Quando foi a última vez em que você passou pra frente uma notícia falsa?
A primeira a gente não se lembra qual foi, mas talvez o “quando” ainda exista na nossa mente. Quer ver?
Se sua infância foi movimentada, você provavelmente brincou de telefone sem fio, que funcionava mais ou menos assim: era feita uma fila e alguém passava uma mensagem para frente cochichando no ouvido do outro colega. Não valia repetir. Quando a última pessoa da fila ouvia a mensagem, tinha que repeti-la em voz alta.
Nem sempre o que chegava ao fim da linha era a frase que começou a brincadeira. Algumas vezes, passava longe – nem o assunto era o mesmo. A brincadeira começou com “a menina comprou pão” e terminava com “roubaram o pão da menina”.
Era aí que a gente descobria, ainda criança, que a mensagem se perde muito facilmente por vários interlocutores. Naquela época, não tinha tanto problema: era apenas uma brincadeira. A expressão “telefone sem fio” até ficou bem conhecida por dar contornos de mensagem deturpada a recados ou notícias que, simplesmente, não condiziam com a realidade.
Hoje, isso não é mais tão inocente. O telefone sem fio foi potencializado pela tecnologia, na forma de sites, grupos de WhatsApp e redes sociais, e pode terminar de forma bem ruim.
E, atualmente, o nome que se dá ao telefone sem fio do mundo virtual, em que as pessoas deturpam mensagens originais e as transformam em mentiras de toda magnitude, é “fake news”.
E elas dizem muito sobre o legado que você deixa no mundo.
O lado assustador das notícias falsas
Fake news é o termo em inglês para o mesmo conceito em português: notícia falsa. É tudo o que tem roupagem de boato, cheira como boato mas que é tão bem introduzido dentro do dia a dia que acaba passando batido – e sendo tomado como verdade absoluta.
O Brasil viu a que ponto chegaram as fake news muito recentemente, após a morte da vereadora Marielle Franco. Seu assassinato chocou o Brasil e colocou todos em estado de alerta – até que uma série de notícias falsas começou a circular no WhatsApp e serviu, a algumas pessoas, como uma perfeita justificativa de porquê Marielle foi morta.
As notícias davam conta de que ela tinha sido eleita com o dinheiro do tráfico e que o pai da sua filha era um dos traficantes mais perigosos do Rio de Janeiro. Mesmo se tudo isso fosse verdade, nada justifica uma execução. Mas, para completar, era tudo mentira.
Se você teve dúvidas sobre o conteúdo dessas mensagens e não passou nada disso para frente, parabéns: você foi menos uma pessoa das milhares que começaram a ter certeza, da noite para o dia, que Marielle tinha uma vida absolutamente errada frente a seu compromisso de gestão pública.
Muitos pais, irmãos, tios e amigos de todos nós pisaram na bola e passaram a mensagem pra frente. E, pior ainda, acreditaram estar certos. A Revista Subjetiva fez esse post no Medium mostrando exatamente como funciona a lógica das fake news, uma leitura que nos enche de tensão e nos pede atenção.
Cair nas fake news é muito fácil.
No caso de Marielle, pense o seguinte: ela era do Psol, um partido que, como qualquer outro no Brasil, não tem 100% de aceitação popular. Só que quem não gosta nada, nada mesmo, do que ela era ou o que fazia, mas apoia outros partidos ou pessoas, conseguiu se aproveitar do hype do assunto (a morte de Marielle) para propagar que ela não tinha bons antecedentes.
E é aí que mora o perigo: por trás de cada notícia falsa que a gente vê circulando pela internet existe uma pessoa, ou um grupo de pessoas, que se beneficia com ela. Por isso devemos estar sempre vigilantes e nos manter em profundo questionamento, o tempo todo. Acreditar facilmente no que alguém diz nem sempre é sinal de boa fé ou ingenuidade. Desculpa falar com crueza, mas é que também pode ser só burrice, mesmo.
No caso das telecomunicações, e como elas se espalham com uma agilidade incrível nos dias de hoje, alimentar as fake news é uma atitude que nos transforma de vítimas (de notícias muitas vezes dadas por alguém em quem a gente conhece e confia) a algozes. Afinal, só as pessoas que já tiveram a vida bem prejudicada por fake news sabem que elas carregam um imenso potencial destrutivo.
Os efeitos das fake news não são sentidos apenas no foro íntimo, com o sofrimento de alguém por um boato espalhado. Curiosamente, a humanidade inteira resolveu se colocar em risco por acreditar em qualquer coisa. Recentemente, ocorreram nos EUA surtos de doenças que já estavam erradicadas porque os pais estão parando de vacinar seus filhos.
Muitos deles alegam que as vacinas são nocivas e apenas um meio de manter de pé a indústria farmacêutica e o controle do governo sobre os medicamentos.
Reflita.
Como fugir das fake news
É inevitável que, ao receber uma notícia bombástica nos grupos de WhatsApp ou ler uma manchete sensacionalista das redes sociais, nosso primeiro pensamento seja passar aquela notícia para a frente.
A ansiedade por “dar o furo da notícia”, no jargão jornalístico, tem uma explicação que ninguém vai admitir ser verdadeira, mas está aí pra quem quiser ver. Vive em nós um bichinho chamado ego e ele adora ser alimentado, principalmente pela ilusão de que estamos bem informados e somos os primeiros a dar notícias interessantes aos nossos amigos e familiares.
A primeira dica para fugir das fake news é, justamente, deixar essa vontade só no pensamento – pelo menos por enquanto. Siga os passos abaixo para saber se a notícia merece ser levada adiante:
- Vá a sites de reportagens oficiais, como G1, BBC, NY Times, ou ligue o rádio nas estações de notícias. Se algo aconteceu a alguma celebridade ou personalidade, eles saberão;
- Ao ler uma manchete nas redes sociais, clique na reportagem e leia tudo até o fim. Manchetes são feitas para chamar a atenção e podem exagerar no que realmente aconteceu;
- Se alguém te passar um vídeo bombástico em que rostos de pessoas aparecem nitidamente, em qualquer contexto, não passe para a frente sem apurar (em sites ou outras fontes confiáveis) se aquilo é realmente verdade;
- Mesmo que alguém fale, em uma mensagem, o nome da pessoa que aparece no vídeo, não considere isso uma boa apuração. Pode ser mentira;
- Se a mensagem contiver itens que despertem a sua emoção (como se tratar de alguém que você não gosta, por exemplo), apure muitas vezes antes de enviá-la para os outros. Faz parte do lado oculto do ser humano querer prejudicar seus “inimigos” a qualquer custo;
- Não use as redes sociais e os grupos de WhatsApp para fazer fofoca. Utilize a tecnologia para aprender coisas novas e passar para frente bons ensinamentos, que possam ajudar outras pessoas.
Se, no meio do caminho de apuração, você descobrir que a mensagem se trata de uma notícia falsa, conte a quem te mandou e avise os amigos de que uma provável notícia pode se espalhar, mas ela é falsa.
Cortar o mal pela raiz é sempre o mais indicado, principalmente em ano de eleições. Já pensou se um candidato a presidente ganha o cargo porque sua campanha foi baseada em fake news?
Melhor avisar aos adultos, e aos amigos dos adultos, que ninguém aqui tem mais idade para brincar de telefone sem fio, antes que seja tarde demais.
sou manobrista mas meu sonho e ser camimhpneiro uma classe tao desvalorizada
vivemos em um mundo onde o amor ao proximo nao existe devemos amar uns aos outros