Sempre que me deparo com o tema liderança, penso em experiências que tive que me fazem recordar de pessoas que tinham um estilo de liderança autoritário, outras que eram mais complacentes e outras ainda – essas bem mais raras – que atuavam como servidoras de suas equipes.
Ultimamente, muito tem se falado sobre um novo estilo de liderança, a liderança inclusiva. Mas o que é liderança inclusiva?
Liderança inclusiva é uma combinação de competências e comportamentos que não são necessariamente novos, mas que estão sendo redescobertos na sociedade pelo que estamos vivendo hoje, o chamado mundo BANI.
O mundo BANI é o acrônimo para Brittle, Anxious, Nonlinear e Incomprehensible, ou, em português: Frágil, Ansioso, Não linear e Incompreensível. Esse conceito passou a ser usado para descrever o panorama global pós-pandemia da Covid-19.
Para ajudar no entendimento desses comportamentos, destaco o estudo chamado “Os 6 Traços do Líder Inclusivo”, realizado pela Consultoria Deloitte, empresa em que atuo como diretor de consultoria em diversidade, equidade e inclusão.
“Os trabalhos desenvolvidos apontaram que a nova liderança deve enxergar além das competências tradicionais para despertar nas pessoas o entendimento de que elas são tratadas de maneira justa e que suas singularidades são levadas em consideração no processo de tomada de decisão”
E os seis traços são: Comprometimento (porque os objetivos de diversidade e inclusão se alinham com seus valores pessoais); Coragem (para desafiar o status quo e humildade para reconhecer seus pontos fortes e fraquezas); Conhecimento de seus vieses inconscientes; Curiosidade, (mente aberta e tolerância à ambiguidade); Inteligência Cultural (para aceitar diferentes perspectivas e experiências de vida) e Colaboração (para capacitar indivíduos, bem como criar e aproveitar o pensamento diverso).
A responsabilidade pelo processo de transformação comportamental e atitudinal dos atuais e futuros líderes é da pessoa que está sentada na cadeira de CEO, sem dúvida. Mas é preciso, ainda, preparar todas as demais pessoas que exercem liderança, em especial as que estão na gestão direta das equipes, para que essas operem uma mudança pessoal profunda e verdadeira de comportamento.
Os benefícios serão vistos nos indicadores de engajamento, na inovação, na redução do turn-over, no bem-estar e na saúde mental, pois as pessoas contribuirão para o atingimento do propósito organizacional porque ele se confunde com o propósito de suas vidas.
Potências Negras
No dia 30 de março, participei do Potências Negras Summit, evento realizado pela Escola Profissas e Minuto Consultoria. No encontro, dividi o espaço de fala com Lisiane Lemos, LinkedIn Top Voice e destaque da Revista Forbes, e Elisabete Scheibmayr, CEO na Uzoma Diversidade, para falar sobre liderança inclusiva.
A conversa, mediada pela idealizadora do evento, Ana Minuto, trouxe importantes reflexões sobre as transformações no mercado de trabalho e sobre como as empresas devem trabalhar suas lideranças e incluir a diversidade no espaço corporativo. Momento oportuno em que pude trazer a seguinte definição para liderança inclusiva:
“Liderança não é questão de cargo, é uma questão de comportamento. Liderança inclusiva é a capacidade de aceitar uma pessoa sem julgar e ter coragem para tomar atitudes. Liderança inclusiva é ser acessível e disponível. Quando estiver com uma pessoa, foque na pessoa e não em distrações, como o celular, por exemplo”
Liderança inclusiva – um caminho sem volta nas empresas
Se você está lendo esse artigo, a minha dica é: “empodere seu time para que ele mostre e entregue o melhor resultado no trabalho em conjunto. Para que isso aconteça, é importante e necessário não apenas ter uma equipe diversa, mas proporcionar oportunidades iguais, capacitar, desenvolver e fazer o acompanhamento dos colaboradores. Sendo assim, a empresa será composta por pessoas com competências e habilidades distintas, diversidade de pensamento, e que se complementam para a entrega de resultados expressivos”.
Tenha em mente também que ter uma empresa diversa e inclusiva não tem nada a ver com assistencialismo e nem com questões meramente sociais. A busca para que todes se sintam acolhides, tenham o mesmo espaço e capacidade de influenciar nas decisões, proporciona impacto direto nos resultados financeiros da empresa.
O fato é que liderança inclusiva é um futuro inadiável nas empresas. Nesse sentido, ela é fundamental para que as empresas sejam humanizadas, trazendo reflexos positivos para a equipe e, consequentemente, para os negócios.
