Se você vive no planeta Terra, já viu essa cena: evento profissional, networking rolando solto no coffee break e aquela pessoa boa de serviço pegou um café, um pedaço de bolo e ficou ali, no canto, mexendo no celular. Ou falando com alguém que já conhecia. Ou completamente paralisada, sem fazer absolutamente nada, inclusive comer o bolo.

Todo mundo já esteve em um cenário como esse, com uma única diferença: enquanto alguns foram só o  público da cena, outros foram os protagonistas. Não conseguiram entregar um cartão de visitas, engajar uma conversa ou se sentiram extremamente paralisados diante desse tipo de interação social.

A pergunta é: de que lado você está?

A timidez é um dos fatores que mais faz com que essas cenas se repitam de maneira quase automática em todos os eventos profissionais. Recentemente a gente fez um encontro em Curitiba para falar disso e o resultado não poderia ser diferente: a plateia, formada por tímidos, estava bem… acanhada, mas não deixou de aproveitar o que a Alessandra Boldrini – nossa professora no curso Como Vencer a Timidez – falou sobre o tema.

Inclusive, um fato curioso: a equipe Profissas é, atualmente, formada por quatro pessoas. Os dois integrantes mais tímidos, que são a Vivi e o Renatinho, é que ficaram encarregados de apresentar a empresa, a palestrante e o evento no palco, pra todo mundo ver e ouvir.

Foi uma grande prova de fogo para os dois, e isso só mostra o quanto é importante falarmos cada vez mais sobre timidez e desmistificar alguns conceitos que orbitam essa palavrinha. O primeiro deles:

Existe uma diferença entre ser tímido e ser introvertido

Existem pessoas extremamente extrovertidas: conversam com todo mundo, fazem piadinhas, dão risada, falam em público sem problema, principalmente se o assunto for sério ou se tiverem domínio sobre o tema. Os introvertidos preferem não fazer nada disso: como o senso comum prega, são mais na deles, não gostam de protagonizar situações, mas, se for preciso, eles conseguem fazer isso.

Já a timidez trava completamente uma pessoa, seja ela extrovertida ou introvertida. Eu, por exemplo, sou extrovertida, mas não consigo gravar um vídeo pro YouTube se tiver audiência “ao vivo”. Consigo dar cursos e palestras numa boa, mas não sou natural se estiver em frente às câmeras com alguém me olhando.

Na faculdade de Jornalismo eu escolhia ser a repórter e apresentadora dos trabalhos de Telejornalismo justamente para tentar vencer esse medo (microbravery versão 2006. #souvelha) e essa timidez surpreendente, mas hoje em dia prefiro gravar o que quer que seja quando estou sozinha em casa.

Na vida real, vivo com um introvertido que é beeeem tímido. Ele prefere não ter interações sociais com quem não conhece, tipo um almoço, ou se sentar na mesa de um desconhecido em uma festa. Por outro lado, ele dá aulas de graduação e consegue, desde o dia 1, mostrar personalidade e impor limites na sala de aula.

Ele também não é nada tímido na hora de expor suas opiniões profissionais sobre alguma coisa, embora seja absurdamente tímido para ter a mesma postura em um ambiente mais descontraído.

Note que, nesses exemplos que eu dei de dentro da minha casa, a timidez não é um fator determinante para a carreira dos envolvidos: eu, a extrovertida, acabo fazendo meus vídeos, mesmo que seja sozinha; o introvertido dá suas aulas e expõe seu conhecimento em público sempre que é necessário.

Já parou pra pensar se a timidez limitasse essas duas figuras? Vídeos não seriam feitos, aulas não seriam dadas… a timidez pode ser tão acentuada que, em alguns casos, carreiras brilhantes podem ir para o lixo porque as pessoas não conseguem mostrar, de fato, do que são capazes.

A vida é uma festa

Uma das coisas mais legais que a Alessandra falou para distinguir extrovertidos de introvertidos é sobre a passagem de tempo durante uma festa. Digamos que ambos cheguem bem dispostos em uma festa: com o passar do tempo, é normal que o extrovertido esteja mais “soltinho”, mais feliz, porque consegue se ambientar com facilidade e se adaptar rapidamente a essa nova realidade.

Do outro lado do salão estão os introvertidos, que chegam bem dispostos mas que parecem perder a energia conforme o tempo passa. Eles querem ir embora, seja para ver Netflix, para fazer nada ou para ir para outro lugar, já que aquele estímulo da festa é maior do que ele pode suportar.

