Vida

O esporte vai mudar (e salvar) sua vida

Hoje, 19 de fevereiro, é dia do esportista.

Você pode – e deve – desejar felicidades a seus ídolos dos esportes, sejam eles o Neymar, a Hortência, o Michael Phelps ou a Daiane dos Santos. Eles estão, mesmo, de parabéns.

Mas queremos usar essa data para te lembrar da existência de um esportista que talvez ande meio esquecidinho enquanto você vai a um estádio ou assiste ao Super Bowl: você.

Sim, você mesmo. Se você faz atividades físicas frequentemente, esse texto é pra você. E se você ainda não faz, esse texto é especialmente para você. É bom ler com atenção.

Por que? Porque você tem um corpo.

A Nike um dia já teve uma um slogan muito legal – e não encontrei nenhum vídeo decente para te provar isso – que dizia: “se você tem um corpo, você é um atleta”. E, apesar de ser #teamAdidas, tive que concordar com os americanos nessa.

descrição do slogan nike se você tem um corpo você é um atletaSe suas células ainda se movem, se você ainda respira, reflete, conecta pensamentos e consegue mexer qualquer coisa, nem que seja os cílios, você é um atleta. E não precisa esperar ano olímpico ou ver os jogos paraolímpicos para se provar que isso é verdade. Talvez você possa descobrir agora mesmo, no dia do esportista, que você também é um atleta, ainda que seja um atleta na pele de um sedentário. 😉

Um testemunho de fé

Se você já lê o blog da Profissas há algum tempo, deve ter se acostumado com meus textos terem sempre uma historinha que os acompanha. Mal de quem gosta de escrever: a gente também curte bem contar uma história. Por aqui eu comecei quando contei da virada econômica da minha vida, lembra?

Então, de novo, cá estou eu, dessa vez para contar como descobri que era uma esportista e, portanto, mereço os parabéns no dia de hoje.

Ou melhor: como descobri que eu vivia em um sedentarismo perigoso…

O ano é 2015. O país é o Chile. Minha idade era 28 anos. A atividade é um hiking, que nada mais é do que uma trilha… montanha acima. A hora de partir era 7h da manhã, então acordei bem cedo, vesti uma roupa confortável, um tênis adequado, separei um lanchinho e cheguei linda e plena aos pés da montanha para desbravá-la.

No meio do caminho eu vi que não tinha mais ar e nem uma gotinha de energia para continuar a subida. “Talvez essa trilha seja realmente difícil”, eu pensei, até que vi um amigo alemão, de 45 anos, fumante – e fazendo paradas estratégicas no meio da montanha para fumar (politicamente incorreto em vários níveis) –, subir a montanha inteira, enquanto eu fiquei pelas tabelas.

essa sou eu momentos antes de escalar a fatídica montanha. ;p

 

Quando voltei pra casa, naquele dia, minha primeira reação foi mandar uma mensagem para uma amiga educadora física pedindo pra marcar um horário de avaliação física na academia em que ela trabalhava.

Passei um tempão sem ver que eu estava indo por um caminho muito perigoso, que é o do sobrepeso somado à falta de condicionamento físico. Queria emagrecer, subir montanhas, ter energia, talvez não naquele ano, mas em todos os outros anos da vida.

A mensagem enviada naquele domingo de abril de 2015 foi uma das coisas mais importantes que fiz na vida. Quando voltei ao Brasil, em maio, me inscrevi na academia, contratei personal, passei a ir na nutricionista e, para o bem ou para o mal, estou vivinha da silva.

Hoje, três anos e menos doze quilos depois, consigo subir escadas de maneira plena, levantar pesos que nunca sonhei, enrijecer músculos que eu nem sabia que existia, ter uma estima mais saudável pelo meu corpo, ver um longo futuro pela frente… e trabalhar bem.

Sim: trabalhar. Quem ainda não tem a vida ganha e precisa trabalhar pra viver deve, necessariamente, cuidar bem da sua saúde e do seu corpo, pois essas são as ferramentas mais importantes para a manutenção da capacidade de pensamento e execução.

