.

Tenha consciência de que só uma organização minuciosa do seu tempo vai te permitir essa sensação de elasticidade – o resto vai te fazer mal, deixar sua imunidade baixa e te causar doenças que te farão ser obrigado a pensar em como você gasta seu tempo.

E seu relógio deve ser o preço do seu trabalho: quanto vale o seu tempo doado para a empresa que você trabalha? Quanto vale as suas horas de trânsito, as extras, a falta da viagem no fim de semana?

Spoiler alert: apenas um propósito que se relacione com a sua verdade vai pagar esse tempo – o resto é salário, dinheiro, e no fim da vida ele não vai te servir de absolutamente nada.

Por isso, se você chegou até aqui nesse texto é porque saber o valor do seu tempo é importante pra você, e isso é uma via de mão única, porque você não é, em absoluto, necessário ao tempo. Então use-o da melhor forma possível, de preferência deixando marcas no mundo de que você viveu, mais do que, simplesmente, existiu.

É assim que cada um dos seus dias terá a sensação de ter sido investido, e não gasto. Na bolsa de valores da vida, esse é o maior rendimento possível.

Comentários (3)
  1. wilton ramos disse:

    Hoje mais um dia e também menos um.
    Uma grande reflexão.

  2. Emerson disse:

    “Enquanto a gente não achar uma prioridade para o gasto do nosso tempo, não há como gerenciá-lo da forma correta.” Sensacional.

  3. Gabriel disse:

    Caracas, pense num texto sensacional. Chega dá gosto de ler, e fiquei triste de ter terminado, pois ainda que curto, agregou valiosos ensinamentos.

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