Aliás, extroversão e introversão são reflexos de personalidade que respondem a estímulos. Enquanto os extrovertidos pensam enquanto falam, os introvertidos querem falar, mas não conseguem lidar com a carga de estímulo que falar em público acarreta.

E, no mundo dos tímidos – que, vamos ser justos, estão mais no time dos introvertidos, mesmo –, é como se a carga de estímulo fosse alta o tempo todo. Como se a vida fosse uma grande festa na qual a pessoa tem medo de se expressar, se expor, conversar com pessoas, dar passos na direção de coisas que a tire da zona de conforto.

O tímido, em geral, não gosta de correr riscos – e o que mais o atrapalha é a vida ser, justamente, uma arena de riscos constantes. A pessoa tímida se sente constantemente sobrecarregada por vencer uma etapa da sua timidez e ter de enfrentar logo outra, sem nenhum tempo para respirar entre as duas.

Timidez é defeito?

Se você vai a uma entrevista de emprego e responde à pergunta “qual seu maior defeito?” com a cabeça baixa e um “sou tímido”, sinto lhe falar, mas você está errado.

Timidez não é defeito e nem doença, é simplesmente uma característica da personalidade que pode ser trabalhada, se a pessoa quiser, para diminuir os danos causados pelo medo de exposição, principalmente na sua vida profissional.

Algumas vezes a timidez pode ser um gatilho para transtornos de ansiedade e crise do pânico, mas isso não é regra. E, enquanto acontece coisas desse tipo, tentar mudar o nível de timidez é uma decisão de cada pessoa. Não é preciso se impor algo se você está feliz desse jeito, mas é aconselhável buscar maneiras de melhor se expressar se os relacionamentos pessoais ou a vida profissional estiver ruim por causa da timidez.

Uma das muitas formas que a Alessandra mostrou no nosso encontro sobre o assunto é mudando o jeito com que você encara suas “fraquezas” causadas pela timidez.

Por exemplo: um

–       Não consigo falar em público.

pode – e deve – virar um

–       Me questiono um pouco na hora de falar em público.

Dessa forma, você aceita que tem uma limitação, mas que está nas suas mãos mudá-la. Afinal, ninguém está te questionando sobre a habilidade de falar em público, a não ser você mesmo. Quando mudamos o referencial da cobrança – dos outros para nós mesmos – fica um pouco mais fácil lidar (e aceitar) com uma possível mudança de paradigma.

As vantagens de ser invisível

Os tímidos são, geralmente, ótimos ouvintes, muito empáticos e têm muita criatividade – por isso, não nos surpreende que muitos dos artistas que vemos por aí “saiam do armário” assumindo a timidez.

Pode acreditar, mas figurões como Bill Gates, Steven Spielberg, Meryl Streep, a escritora JK Rowling e o ex-presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, já confessaram ser muito, muito tímidos.

E, bem, dá só uma olhada na lista de conquistas que essa galera tem. Eles são prova viva que a timidez pode ser canalizada para as artes, a tecnologia, a retórica ou qualquer outra coisa que faça alguém se destacar como profissional, ao invés de se esconder sobre uma máscara ilusória de incapacidade.

Se você é tímido, você não é incapaz: é apenas tímido.

Você pode entregar seu cartão de visitas em um evento de trabalho, você pode tentar engajar uma conversa em uma festa. Essas situações vão te tirar da sua zona de conforto, mas vão te dar benefícios inúmeros, porque você já tem o que é preciso: você pensa antes de falar, você ouve, você se coloca no lugar do outro, você se concentra com mais facilidade do que as pessoas que saem “reagindo” a tudo por não serem nem um pouquinho tímidas.

Elas também têm o seu valor, é claro, mas isso não significa que estão acima de você em nenhum aspecto. Por isso, pode começar a tentar se impor, aos pouquinhos, para ver no que isso dá.

E se precisar de mais ajuda, mesmo que não more em Curitiba para vir nos nossos encontros Profissas, não se desespere: a Alessandra tem um curso sobre Como Vencer a Timidez em formato online, todo pensado para você.

Depois dele você vai conseguir se destacar mais e se perceber com todo o potencial que você realmente tem. Aí a gente só vai aceitar você falar que é tímido de novo se for para receber elogios… afinal, posso afirmar de cadeira, não há nada como um elogio (que sabemos ser merecido) para deixar tímido até o mais extrovertido dos mortais. 😉