E o melhor: você não precisa ser um atleta olímpico para ter como contrapartida esses e outros benefícios mais, fora as inúmeras lições de vida. Qualquer atividade física, olímpica ou não (tirando LoL, é claro), já vai te trazer resultados muito positivos.

Pode acreditar nesse testemunho de fé, porque ele é ainda mais verdadeiro na prática do que na teoria.

O que o esporte pode mudar na sua vida

Pra não dizer “tudo”, o que seria verdade, mas acabaria muito rapidamente com a discussão, vou listar aqui os principais benefícios profissionais e humanos que o esporte vai trazer para sua vida a partir do momento em que você começa a praticá-lo:

#1 Senso de Disciplina

Se você quer fazer uma caminhadinha no parque ou ganhar uma medalha olímpica em Tóquio nas próximas Olimpíadas, não interessa: você só vai conseguir cumprir com esses objetivos se tiver disciplina.

O esporte, qualquer que seja, exige comprometimento. Não é ele quem tem que se adaptar a você, e sim você a ele. Então pode, mesmo, parar de reclamar por acordar cedo e ter que ir pra academia, porque essa é a rotina de quem quer superar seus próprios limites.

Pode começar a fazer a Bela Gil e trocar a pizza de todo dia por uma saladinha com proteína, pois se o corpo não estiver preparado para aguentar o tranco do esforço, alguma coisa vai dar errado em algum ponto da sua trajetória. E comer bem também exige disciplina (eu que o diga…).

Em tempos como o que vivemos, em que tudo é muito volátil e “fácil demais”, vale lembrar que não tem milagre nem pra musa fitness: se não houver ralação, não tem resultado. Esse mantra esportivo serve pra vida.

#2 Habilidade para trabalhar em equipe

Muitos esportes que conhecemos e podemos praticar na nossa cidade são coletivos: da pelada de quarta-feira às aulas de zumba na academia, somos vários corpinhos atuando separadamente para que o todo possa dar um resultado positivo.

seleção brasileira de vôlei se abraça
Só a galera do vôlei deixando o Bernardinho rico de dar palestra sobre liderança.

 

No caso específico de esportes que exijam “times”, como futebol, vôlei e basquete, ou até mesmo tênis em duplas, é preciso entender que a equipe deve ter sinergia para que o time vença a partida ou o campeonato inteiro. Não adianta achar que, sozinho, você vai resolver a parada: se você tem dez coleguinhas ali dividindo a camisa com você, não é porque o técnico não quer te sobrecarregar, e sim porque você precisa dessas pessoas.

E precisa entender o papel de cada uma delas – e o seu próprio – no alcance das metas.

Esportes coletivos dão uma boa noção de trabalho em equipe, de assumir responsabilidades e de liderar, sempre que for possível. Essas habilidades são tão requisitadas no mercado de trabalho quanto o conhecimento técnico.

#3 Respeito às individualidades

É praticando um esporte que você vai entender quais são os seus limites e os limites do próximo. Até onde você pode ir, em uma modalidade individual, ou até onde pode exigir determinadas coisas de um colega de time.

Respeitar as individualidades e praticar a empatia são regras de ouro dos esportes, e não é à toa que em todo jogo olímpico você vê os atletas se cumprimentando ao início e ao final das partidas. É preciso que você tenha humildade para entender que, ganhando ou perdendo, você está lidando com uma outra pessoa que tem medos, sonhos, aflições, habilidades… assim como você.

O fair-play, às vezes, serve pra nós mesmos: quando nos esquecemos de que somos seres humanos, e não máquinas, o esporte nos relembra que podemos aceitar nossos limites, escolher ou não superá-los e continuar, ou não, seguindo em frente.

Não preciso nem fazer o sermão sobre o quanto o mundo precisa aceitar o diferente, pois acho que as redes sociais já deixam isso bem claro.

#4 Ânsia pela Superação

rafaela silva com medalha de ouro
Rafaela Silva deu uma aula de superação, capacidade técnica e maravilhosidade no Rio 2016. Goku aplaude de pé.

