Você já ouviu falar em Quiet Quiting? Ele surgiu no Tik Tok e gerou uma baita discussão na maior rede profissional do mundo: o LinkedIn.
O movimento pode até ser comparado a um ato de rebeldia, mas coloca em pauta a relação entre colaborador, empresa e a saúde mental.
O fato é que a pandemia trouxe uma série de reflexões, inclusive sobre o lugar que o trabalho deve ocupar na vida das pessoas. Em outras palavras, o óbvio foi percebido: ele não deve ser mais importante que o bem-estar de cada profissional.
O que é Quiet Quiting
Quiet Quiting ou, em tradução literal, demissão silenciosa, é um movimento surgido no pós-pandemia. Nesse período, algo diferente do habitual aconteceu: o trabalho passou a ter que se encaixar na vida de cada colaborador e não o contrário.
Protagonizado principalmente pelos jovens da Geração Z, mas com tendência a impactar todo o mercado de trabalho, a mensagem principal é sobre a vida ser muito mais do que um emprego.
Ou seja, a vida está bem além das metas inalcançáveis, das horas extras e das atividades intermináveis. É a vida pessoal que ultrapassa os muros da empresa: seus projetos não podem (ou querem) esperar a aposentadoria.
De modo geral, é incontestável que as cobranças dentro do ambiente corporativo costumam ultrapassar o horário legal de trabalho. A consequência disso é um profissional que precisa se esforçar além do limite, seja para obter uma promoção, um aumento ou o reconhecimento pelos resultados alcançados.
Toda essa sobrecarga laboral é responsável por acarretar diversas doenças mentais. Depressão, ansiedade e Síndrome de Burnout (patologia que leva à exaustão extrema e esgotamento físico), são algumas delas.
Por conta disso, muitos desligamentos vêm acontecendo em todo o mundo. Nos Estados Unidos, o número de pessoas que pediram demissão no primeiro semestre de 2022 chegou a 4,5 milhões.
No Brasil, o movimento vem crescendo. De acordo com o CAGED (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), mais de 600 mil trabalhadores já aderiram ao quiet quiting.
Os adeptos ao quiet quiting norteiam-se sob a máxima de fazer o mínimo necessário para garantir a empregabilidade e, a partir disso, estabelecer limites saudáveis no ambiente corporativo.
Diante desse novo cenário, o mercado se vê em uma posição em que é preciso mudar as estratégias para manter a estabilidade do capital humano. E com urgência!
Impacto da demissão silenciosa no mercado de trabalho
Para além da ideia de pedir as contas, a demissão silenciosa opta por eliminar os excedentes laborais, como horas extras ou aumento da produtividade. Tudo isso por causa de aspectos que já conhecemos, como as más condições de trabalho, o comportamento dos gestores e a desmotivação financeira.
Contudo, esse é o tipo de situação em que todos perdem. Afinal, as empresas precisam de bons colaboradores para gerir seus processos e alcançar bons resultados.
Da mesma maneira, os funcionários precisam de motivação para serem capazes de melhorar a criatividade e buscar novas soluções para os projetos corporativos.
Apesar do nome que indica uma demissão silenciosa, a demissão, em si, não é o objetivo do movimento. O que os colaboradores realmente querem é se sentir pertencentes e respeitados no local de trabalho.
Como evitar a demissão silenciosa
Um estudo publicado pela Pulses em 2021, revela que uma cultura inclusiva é capaz de impactar diretamente a percepção do trabalhador em relação à empresa.
E, claro, nem tudo está perdido. Existem ações que podem ser realizadas pela empresa, que irão auxiliá-la no processo de evitar que seus colaboradores se tornem adeptos do movimento. Ou mesmo para reverter a situação. Confira a seguir:
Contratação de talentos diversos
Uma cultura inclusiva e diversa constrói equipes fortes que se adaptam às mais diversas circunstâncias. O resultado disso é o maior engajamento e um processo contínuo de aprendizado para a empresa e seus colaboradores.
É também preciso entender que os benefícios de uma relação saudável de trabalho não é ocasionada por ações isoladas. Por isso a necessidade de pensar e adotar políticas e valores mais alinhados com o novo cenário, que está sempre em transformação.
Assim, a contratação de talentos diversos contribui diretamente para o desenvolvimento do negócio. Isso porque ela é capaz de encorajar as pessoas a compartilharem ideias e experiências, dando outro significado ao ambiente de trabalho.
Valorização das pessoas
Um dos motivos para as pessoas aderirem ao movimento quiet quiting é a falta de valorização do seu trabalho. Muitas vezes, o funcionário passa anos fazendo a mesma coisa, sem ter sequer uma oportunidade de mudar de função, receber uma promoção ou um enquadramento salarial.
Por isso, é essencial que os líderes estejam atentos aos seus colaboradores, percebendo seus pontos fortes e de melhoria, para que eles possam se desenvolver e, consequentemente, gerar valor para o negócio.
Flexibilidade de horários
A pandemia provou que é possível manter a qualidade do trabalho no sistema home office ou híbrido. Manter os horários flexíveis ajuda o colaborador a ter uma vida fora da empresa, sem que isso signifique um desengajamento com os valores da organização.
Assim, se o funcionário já finalizou as demandas do dia, sem pendências, por exemplo, ele pode ser liberado para focar nos seus compromissos pessoais.
Estabeleça um limite de trabalho
É importante que a empresa incentive um limite entre trabalho e vida pessoal, já que isso ajuda a evitar o esgotamento.
Devido ao excesso de atividades, o funcionário acaba ficando além do horário, inclusive nos fins de semana.
Por essa razão, é indispensável que sejam previstos limites e consequências para quem desrespeitar a carga horária, por exemplo. Isso visa a estabelecer uma cultura de reconhecimento, acolhimento e de respeito à saúde mental das pessoas.
A demissão silenciosa é um sintoma de uma cultura organizacional que visa apenas resultados e não as pessoas. Por isso a importância de buscar novas estratégias, desenvolver pessoas e estar sempre atualizado sobre o que acontece no mercado de trabalho.
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