Empreendo há – poucos, porém intensos – dois meses empoderando mulheres para serem mais autênticas e livres em sua carreira profissional. Os relatos que ouvimos durante as sessões de mentoria são alarmantes, com respeito ao tratamento dado às mulheres em uma reunião de trabalho, na hora de fechar um contrato ou durante um feedback “sincerão” sobre o desempenho dela na equipe que trabalha. Ao ouvir tanta coisa – interessante, chocante e ao mesmo tempo maluca – sobre o assunto, decidi escrever por aqui sobre empoderamento feminino no ambiente corporativo e sobre o porquê a gente pre.ci.sa (muito!) falar sobre isso, com confiança, respeito, e acima de tudo, urgência.
Empoderar mulheres é bom pros dois lados.
Veja: o machismo que assola as mulheres é o mesmo que assola os homens. No ambiente corporativo, vemos homens ocupando cargos super estressantes, cansativos, que eles não gostariam de desempenhar apenas para “segurar” o papel de “provedor da família”, ou de “homem bem sucedido” (um tabu muito maior no ambiente masculino do que no feminino, infelizmente). Vemos uma geração masculina que muitas vezes foi impedida de refletir e mapear seus propósitos apenas para dar conta da pressão social que recai sobre os homens quando o assunto é trabalho. Vemos recém papais sofrendo junto com recém mamães de saudades de seus filhos porque puderam ficar -míseros – vinte dias vivendo um período que necessita de uma adaptação intensa. Os homens desempregados passam por problemas sérios de auto-estima ao verem suas mulheres saindo para trabalhar e sustentar a casa…Eu poderia citar inúmeros casos aqui. A questão é que o papel majoritariamente imposto para a mulher – o de mãe exclusiva, do lar exclusiva, ou a que trabalha em um subemprego pra ajudar na renda da casa – acaba sobrecarregando o homem em muita, muita coisa. Portanto, compreender e acolher a new woman que está vindo com tudo para o mundo do trabalho é fundamental para equilibrar todo esse peso social que está nos colocando em um momento de crise, além de trazer novas skills para qualquer projeto – já pegando a cauda do cometa do próximo tópico 😉
Mais mulheres em seu time: novas skills e pontos de vista sobre o cenário da sua empresa.
Existem estudos muito sérios na Filosofia da Ciência que mostram pesquisas feitas com um mesmo objeto de estudo, por homens e mulheres. Estas pesquisas geralmente envolviam babuínos, estudos de comportamento, em geral. A questão – interessante e assustadora! – é que ao observar os animais, homens e mulheres chegaram a resultados completamente diferentes ao final de seus estudos. As pesquisas feitas por mulheres traziam um olhar mais amplo para todas as características dos animais, sobretudo no que tange a questão de gênero. Isso, por sua vez, mudou completamente o trajeto dos resultados finais. A conclusão a que se pode chegar com a ajuda destes estudos é que tivemos anos de saber científico construído com uma visão unilateral – e masculina – do mundo (isso é papo pra outro post, certamente). O que tudo isso quer dizer?
Sem assumir um ponto de vista sexista, mas observando apenas um contexto biológico e social no qual uma mulher está inserida, colocar uma mulher em um time de trabalho significa mais pontos de vista analisados quando há um problema pra resolver. Uma mulher na gestão certamente poderá trazer um olhar mais igualitário e equânime para todos os lideradxs dela em sua equipe (que empresa não deseja isso, hoje em dia?). Uma mulher mãe certamente olhará para qualquer questão de maneira prática e rápida (porque mães desenvolvem esta habilidade MUITO rapidamente depois que ganham um bebê). E aqui não estamos falando de “habilidades mágicas” que só existem em mulheres: definitivamente, não é isso. Apenas estamos falando de skills que raramente são olhadas pelo prisma feminino, e que foram desenvolvidas ao longo da vida (que é bem diferente da vida privilegiada masculina em vários aspectos, convenhamos). A gente precisou correr atrás – usando botas de sete léguas! – dessas habilidades para conseguir sobreviver na vida de mulher, mamãe, do lar, CEO de uma empresa, professora de Yoga, o que quer que seja. Dar palco para uma superwoman, deixando-a mostrar como ela desenvolveu todas essas skills é simplesmente se permitir surpreender nas próximas entregas que ela fizer nos projetos em que atua 🙂
Dar palco pras mulheres em uma empresa não é dar “direitos especiais”, é garantir direitos iguais.
Uma vez, ao apresentar a proposta da Badass Mentoria Profissional para mulheres para um CEO – homem – de uma empresa cujo posicionamento de marca era completamente feminino, ele nos deu o feedback de que estávamos criando um projeto excludente, uma vez que “privilegiávamos” as mulheres em todas as iniciativas que propomos na Badass, sendo que ele também tinha homens na equipe e etc.. Esse feedback é comum em tudo o que envolve o feminismo e posturas feministas, onde quer que seja.
A questão é que quando falamos de minorias de direito (e aí podemos incluir mulheres, negrxs, trans, pobres…), criar espaços nos quais é possível dar voz, possibilidade de diálogo e ação para estas minorias não é privilegiar ninguém, é conceder um direito que foi negado durante séculos para um grupo de pessoas. Não estamos concedendo “direitos especiais”, mas estamos garantindo direitos iguais dentro do que fazemos, direitos estes que deveriam estar à disposição de maneira equânime desde sempre, pra quem quer que fosse. É importante lembrar que o feminismo não é mostrar o quanto as mulheres são melhores do que os homens – e aí a gente coloca uma visão binária do que pode ser o feminismo – erro CRASSO, minha gente, crasso – mas trata- se de garantir igualdade de oportunidades de gênero (o que amplia ainda mais os pontos de contato e diálogo sobre o tema, percebe?). Começar a fazer isso e criar estes pontos é fundamental caso você queira ser uma empresa de destaque nos próximos anos. Nos próximos posts a gente vai dar dicas de como fazer isso em sua empresa e brilhar no mercado 🙂
Temos muitas outras questões sobre as quais podemos dialogar, e faremos isso! A gente da Badass sempre está à disposição para uma boa conversa e um café, caso queira tirar suas dúvidas sobre o assunto. Um abraço!