 

Um dos meus desenhos preferidos da vida é Dragon Ball, por vários motivos. Mas um que me chama muito a atenção é a força de vontade dos personagens, a constante necessidade que eles têm de se superar e de buscar a primeira colocação em tudo que fazem.

Às vezes acho que assisto Dragon Ball só pra ter bons exemplos e seguir direitinho a dieta. #brinks

E, se você não sabe do que se trata, o resumo é esse aqui: Dragon Ball é a história do Goku, um ~alienígena~ (pra simplificar) que luta demais, encontrando adversários extremamente poderosos e tentando superar cada um deles. O mangá e o anime são baseados em artes marciais e inspiradíssimos no mestre de kung fu Bruce Lee, que, veja só, era super disciplinado, sabia trabalhar em equipe, sabia liderar, respeitava os oponentes, respeitava a si próprio e queria sempre se superar.

É, basicamente, a mesmíssima receita de todo atleta, olímpico ou não, que surpreende o mundo o suficiente para dar uma entrevista. E é também a mesma receita de todos os milhares de atletas que jamais ficarão famosos, mas que não vivem para isso, e sim para se superar.

Lição do dia: o esporte foi feito para que você conheça mais de si mesmo e não se contente “apenas” com isso. Ele vai te fazer querer mais. E, no ápice da sua vontade, assista Dragon Ball, porque é inspirador. #beijosAkiraToriyamaMeContrata

#5 Amor a si próprio

Sabe aquela ladainha de que você vai querer se superar sempre que tiver um resultado porque vai se sentir tão bem com o alcance da meta que vai querer dobrar a meta? É a mais pura verdade.

Nada diz mais sobre amar a si próprio do que a prática de atividades físicas, e nem é porque você fica com o “shape dos sonhos”. Às vezes isso nem acontece, ou demora muito! Mas só de se alimentar melhor, de subir uma escada que você antes não conseguia, de terminar uma corrida de 10km, coisa que você não pensava ser possível… bicho, só estando na sua pele pra saber o quanto isso significa.

Autoestima vai lá em cima, o corpo são inspira sua mente a ser sã – e, cá pra nós, até o desempenho na intimidade melhora, já que amar a si próprio é um boost e tanto para a libido (e a mulherada sabe bem do que eu tô falando!).

Se você prefere uma vida sedentária ao amor à sua vida, eu só lamento.

Não espere

Assino uma penca de revistas e uma coisa que eu sempre vejo é fulaninho dar entrevista após descobrir uma doença grave e falar: “descobri com o diagnóstico o quanto eu amo a vida e preciso respeitar meu corpo”.

Se eu posso deixar qualquer conselho com esse texto, no dia do esportista, o conselho é: não espere. Não espere um diagnóstico adverso. Não espere a descoberta de um desconforto. Não espere não subir a montanha. Não espere uma sentença de morte.

Não espere.

Viva a vida agora, aproveite que você tem energia agora e vá para a academia agora mesmo. Faça uma consulta nutricional agora, peça dicas a um professor de educação física agora, se matricule do vôlei do condomínio agora.

Antes do agora, é claro, faça um check-up médico! Dependendo do seu nível de sedentarismo e da sua composição corporal, é melhor começar aos poucos… mas que o primeiro passo seja sempre dado agora.

Não perca tempo, não se ache incapaz, não pense demais no que você não consegue hoje, e sim naquilo que você vai conseguir, com a atividade física, a partir de agora.

Afinal, se você tem um corpo, você é um atleta. E se você leu esse texto é porque tem um olho, que fica em um corpo, que provavelmente tem mais potencial do que você imagina. Então não vejo nenhuma desculpa para que você postergue a salvação da sua vida para um outro dia.

Não há tempo melhor do que o presente para receber votos de feliz dia do esportista. 😉

foto em preto e branco de um par de tênis de corrida
“O que você vai fazer na manhã do seu aniversário, que caiu justamente em um sábado, Laís Menini?” “A mesma coisa que tentamos fazer todos os dias”, eu te respondo: “tentar dominar o mundo”.
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